segunda-feira, 31 de março de 2014

Ochiru Seija no Seppun

Outro mangá que eu descobri através de algumas imagens no tumblr. Era uma cena bem explícita, então eu pensei "sobre o que será que esse mangá é?" e baixei Ochiru Seija no Seppun. A autora já é uma velha conhecida, Higashino Yuu, porque um dos mangás dela recebeu o título "Gay's Anatomy" em inglês, o que me rendeu muitas gargalhadas.

Antes de ler esse mangá, responda mentalmente às seguintes perguntas: 1) Você gosta de BDSM, sadomasoquismo, bondage e coisas do tipo?; 2) Você não se importa se os personagens não tiverem nenhuma personalidade?; 3) Você gosta de personagens abusivos que humilham constantemente os parceiros?; e 4) Você só quer ver cenas de sexo num mangá e nada mais?

Se respondeu sim a todas as perguntas... Parabéns! Esse mangá é perfeito para você! Se não, clique na tag "Junko" ali do lado e vá ler uma coisa boa.

Na primeira história, um aluno, Tokiwa, vê um cara molestando seu professor no trem e o professor goza. Ignorando que é uma resposta puramente fisiológica, Tokiwa deduz que seu professor é uma vadia e o transforma em seu brinquedo sexual, usando e abusando de Okano-sensei. Na segunda, um amigo de Tokiwa, Nishio, vê outro aluno super-tímido, Yoshino, espiando Tokiwa transando com Okano-sensei na escola. Ele, então, passa a abusar de Yoshino por ele ser um pervertido que espia os outros transando e tal. Na última, Haru foi vítima de abuso sexual no passado e odeia homossexuais por isso. Ele decide que seu professor Yamada é um homossexual e começa a assediá-lo por isso (jogando camisinhas usadas nele, xingando-o, etc.). Até que o professor enche o saco e diz que seu passatempo favorito é "quebrar" o ego de meninos bonitinhos e arrogantes como Haru.

Esse mangá NÃO foi feito para ter enredo. Foi feito para ser uma história pornográfica, cheia de sexo "kinky", com elementos de BDSM... Não é para ser levado a sério ou para o leitor que vem ler esse mangá estar pensando num enredo maior ou em personagens que se desenvolvem ao longo dos capítulos. O único ponto que realmente me incomodou foi a terceira história. Eu mencionei bem rapidamente que Haru foi vítima de abuso sexual e, por isso, odeia homossexuais, porque foi exatamente assim que a autora tratou a questão. "Haru foi abusado. Odeia homossexuais. Identifica o sensei como sendo homossexual. Faz "bullying" contra ele. Sensei resolve dar o troco. Abusa de Haru. Haru se vê vinculado ao sensei e todas suas questões psicológicas, envolvidas no trauma gravíssimo que ele passou por ter sido abusado na primeira vez e mesmo depois pelo sensei, somem. Final feliz". Quando você escolhe lidar com um tema sério, espera-se que você pelo menos consiga abordá-lo direito. Infelizmente, isso quase nunca ocorre em mangás yaoi. Muito menos nesse. Como eu disse e repeti ao longo desse post: foi feito só pelo sexo, os cenários, as histórias e os personagens não podiam importar menos.

  

Eu não estava esperando altos enredos vindo dessa autora, mas eu me surpreendi porque esse mangá é SÓ uma sucessão de cenas de sexo. E a maior parte delas nem é tão sexy assim... Sei lá, em geral os mangás yaoi conseguem criar um "setting", um "clima" e as cenas de sexo ficam sexy por se encaixarem na sensação dada ao leitor. Não sei se me fiz entender, mas é essa a sensação que eu tenho. Ochiru Seija no Seppun acabou não sendo muito diferente de qualquer doujinshi hentai que tem por aí, pra mim. Eu vou dar uma nota "4", mas, como eu disse, pessoas que são fãs de BDSM pode ser que gostem mais do que eu. Ah, é. E a arte? A arte é ok. Agradável. Eficiente. Mas só.

A tradução em inglês foi feita em parte pelo Fantasy Shrine e finalizada pelo Nakama.

sexta-feira, 28 de março de 2014

Gaysome!

É uma web comic bastante conhecida por aí, sendo escrita por David (Dong Saeng) e publicada no blog dele. Há muita gente que gosta, mas também há muitos opositores pelos mais diversos motivos. Gaysome! é uma web comic com momentos engraçados, bem como momentos em que realiza algumas críticas à nossa sociedade.

Não existe um enredo maior, apesar de alguns personagens aparecerem em mais de uma tirinha. São apenas charges, comumente com quatro quadrinhos, apresentando alguma situação referente a ser gay, com personagens gays ou se referindo à comunidade gay de uma forma geral. Muitas vezes há algumas cenas mais explicitas, mas é tratado de uma forma tão casual que nem incomoda. O autor refere que algumas situações retratadas por ele são autobiográficas, outras aconteceram com conhecidos e outras foram inventadas por ele. E, realmente, essa web comic é bastante verossímil.

Apesar disso, enfrenta várias críticas por estar perpetuando e glorificando estereótipos. Não sei se sou só eu, mas os estereótipos não me incomodaram muito, por me parecer que web comic pretende satirizar a realidade. Na real, a própria história já comentou a existência de estereótipos e criticou seu uso, também falando da representação de pessoas homossexuais na mídia... Algumas vezes, as tirinhas também debocham dos pensamentos, atitudes e comentários que a grande mídia e a população em geral faz sobre ser gay e, assim, a história coloca o leitor para refletir um momento, em meio as risadas.

