quarta-feira, 14 de maio de 2014

Kyou, Koi wo Hajimemasu

Ok, esse post é mais tipo um "rant post" do que qualquer outra coisa. Céus, não entendo como diabos Kyou, Koi wo Hajimemasu é tão popular. No Japão, foi popular o suficiente para ganhar um perfume inspirado na série! Esse trabalho de Minami Kanan é o típico shoujo, com tudo que eu odeio em um interesse romântico.

A protagonista da história é a Tsubaki Hibino. Ela é uma menina inteligente e séria, mas que acabou indo estudar em uma escola não tão renomada. Apesar de gostar de fazer penteados na irmã mais nova, Tsubaki é bem desligada com a própria aparência. Ela usa seu cabelo em tranças e uma saia comprida, sendo que seus colegas passam a chamá-la de "Menina do período Showa" (i.e antiquada). Ela fica especialmente chocada por um cara de cabelos compridos e com a maior cara de playboy ter tirado uma nota melhor que ela no exame de entrada nessa escola. O cara se chama Tsubaki Kyouta e senta ao lado dela na aula. Ele pede uma lapiseira emprestada e, quando ela lhe alcança um lápis, ele resolve tirar sarro dela por ser tão antiquada. Nisso, a Hibino, sem pensar, pega uma tesoura e corta o cabelo dele, dizendo que é deprimente. Kyouta fica furioso e diz que ela tem que pagar com seu "corpo", o que Hibino entende por "ajeitar o cabelo dele". O cara conclui, então, que Hibino é interessante e que ele vai fazê-la ser "sua mulher".

Pessoas, como podem gostar desse troço? Eu sinto saudades da Maria de Akuma to Love Song e de outras protagonistas fortes que teriam discutido e colocado um idiota desses no seu lugar. A Hibino, apesar de ter enfrentado o cara por 2 segundos, logo volta a ser um capacho com a autoestima do tamanho de um grão de areia ("claro que ele não me ama, ninguém iria me amar"). Ela não é o pior da história, apesar disso. Ela se esforça, quer fazer amigos (apesar de no início não estar muito motivada pela escola nova), se interessa por outras coisas além de arranjar um namorado... Há vários aspectos divertidos na composição da Hibino como personagem. Fiquei feliz que os conflitos dela na escola se resolveram relativamente rápido, porque acho que eu teria cansado da história antes se eles tivessem se estendido muito. Eu não cheguei ao final do mangá, mas vi comentários dizendo que Hibino vai seguir seu sonho de ser cabeleireira e se esforça para isso, o que eu acho legal.

Aí vem o babaca da história, quer dizer, interesse amoroso. Cara, ele é um imbecil de marca maior. Fazia tempo que eu não sentia tanta raiva de um cara de mangá shoujo. Kyouta, além de ser um playboy idiota desde o início, agride a Hibino verbalmente, sexualmente e fisicamente (ele puxando ela pelas tranças, que horror!). Ele contribui para que ela seja excluída da turma e só a ajuda quando ela concorda em sair com ele. E quando a Hibino mostra reações esperadas de desgosto por ele, em função de tudo que ele aprontou, o que ele faz? Se desculpa, promete que vai mudar e passa a ser uma pessoa melhor? Não! Vai se agarrar com uma veterana numa sala e ainda age com um babaca quando a Hibino vê a cena. Pra completar, ao invés de se esforçar para mostrar que realmente gosta dela, ele DESISTE. Algumas resenhas dizem que a autora foi retratando-o de uma forma mais simpática aos poucos, apresentando a backstory, os conflitos internos e o mimimi todo. Parece que o tio Freud não tá tão errado assim: todo o problema do Kyouta tem origens no seu relacionamento com a mãe, pois ele a considera como uma traidora. Infelizmente, a atitude dele nos primeiros volumes é simplesmente insuportável e eu não vou pagar para ver esse crescimento pessoal dele.