Eu adoro quando essa comic retrata situações que, muitas vezes, são romantizadas ao extremo nos mangás yaoi, trazendo comentários sobre o que é a realidade nesses casos. Há situações sobre sexo casual, sobre relacionamentos duradouros, sobre a relação com a família, sobre o ativismo LGBTTT (não sei se acertei a sigla ou faltou um "T"), sobre intimidade, sobre... Enfim, muitos assuntos! Apesar de o cenário retratar, como eu disse, personagens gays, é muito fácil de se identificar com algumas situações trazidas.

 

De um modo geral, muitas situações ao longo da história são um tapa de luva na cara de alguns autores que há por aí. Eu acho a arte muito bonita e divertida, sendo que o autor retrata personagens com aparências, etnias, estilos diversos. Vou dar uma nota "9" para essa web comic

Essa web comic é originalmente publicada em espanhol no blog, tendo também uma versão em inglês e uma em português.

quarta-feira, 26 de março de 2014

Konna Otoko ni Dare ga Shita

"Tinha que ser um mangá da Kano Shiuko, tinha!", foi o que eu pensei quando vi uma imagem desse mangá no tumblr... Uma imagem pervertida pacas. Eu gosto dos mangás dela, mas eu resisti muito a ler Konna Otoko ni Dare ga Shita, porque tem várias coisas que eu não gosto aqui. Bem, vamos ver se a autora me faz mudar de idéia!

É uma coleção de oneshots e a primeira dá nome ao mangá. Acho que teria me interessado mais se eu tivesse lido a história que deu origem a essa em outro mangá da autora. Shinpei é um professor do ensino fundamental que vai visitar a casa de um aluno seu, Masaru, para falar com a mãe dele. Lá, entretanto, ele encontra um ex-colega do ensino médio, Hojime, transando com uma mulher aleatória. No fim, descobre que Hojime é o cara que veio cobrar uma grande dívida da mãe de Masaru e que fica por lá esperando ela aparecer... E cuidando de Masaru no meio tempo. Ele e Shinpei tiveram um relacionamento no ensino médio, que acabou quando a família de Hojime fugiu em função de uma dívida. 

Na segunda, um vendedor de produtos farmacêuticos, Yuuki, bate na casa de um médico que está doente e compra remédios, em troca de favores sexuais vindos de Yuuki. A partir daí, sexo, sexo, sexo. Eu achei que a história ia acabar quando... BOOM! Plot twist. Yuuki e Nakama se conheciam do passado. O desenvolvimento da história foi surpreendente, mas eu não curti muito as páginas finais.

A próxima é a melhor das quatro, na minha opinião. Um cara normal que tinha um futuro promissor na empresa é demitido, é largado pela noiva, tem de vender tudo que tem e ainda perde o que restou jogando pachinko (um jogo de azar japonês), encontra um universitário que é um golpista. Ele chantageia homens gays por dinheiro, filmando encontros íntimos para extorquir dinheiro. Assim, Kawai se torna parceiro de Asou nos golpes, pensando em usar a oportunidade para se vingar de um colega de trabalho. A premissa, como dá para ver, é bastante original e interessante, sendo que os dois protagonistas são bem-escritos.

Por fim, vem a história das imagens que eu vi no tumblr. Um estudante que odeia a sociedade, Masaki, ao sair da aula de natação vê que suas roupas foram roubadas. Ele fica por lá até ser encontrado por Sawada Kouhei, o professor de matemática. O professor salva ele, os dois se apaixonam, ficam na boa e vivem felizes para sempre...? Não. O professor sequestra Masaki, o mantém em cativeiro em seu apartamento, abusa sexualmente e verbalmente dele, e frequentemente comenta sobre se matar e/ou matar Masaki. Depois de um tempo, Masaki entra tão fundo na Síndrome de Estocolmo que não consegue fugir ou matar o cara. Wow, que história perturbadora. Não tão perturbadora quanto as que são "sexo = amor", mas muito perturbadora.

  

Eu li por aí que a tradução para o inglês está muito ruim e isso é perceptível na história. Os diálogos nas cenas de sexo são risíveis e muita coisa fica super no ar. Claro, pode ser que a autora tenha chutado o balde também, porque há muitos comentários misóginos e homofóbicos ("nós, gays, somos vulgares" e aí por diante)... A arte é fantástica, padrão Kano Shiuko, e as cenas explícitas são muito bem feitas. Vou dar uma nota "8", porque senti que as histórias foram todas bem feitas e interessantes, sobretudo a primeira e a terceira. A segunda foi estranha e a última... Bem, vou tentá-la tirar da cabeça por hoje.

Pode ser encontrado em inglês, algumas veze sob o título que seu scanlator, Nakama, lhe deu: Who Made Him Such a Man. Em vez de "such", eu li "suck" de primeira e estava quase dando um prêmio por esse título. Pena que li errado; era um título fantástico.

segunda-feira, 24 de março de 2014

Nichijousahan Bi - Beautiful Life

Se estivesse aqui brincando de resenhar mangás com uma única palavra, eu tinha uma perfeita para Nichijousahan Bi: vago. Sério, em termos de "ações" poquissima coisa acontece, sendo assim, é um mangá bem mais voltado para os sentimentos. Mas nesse âmbito o que acontece não é dito e o que é dito é falado de uma forma superficial e misteriosa, só confundindo o leitor. Se esse era seu objetivo, Moto Haruko, parabéns!

Nessa história, Fumichi trabalha em um bar frequentado, digamos, por um público não muito simpático. Vários clientes são violentos, usam drogas e não perdem uma oportunidade para abusar fisicamente e sexualmente de Fumichi. Em uma ocasião, ele, para completar sua situação, é largado no meio do lixo do lugar... Para ser resgatado pelo dono de um restaurante próximo dali, Sazawa, e a filha bebê dele, Iyo. Sazawa, que é um cara muito legal e gentil, oferece um emprego, banho, comida e um lugar para ficar para Fumichi. Aparentemente (digo "aparentemente", porque tudo nesse mangá é vago pra caramba e não fica bem explicado), Fumichi tem um histórico de abandono, tendo perdido os pais de alguma forma, e tem dificuldades em aceitar a gentileza de Sazawa.

Como eu disse, esse mangá foi construído para ser puramente emocional, então não tem muito de história acontecendo. Há vários momentos bonitinhos familiares entre os três personagens principais, alguma coisa mais dramática sobre Fumichi e é só. Eu li meio rápido pela primeira vez e fiquei meio confuso se as cenas do Fumichi apanhando e sendo jogado no beco escuro eram flashbacks ou aconteciam em paralelo com os momento fluffy. Reli e acho que são paralelo. Ou podem ser flashbacks. Sei lá. Eita coisa confusa. As ações dos personagens não fazem muito sentido ou, quem sabe, até fariam... Se os diálogos e monólogos fossem mais claros.

Muitos amam a arte da Moto Haruko (inclusive eu), que é simples, mas muito bonita. Esse mangá, entretanto, não é o melhor trabalho dela. A perspectiva e a proporção são simplesmente horrorosas. Tudo bem, o Fumichi é um cara pequeno e franzino e o Sazawa é grande e musculoso, mas tem cenas que o Sazawa parece o Hagrid e o Fumichi, um hobbit. A Iyo parece uma figura "chibi" e não uma criança, de tão grande que a cabeça dela é. Eu fiquei incomodado especialmente com a questão da escala e proporção, mas mesmo assim a arte é agradável.

  

Não sei, eu queria gostar desse mangá, mas não gostei. Nem os momentos fofinhos e familiares, nem os momentos românticos do final... Nada consegue fazer esse mangá merecer uma nota maior do que "6". É uma pena, porque eu gostei da sensação geral da história e achei interessante um mangá focar tanto no vínculo emocional entre dois personagens, mas o dialogo vago e a arte oscilante me incomodam demais.

A tradução em inglês é do Girls Generation Scanlation. Não sei sobre outras línguas e não vou procurar.

sexta-feira, 21 de março de 2014

Starfighter

É engraçado falar sobre essa comic, porque eu ouvi falar dela pela primeira vez em um lugar chamado Wiki de Web Comics Ruins (tradução livre minha). Starfighter é uma história slash (versão ocidental do yaoi) de ficção científica, com uma arte bastante única. Seu autor usa o pseudônimo HamletMachine.

Em Starfighter, a humanidade está enfrentando uma guerra espacial, com naves espaciais, lasers e toda essa coisa de ficção científica. Assim, o exército se divide em dois grupos: os navigators e os fighters. O primeiro grupo são navegadores e pilotam a nave, considerados mais inteligente e um tipo de elite dentre os soldados. Já o segundo grupo fica responsável por utilizar a armas da espaçonave e desintegrar os adversários. Cada espaçonave tem dois responsáveis, um de cada grupo. Nossa história começa com um navegador e um fighter sendo colocados juntos em uma missão, recebendo os nomes "Cain" e "Abel" para tal.

Cada dupla divide um dormitório e passam muito tempo juntos. Cain é automaticamente agressivo e possessivo para com Abel, fazendo uma cicatriz (invejo o poder dos dentes dele!) em Abel para mostrar que ele, agora, é seu. Os dois vão na tal missão juntos e Cain já começa a falar aquelas frases clássicas: "não me atrapalhe" e "vou te deixar para trás se começar a me atrasar". Eu gostaria de saber como, exatamente, ele pretende deixar o Abel para trás, já que os dois vão dividir o mesmo veículo e, mais, o Abel é quem pilota... Mas ok. Missão concluída com sucesso, o Abel se prepara para sair da nave e dá de cara com Cain se masturbando... Porque, aparentemente, destruir naves e matar inimigos é altamente excitante. Tá, ok. De volta ao dormitório, Cain confronta Abel, porque ele resolveu ajudar um fulano lá durante a missão e o Cain disse que não havia permitido isso e tal. Abel responde que não vai receber ordens do Cain, o chama de monstro... E os dois acabam transando, após Cain declarar: "Oh, Abel... Eu vou foder você". 

Esse tipo de cenário é o que o Tv Tropes chama de "Tango do Masoquismo" e eu não acho que exista um termo melhor para definir essa relação de amor e ódio, de abuso e violência, que parece fornecer ganhos secundários para ambos os envolvidos. Eu tive alguma esperança de que Abel ia ser um personagem legal, forte e com uma personalidade interessante quando ele enfrentou o Cain... Mas essa determinação durou dois segundos e ele já foi para a cama com um cara emocionalmente instável, violento e que trata ele mal... Super-fez sentido! Volto ao meu argumento de que detesto personagens abusivos e o Cain é um perfeito exemplo disso. Ele estupra o Abel, outras pessoas riem do Abel por estar com o Cain e aí por diante. E o pior? O Abel se culpa (e é culpado pelos outros) pelo estupro, além da linguagem misógina estar presente constantemente. E sabe o que é pior? A mensagem de que "está tudo bem com o Abel ter sido estuprado, porque na verdade ele queria transar com outro homem há muito tempo" e "Cain pode ser um abusador, mas olha como ele é sexy e lindo". Esse é o tipo de coisa que contribui para a "cultura do estupro" e dessensibiliza as pessoas em relação aos efeitos traumáticos de tal violência (NOTA: eu não estou dizendo que quem lê Starfighter ou coisa similar se torna estuprador. Estou dizendo que o estupro ser tratado como algo leviano dessensibiliza os leitores e banaliza uma situação de violência). Aos poucos, entretanto, a autora começou a retratá-lo de uma forma mais... Simpática? Especialmente no capítulo 3 (a partir da página 84, para ser bem exato). O fandom de Starfighter pirou com o capítulo 3 e parece que o Cain acabou se redimindo por tudo (na real, o fandom nunca culpou ele por nada). O único personagem que falou algo que fez sentido nessa história foi o Praxis: "Abel talvez queira um fighter que não é um psicopata controlador?" e "você pode ser o melhor fighter da estação, Cain... mas ainda assim é um merda"... Para em seguida fazer um comentário preconceituosos sobre ciganos. Logo quando eu acho que vai melhorar...