O pior é que apesar do Kyouta ser um cara horrível, a Hibino cai nesse tipo de coisa! Ele diz "a Tsubaki pode não ser tão boa quanto eu, mas ela tirou segundo lugar, então acho que ela pode te ajudar". Se eu fosse ela (ou se esse mangá tivesse a Maria como protagonista), ficaria mordido pra cacete por esse BABACA ter dito que é melhor do que eu. Mas a Tsubaki...? Ela fica vermelha e pensa "oh, ele se importa comigo porque viu que eu tirei segundo lugar!". ARRRGH. Lógica de mangá shoujo. Outro ponto que me irritou foi a irmã da Hibino, a Sakura. É a típica adolescente, mas de um jeito irritante e chato. Lá pelas tantas, a Hibino descobre que uma amiga estava só a usando. Coitada da Hibino. Nada se salva na vida dela, heim? Não aguentei ler esse troço. Minha meta era ler pelo menos metade, mas chegando no quarto volume, eu desisti. Dizem que o final é bom, eu até dei uma espiada nos últimos dois capítulos e, realmente, a arte melhora, os personagens parecem ter crescido e o final foi bonitinho, mas não é suficiente para me fazer continuar lendo.

  

A arte é agradável. Típica arte de shoujo. É bonita, mas não tem nada demais. Existem alguns momentos que eram para ser cômicos, mas não os achei particularmente engraçados. Lá pelas tantas, eu estava tão de má vontade em ler esse troço que fui ler resenhas e spoilers para ver se havia algo que me motivasse a ler. Achei num fórum um tópico comentando várias das reclamações que eu escrevi lá em cima e uma menina comentou: "ai, gente, o Ryouta nem é tão ruim assim... ele nem estuprou a Hibino". COMO ASSIM. Só porque ele não é um criminoso não significa que ele não seja uma má pessoa e um completo sacana. Estou atribuindo uma nota "2" só em função da arte, porque esse mangá merece até menos que isso na minha opinião. 
Nota (para eu mesmo do futuro): JAMAIS tente ler esse mangá de novo. Você tentou duas vezes e detestou as duas. Deixa esse troço pra lá e vá ler outro shoujo melhor;

Eu geralmente não comento scanlations pelo seguinte motivo: é um trabalho amador, de fãs para fãs, feito só pelo prazer de fazer algo para os outros. Então, eu acho que não devemos ser mal agradecidos e ficar por aí criticando o trabalho que foi feito na maior das boas vontades. Com isso dito... Alguns capítulos desse mangá são difíceis de ler pela baixa qualidade das scans, uma tradução beeem fraquinha, e uma edição não muito boa. Em inglês, pelo menos. Vários grupos trabalharam nesse mangá, ao ponto que me deixa com preguiça de listar todos.

2 comentários:

  1. AFFFFFFFFFFFF

    Passando longe deste titulo...

    Odeio, odeio, odeio, personagens que fazem os outros de capacho, humilham e depois vem dizer que é por amor...isso não é amor não. É doença gente...

    "ai, gente, o Ryouta nem é tão ruim assim... ele nem estuprou a Hibino". COMO ASSIM." (????????)

    Olha Faust, eu acho que tem gente que não tem muita noção de realidade, maturidade, então para elas é muito banal dizer - ele nem estuprou - logo não é ruim.

    O pior é que essa insensibilidade é a mesma que leva alguns ao longo do tempo a falar: "ah, mas se foi estuprada foi por culpa dela, é uma vadia, olha a roupa que estava usando" - culpabilização da vítima.

    Triste. Mas espero que os anos de vida tragam esclarecimento a essa pessoa. Eu acho que muita gente confunde abuso com erotismo, pelo menos é a sensação que tenho...principalmente no caso de pessoas mais novas.

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  2. Esse é um dos poucos que eu realmente recomendo que passe longe! >_<

    Concordo contigo! Simplesmente não consigo entender o apelo desses personagens abusivos.
    Acho que o estupro é uma violência horrível cometida contra um indivíduo e deixa sequelas terríveis. Por isso, eu fico chocado quando vejo algo assim banalizado desse jeito. Vi uma vez no Facebook umas pessoas dizendo que um certo personagem era "estuprável". Essa banalização também está relacionada a banalização que a própria mídia faz (através de filmes, música, novela... e, é claro, mangá). Assim, as pessoas ficam menos sensíveis à gravidade da violência sexual e acabam tendo pensamentos desses. :/

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