  

Ufa. Post grande de novo. Não quero ser um hater. Acho que tudo bem gostar de Starfighter (ou de qualquer outra coisa), mas não dá pra esquecer dos problemas que há nisso. Eu gosto dessa web comic e a acompanho há bastante tempo, só que eu tenho que reconhecer que há muitas situações problemáticas e o que eu gosto não é necessariamente perfeito. Não estou aqui sacudindo bandeira para que as pessoas deixem de gostar de alguma coisa, mas sim para que elas parem e pensem sobre as mensagens que aquilo está transmitindo. Aliás, quem estiver procurando uma leitura puramente erótica vai curtir. Das quase 50 páginas do primeiro capítulo, umas 15 têm sexo. E é bastante explícito. Vou dar uma nota "4" com muito pesar, porque eu realmente gosto da arte. O efeito preto e branco com alguns detalhes coloridos (tipo Sin City) funciona muito bem. Se eu quiser ser muito chato (e eu quero), vou dizer que não gosto muito do layout das páginas e da disposição dos quadrinhos, mas prefiro recomendar essa resenha aqui para aspectos mais técnicos da arte. Preciso dizer, aquela cena de guerra do capítulo 3... Uau! Muito, muito boa!

A web comic pode ser lida em seu website em inglês.

quarta-feira, 19 de março de 2014

Tonari no Seki-kun

Geralmente, eu leio o mangá primeiro e depois vou dar uma olhada no anime, não gosto, paro de assistir e fico só com o mangá. Com Tonari no Seki-kun foi diferente: eu assisti ao anime, gostei, li o mangá, gostei e vou acompanhar ambos. Começando com uma premissa inusitada e bastante simples, Morishige Takuma ilustra uma história interessante, criativa e engraçada.

Quem nunca quis fazer simplesmente qualquer coisa pra não assistir à aula? Eu me inscrevi em uma disciplina eletiva sobre políticas de saúde pública que era chata pra caramba e eu ficava tentando me entreter. Eu inventava palavras cruzadas, desenhava cenas de guerra nas bordas dos meus textos e, ocasionalmente, jogava jogo-da-velha, pontinho ou forca com um colega nas últimas páginas do caderno. Quem nunca fez algo similar que atire a primeira pedra. O problema é que um dos personagens da história leva isso ao extremo.

Seki-kun tenta se entreter com diversas coisas, simplesmente se recusando a assistir à aula. Ele joga jenga, brinca de arqueologia, monta cenários de dominós, pratica dirigir, faz ursos escalarem as costas de seu colega da frente, joga dardos com os pés, realiza a cerimônia do chá... Tudo isso despercebido aos colegas e aos professores, mas observado atentamente por Yokoi, a menina que senta ao seu lado. Não só observado, mas Yokoi se envolve profundamente nas brincadeiras de Seki e ocasionalmente participa delas. Tanto se envolve que muitas vezes leva bronca do professor, sendo que Seki nunca é pego (ele já é profissional em procrastinar). Eu adorei o capítulo em que ele esculpe borrachas para fazer carimbos. Esse capítulo resumiu minhas aulas de Ética e Cidadania do ensino médio.

Cada capítulo começa com o título da série e uma mini-capa com Seki-kun fazendo algo estranho, para então passar à brincadeira do dia. Muitas vezes ele realiza só uma, outras mais de uma. Apesar de ser uma premissa tão, tão simples, o autor, com sua criatividade, consegue trazer cenários interessantes e engraçados, mas, ao mesmo tempo, essa premissa é restritiva. Todos os capítulos seguem basicamente a mesma fórmula e possuem sempre os mesmos desfechos (Yokoi levando bronca, Yokoi brava com Seki, Yokoi percebendo que a aula acabou sem ela perceber por estar entretida com Seki, Seki conseguindo pregar uma peça em Yokoi, e mais uma ou outra variação). Por enquanto, isso não tem sido um grande problema... Mas aos poucos pode ser que isso comece a interferir na qualidade das piadas, que tendem a se tornar previsíveis. Eu acho esse mangá fantástico, não me entendam mal, mas temo que o desenvolvimento dele não seja muito promissor.

  

Ainda assim, desde o primeiro capítulo Tonari no Seki-kun tem um bom ritmo, piadas com ótimo timing, personagens que são engraçados (apesar de não se desenvolverem) e bastante graça, além de ser fácil de se identificar com a história (tipo eu e a borracha!). Vale a pena de ler só para ver o que o Seki-kun pretende aprontar na próxima, apesar de que se estiver esperando algum desenvolvimento... O leitor pode ficar frustrado, então eu digo para buscar apenas o lado cômico da história e nada mais! Vou dar nota "8".

Não vou nem olhar se está traduzido em português, porque eu não me importo e sei que, se algum grupo estiver trabalhando nisso, uma pesquisa rápida no Google vai mostrar. Eu li em inglês, com tradução dos grupos Psylocke Scans, Hello Scans e Endless Abyss.

segunda-feira, 17 de março de 2014

Inu mo Arukeba Fallin' Love

Quando eu achei esse mangá, pensei "finalmente descobri de onde vem a página de créditos do Obsession!". Minha memória é estranha: lembro de uma página de créditos do Beautiful Soup que era uma sopa de chocolate com M&M's, mas não lembro o que comi ontem! De qualquer forma, a Takashima Kazusa é uma autora de yaoi bastante conhecida por ter entrado em hiatus definitivo após ter um resultado desfavorável a ela em um caso de plágio. Uma mangaka shoujo filha de pessoas influentes plagiou descaradamente o mangá mais famoso da Takashima Kazusa, mas acabou ganhando (é claro! Ou achavam que esse tipo de injustiça só acontecia no Brasil?). De qualquer forma, vim falar hoje de Inu mo Arukeba Fallin' Love.

Esse mangá se divide em três histórias. A principal, que dá nome ao mangá, é sobre um cachorro que se apaixona por um humano. Ele reza para que a lua lhe dê o poder de falar com esse humano e se transformar em um. Ukyo, o humano, acaba adotando o cachorro Kuro, após ouvi-lo chamar o seu nome. Ele acaba logo descobrindo que, além de falar, Kuro consegue se transformar em um humano extremamente atraente que gosta de lamber Ukyo em todos os lugares possíveis e imagináveis. Eu não consigo apontar o dedo para um ponto específico e explicar porque eu não gostei dessa história. O Kuro é certamente um personagem carismático, mas o Ukyo é bastante típico. Há comentários sobre se essa história é ou não é bestialidade... Já que, né, é a história de amor de um humano e um cachorro. Eu não sei. Apesar de ter um corpo humano, o Kuro pensa e se comporta como um cachorro... E é meio esquisito... Sei lá. 

Eu gostei muito mais da segunda história do que da primeira. Temos dois meninos que eram grandes amigos quando eram crianças. Em função da separação dos pais, Kasumi vai viver em Tóquio, mas Ken promete que serão amigos sempre. Dez anos depois, Kasumi volta à cidade e se reencontra com Ken, que fica surpreso ao constatar que Kasumi é um homem (ao contrário do que se lembrava). Ainda assim, ele resolve se reaproximar de Kasumi e o relacionamento dos dois se intensifica e fica mais complicado. No capítulo seguinte, vemos os dois enfrentando as dificuldades de um relacionamento à distância. Achei essa história bastante agradável, trazendo dificuldades reais que pode se encontrar em relacionamentos amorosos.

Na terceira história, durante um festival, um cara, Keisuke, vê uma criança dizendo que vai jogar um peixinho dourado no lixo. Ele propõe de comprar o peixe, então, e o leva para casa. Ele, em seguida, vai dormir e acorda com o peixe dourado, agora em forma humana, dizendo que quer recompensá-lo por tê-lo salvo. Ele oferece seu corpo para Keisuke durante aquela noite... Apesar de simples, achei bonitinha a história e tem alguns diálogos legais. E é isso. Não muito a dizer. O peixinho dourado mágico virando humano não me incomodou tanto como o cachorro da primeira história, diga-se de passagem. Não consigo explicar o porquê.

  

A principal característica dessa autora a ser destacada é que a arte dela é fantástica. Os personagens são muito expressivos, os cenários são elaborados, ... Enfim, tudo funciona no ponto de vista puramente artístico/estético nas histórias dela. Acho que foi um pouco por isso que a saída dela do mundo dos mangás yaoi deixou um gosto tão amargo na boca das fujoshi. A única história que a arte pecou, na minha opinião, foi a terceira. Vou dar uma nota "7", mais em função da arte e da segunda história.

A tradução em inglês é do grupo Shi-Ran e do próprio Obsession, sendo que também foi oficialmente publicado pela agora falecida editora BLU. Em espanhol, temos uma tradução do Ayaoi.

sexta-feira, 14 de março de 2014

So, You're A Caroonist?

Mais uma web comic... Dessa vez, é uma web comic de comédia, escrita por Tom Preston. Esse autor tem várias outras comics publicadas, mas a única que eu li foi essa que ele publica online. O título So, You're a Cartoonist? (literalmente "Então, você é um cartunista?") é extremamente auto-explicativo.

Essa é uma história autobiográfica e satírica. Temos o personagem principal, que é um cartunista... E representa o próprio autor da história. Vemos episódios da infância dele, sua vida durante a faculdade e, agora, seu trabalho como cartunista. Há comentários de Tom Preston sobre "mitos" que há sobre artistas (tipo que todas as pessoas ficam melhores com o tempo no desenho), sobre os preconceitos sofridos por ele, sobre as maluquices dos fãs de quadrinhos em eventos (muitas vezes representadas pela personagem Persistent Pam, que insiste para que o cartunista a desenhe)... Também há fatos da vida dele e seu relacionamento amoroso.

Eu diria que a arte desse artista pode ser vista como "antiquada" por alguns, lembrando alguns personagens clássicos das comics... E acredito que o autor iria gostar da comparação, pois ele cita numerosos autores clássicos como suas influências. Gosto dessa comic porque muitas vezes ele retrata o lado não tão glamouroso assim de ser um artista de quadrinhos. Também mostra como funciona o processo de criação de uma comic e os diversos artistas que trabalham nela. E, além disso, como sua vida pessoal se encaixa nisso. 

Tom também faz críticas às atitudes por vezes até hostis de outros artistas (que enxergam o mundo das comics como um local só para alguns) e aos "críticos de plantão" da internet, que esculacham e desestimulam o trabalho dos outros. Apesar de ser uma história que busca a comédia e a sátira, muitos comentários trazidos pelo autor são pertinentes e fazem com que o leitor conheça mais sobre o mundo dos quadrinhos.

  

Eu acompanho essa história desde 2011 e gosto bastante. O estilo de Tom Preston se mantém basicamente o mesmo ao longo dos anos, mas mostra várias melhoras e mudanças conforme as páginas se passam. Como um curioso pelo mundo das artes, especialmente da arte sequencial, eu gosto de poder ter uma visão de como é viver nesse mundo. Vou dar uma nota "8".

So, You're a Cartoonist pode ser lido no site da web comic, em inglês.

quarta-feira, 12 de março de 2014

Koi Tomo

Koi Tomo me lembra muito o primeiro mangá yaoi que eu li em português (Calorie) bem como alguns elementos de um mangá que eu comentei aqui. Isso já aponta que essa história da Kanzaki Takashi não é exatamente a mais original que existe, mas ela, como se diz, deu um toque próprio ao enredo e adicionou alguns pontos de interesse à história.

Temos um grupo de três amigos de infância, sendo que dois deles, Yukie e Kogawa, estão apaixonados por seu amigo, Yamato, que não tem nem idéia desses sentimentos. Os dois aliviam seus desejos sexuais ficando juntos e se masturbando, mas aos poucos o relacionamento dos dois vai ficando mais sério e complexo, ao ponto de Yamato sentir-se excluído do trio. O elemento comum com Calorie é dois amigos acabarem se aproximando por seus sentimentos por um terceiro e com Paradise Baby, Koi Tomo compartilha esses dois amigos manterem seu relacionamento em absoluto segredo do terceiro amigo (que já imagina que algo possa estar acontecendo). Eventualmente, Yamato descobre o relacionamento de Yukie e Kogawa, pegando-os no flagra. Yukie esperava que Yamato sentisse nojo deles e nunca mais quisesse olhar para a cara deles, mas acaba acontecendo o oposto disso: Yamato quer ser incluído como parte do casal. Interessante, não? No meio desse poliamor, surge Yoshikuni, um colega de Yamato que desenvolve sentimentos por ele.

O mangá encerra com duas oneshots. Eu li esse mangá ontem e já tinha esquecido que ele tinha oneshots, de tão pouco memoráveis que elas são. Não é que sejam ruins, mas é que a história principal é muito mais interessante e inusitada. De qualquer forma, a primeira delas fala sobre Kaji Kiichi, que sempre fica em segundo lugar num tipo de ranking de caras bonitos, perdendo sempre para Hosaka. Ele tem uma aposta com o irmão mais novo desse cara, Hosaka Akira, de ser o escravo dele até ganhar do irmão mais velho. Akira até chega a dar umas dicas para Kiichi de como ser mais popular e, conforme vão se aproximando, Kiichi descobre que Akira tem alguns problemas em casa, tanto com o irmão quanto com os pais. E a segunda fala justo sobre o irmão mais velho de Akira, explorando o relacionamento dele com um colega que namora e transa com qualquer um que disser que o ama. Hosaka fica incomodado com isso e, conforme ele se aproxima de Chisato, vai descobrindo que há um motivo para tal.

Eu gostei muito do Yamato na história principal. Na verdade, tanto o Yukie e o Kogawa são personagens extremamente típicos, mas o Yamato e o Yoshikuni trazem um pouco mais de interesse para a história. Achei legal a história tocar em temas de poliamor, já que as histórias yaoi costumam apresentar casais monogâmicos (e com ciúmes doentio um do outro). Já as oneshots... Bem, elas não são ruins, mas também não têm nada de especial. Não achei nenhuma delas particularmente envolvente, nem achei que abordaram os temas sérios que resolveram tocar de uma forma adequada. 

  

Eu gostei desse mangá de um modo geral... Tenho uma relação de amor e ódio com a arte da Kanzaki Takashi, mas acho que é agradável. Kudos para ela por ter feito um uke atípico nesse mangá. Eu pensei muito em dar uma nota mais alta para esse mangá, mas, se o fizesse, seria puramente por estar enviesado por ter gostado tanto do Yamato. Nota "7" é mais do que suficiente.

Fiquei nostálgico ao ver que a tradução desse mangá foi feita pelo Obsession Scans em inglês. Há quantos anos eles não existem mais... Que saudades!

segunda-feira, 10 de março de 2014

Deadlock

Exatamente o que eu reclamei que faltou em T x S, podemos ver em Deadlock. Não que os dois mangás sejam parecidos (digamos que o trabalho de Aida Saki e Takashina Yuu conta o outro lado da história), mas alguns elementos faltantes em T x S, que, na minha opinião, diminuem a qualidade da série, aparecem em Deadlock.

Yuuto Lennix era um investigador da divisão de narcotráfico da polícia americana, mas foi acusado falsamente de ter assassinado seu parceiro e foi preso por isso. Como ele mesmo diz, perdeu seu status social, sua ocupação e o respeito das pessoas importantes para si. Um investigador do FBI, Hayden, lhe faz uma proposta: ir para a prisão de segurança máxima Schelger na Califórnia para descobrir a identidade de Corvus, o líder de uma organização terrorista. Haverá um evento nos próximos meses que é um possível alvo para Corvus, então Hayden oferece para Yuuto de conseguir sua liberdade se ele conseguir descobrir quem é Corvus.

Logo chegando na prisão, Yuuto descobre que os presos se dividem em quatro grupos étnicos, que funcionam como gangues. Um é o de Gehlen, um neonazista e principal suspeito de ser o tal terrorista. Logo de chegada, Yuuto consegue despertar o interesse de B. B., líder de outro grupo, que pretende transformar Yuuto em sua mulher na prisão. Também, Yuuto se aproxima de outros presos: Mickey, o cara que consegue contrabandear coisas; Nathan, outro que foi condenado injustamente; Matthew, o cara que tentou roubar um whiskey e acabou sendo cumplice de assassinato; e Dick, o colega de cela de Yuuto que não costuma falar muito. Dick também propõe para Yuuto se tornar sua mulher, em troca de proteção. Yuuto recusa firmemente, mas fica interessado por Dick e seu comportamento diferente.

Esse mangá é fantástico. Apesar de ser um mangá yaoi e, por isso, retratar um romance, é cheio de momentos com investigação, armações, lutas, ação...! Enfim, é envolvente e oferece mais para entreter o leitor. Ao contrário de T x S que tem um cenário de investigações só para dizer que tem, porque isso mal tem importância na história, Deadlock funciona muito bem nesse cenário de criminosos e investigações, porque justo esse é o cerne da história.

  

A arte de Deadlock é linda e lamento que mais trabalhos dessa ilustradora não estejam disponíveis. Esse mangá também enfrenta muitas críticas de racismo e, bem, digamos que algumas delas não são exatamente infundadas... Ainda assim, a história e a arte são suficientemente interessantes para me manter lendo. Vou dar uma nota "9" para Deadlock, então!

Em inglês, há dois capítulos traduzidos pelo Echochi, mas o mangá foi licenciado e foi publicado recentemente pela Juné. Também é possível encontrar em espanhol pelo Ayaoi. Há três Drama CDs muito bons, sendo que há traduções deles.

sexta-feira, 7 de março de 2014

Otomen

Comecei a ler esse mangá há muitos anos... Antes de ser licenciado pela Panini. A autora de Otomen é conhecida por seus trabalhos em mangás shounen, bem como no shoujo. E a arte dela, Kanno Aya, apesar de estar ilustrando um mangá cheio de bichinhos fofos e babados, mostra isso!

Em Otomen, temos Masamune Asuka, o capitão do time de kendô, faixa preta em judô, aluno modelo... Enfim, o estereótipo de homem másculo e estoico ideal. Ao se apaixonar por Miyakozuka Ryo, a aluna nova da escola, os impulsos que Asuka vem reprimindo nos últimos anos vêm à tona... E esses impulsos são de assar bolos e biscoitos, bordar, costurar ursinhos de pelúcia, e ler mangás shoujo! Na verdade, o másculo Asuka tem hobbies e interesses tipicamente femininos, mas procura se mostrar o homem ideal por pressão de sua mãe, que ficou obcecada por um ideal de masculinidade após seu marido deixá-la dizendo que queria se tornar uma mulher. Quanto mais Asuka ama Ryo, mais seu coração palpita e ele sente vontade de fazer flores de papel e tricotar.

Nisso, entra em cena Tachibana Juta. Ele se apresenta como um rival de Asuka pelos sentimentos de Ryo, forçando Asuka a se aproximar mais de Ryo. Juta, na verdade, é a autora de mangás shoujo Jewel Sachihana e está escrevendo uma obra sobre a vida de Asuka, chamada Lovetic (Love-Tic, Love Chick... Ninguém sabe direito como é a romanização desse termo). Juta, portanto, toma a função tanto de melhor amigo de Asuka, como de narrador e, também, facilitador da história. Muitas vezes ele dá pistas para Asuka através do mangá que escreve (e Asuka é um leitor fiel) ou dá um empurrão para que Asuka faça algo a respeito de seu relacionamento com Ryo.

Aos poucos, Kanno Aya foi entupindo a história de personagens secundários. Por um lado isso é legal. Foi interessante ver Asuka criando um grupo de amigos (e rivais) para si, mas são tantos personagens secundários que a história perde o foco. Passam-se volumes sem Asuka e Ryo interagirem! Temos Yamato (um menino afeminado que quer ser másculo), Kitora (obcecado por flores), Tounomine (rival do Asuka), Kuriko (irmã do Juta, que é apaixonada pelo Kitora) e vários outros! Também temos o misterioso dono de uma confeitaria, professores da escola, irmãs do Juta, familiares da Ryo, cantores de uma banda... O elenco é gigante! E a autora tenta dar atenção a todos, constantemente ofuscando os três protagonistas (Asuka, Ryo e Juta). Todos esses personagens são interessantes, mas eu gostaria que Kanno Aya se lembrasse de seus protagonistas... Especialmente do Juta, que, tirando os três momentos que o mangá focou nele, fica apenas de comentarista das ações dos outros.

  

Eu adoro Otomen, porque é um mangá super-divertido. Além disso, eu me identifico um pouco com a história (caso não tenha percebido, eu sou um homem escrevendo uma resenha sobre um mangá para meninas). Eu simplesmente adoro a arte e como a Kanno Aya desenha bem os detalhes das roupas, das flores, da comida... Otomen é obviamente um mangá cômico, repleto de situações ridículas. É exagerado pra caramba... Mas é justo isso que me faz gostar tanto. Há personagens que eu começo a rir só de olhar para a cara deles (avô da Ryo, por exemplo). Otomen não é uma obra prima dentre os mangás, nem algo para ler buscando profundidade... É apenas uma leitura divertida! Nota "9"!

Otomen foi licenciado e teve sua publicação cancelada pela Panini no Brasil. Depois de anos nos enrolando, eles se pronunciaram dizendo que está cancelado no ano passado. Apesar de ter sido licenciado nos Estados Unidos também, é fácil de achar para ler em inglês, alguns capítulos feitos por scanlators e outros escaneados da própria versão americana. Tem até o volume 14 por aí!

quarta-feira, 5 de março de 2014

T x S

Há alguns autores de quem eu gosto, mas ao mesmo tempo eu implico um monte com eles. Um exemplo disso é a Takatsuki Noboru (ao contrário do que se acreditava, ela é sim uma mulher). Acho a arte dela bonita, os personagens dela costumam ser divertidos e a comédia é sempre presente... Entretanto, ela usa e abusa dos "chibi" e nem sempre as histórias são tão bem desenvolvidas como poderiam e deveriam ser. T x S ou Tough x Smart é um mangá um tanto atípico para ela, levando isso em consideração.

Nessa história, temos dois detetives trabalhando para a polícia na divisão de homicídios. Koga Masataka é estoico e sério, tendo encontrado algumas complicações recentemente na sua vida pessoal e profissional. Ele foi transferido e rebaixado de função, pois se divorciou da filha de um de seus superiores. Já Terajima Ryuiji, apesar de também ter passado por um divórcio, é bem mais aberto com seus sentimentos e, logo no prólogo, já faz esforços para se aproximar de Koga... Pois se apaixonou por ele à primeira vista.

A história do mangá passa por vários casos de homicídios investigados pela dupla. Minha primeira implicância: se vai fazer uma história com elementos de investigação policial e vai escrever diversas cenas dos personagens trabalhando em investigações, então faz direito! Escreva histórias interessantes! Coloque uma pitada de mistério! Faça os personagens se envolverem com os casos! Mas não. Os casos são apresentados bem en passant. Claro que se eu quisesse um mangá com altas investigações eu estaria lendo Meitantei Conan, mas o trabalho deles - que é uma parte importante de suas vidas - é tratado de forma tão superficial que chega a ser bobo. Logo no primeiro capítulo mostra os dois numa cena de crime e, oh, essa moça morreu, que horror, quem será que foi... "Acho que foi um crime passional", chuta Ryuiji. Tipo três páginas depois recebem uma ligação dizendo que o namorado da guria se entregou para a polícia e fim do mistério! Outro caso resolvido! Eba! E vamos ao que interessa: Ryuiji beija Koga! Todos comemoram. Sério, isso realmente acontece. Tão fácil assim!

O relacionamento dos dois logo progride para um relacionamento sexual - com Ryuiji tentando convencer Koga a se apaixonar por ele. Aí começa um grande ponto de disputa e discussão entre os dois: "quem será o uke?". Os dois, por aparência e personalidade, se encaixam no estereótipo de seme dos mangás yaoi, então nenhum deles quer dar o braço a torcer, digamos assim. Meio que nem Docchi mo Docchi. Realmente não dá pra adivinhar qual deles vai ser o uke, ou se talvez esse mangá vai ter um casal reversible... Quem sabe?

  

Em suma, esse mangá tem vários pontos positivos: a comédia, a relação entre os dois protagonistas e como isso se desenvolve, e a arte. Mas também não é uma história lá muito profunda... Na real, é uma historia bem superficial mesmo. Fico feliz da autora não ter apelado para os chibi na história, apesar de ela não ter deixado passar uma oportunidade de usá-los na capa da revista Daria. Vou dar uma nota "6" por enquanto e ver como serão os próximos capítulos.

Em inglês, a tradução é do Shinmakoku. Mais fácil ler nos sites de ler mangá online (o grupo mesmo faz upload) do que tentar entrar na comunidade deles. Eu estou há uns dois anos tentando. 

segunda-feira, 3 de março de 2014

Primeiro capítulo: Renai Moratorium

Eu jurava que Renai Moratorium já estava traduzido há muito tempo, pelo menos em espanhol. Parece que não, acho que confundi com outro dos trabalhos da Mio Junta. De qualquer forma, uma opinião rápida sobre o primeiro capítulo dessa série.

Nessa história, Rei é um ator de filmes pornográfico entediado com sua vida e tal. Certo dia, ele está escapando de suas fangirls e esbarra em um cara muito alto. Ele o usa de escudo para se esconder das fãs e, como agradecimento, lhe dá um DVD (pornográfico). Ainda assim, Rei fica com a impressão de já ter visto aquele cara antes, quebra a cabeça pensando e acaba lembrando que ele era Sasaki Manabu, o presidente do conselho estudantil na época em que estava no ginasial. Ele o procura para recompensá-lo de outra forma (já que,, ele deu um DVD pornô para um ex-colega) e acaba ouvindo de Manabu uma proposta para fazer sexo com ele (que é virgem).

Não é como se esse fosse o melhor mangá do mundo (longe disso), mas é agradável. Não parece que vai se destacar muito por ter personagens interessantes, uma comédia forte ou um romance muito envolvente, mas vamos ver como isso continua...

  

Em suma, personagens que eu já vi em outras histórias e um enredo que não é lá tão original assim... Mas a arte é bonitinha! O Rei é estiloso! O Manabu é fofo! Quero ver isso onde está indo! Nota "6"!

A tradução em inglês foi feita pelo Yaoi Otaku Scanlations. Dá para ler online no site deles ou baixar o capítulo, se fizer cadastro no fórum.