quarta-feira, 30 de julho de 2014

Can't See Can't Hear But Love

Percebi que ainda não tinha comentado nenhum manhwa aqui, então aqui estou eu com Can't See Can't Hear But Love. Esse manhwa começou como uma webcomic, de um autor que atende pelo pseudônimo Nasty Cat. Esse é mais um dos meus comentários em que vou ser implicante e chato. 

A narrativa desse manhwa é desencontrada e, se quisermos usar o termo, mais "psicológica" do que cronológica. O protagonista é Min Geun Soo, um artista de manhwas que adquiriu um relativo sucesso e, por isso, precisava trabalhar muito para sustentar a sua mãe, que tem algum tipo de doença mental e age de forma infantilizada. Ainda jovem e o auge de seu trabalho, ele fica cego repentinamente e de uma forma irreversível. Assim, de repente, ele perde tudo: seu trabalho, seu sucesso, seus amigos, sua mãe, seu dinheiro... e sua visão. Ele cai em desespero e tudo lhe parece não ter jeito. Entra em cena, então, Jeon Son Ri. Ela é uma grande do trabalho de Min Geun Soo e, quando ele entra de repente em hiatus, ela decide ir visitá-lo. Aí que vem a grande questão da história: ela é surda desde o nascimento

Mesmo sem conseguirem se comunicar verbalmente, os dois conseguem se entender e desenvolvem diversas estratégias para tal. Ele digita em seu notebook para ela, que lhe responde escrevendo letras no braço dele. Ele ouve a campainha tocar, a cutuca e indica a porta para ela. Ela vê que algo está no caminho dele e o puxa pelo braço. Dessa forma, os dois conseguem se auxiliar e se entender. O manhwa é muito bonito e enfoca em como as relações humanas podem ser desenvolvidas, mesmo da forma mais improvável. As emoções são trazidas de uma forma muito expressiva e o modo que o autor constrói as páginas e ilustra os personagens funciona bem para isso. Algumas páginas, sobretudo as que se referem a quando o Min Geun Soo a recém perdeu a visão, me deixaram angustiado, com um aperto no coração. Outras, os momentos bonitinhos e felizes deram aquela sensação boa e agradável. Acho que esse manhwa consegue demonstrar muito bem as particularidades de um relacionamento humano

Se eu tiver de escolher algo para implicar (e é claro que eu irei), eu diria que a caracterização da Jeon Son Ri me incomodou. Para mim, ela é a típica Maniac Pixie Dream Girl, um estereótipo e uma fantasia tentando se passar por uma representação realista. Esse tipo de personagem é uma personagem do sexo feminino com uma personalidade excêntrica, alegre e muito feminina que serve como interesse romântico para um personagem do sexo masculino taciturno e deprimido (um vídeo explicativo muito interessante aqui). O único propósito na existência da Manic Pixie Dream Girl é deixar o personagem masculino feliz e seguir com seus sonhos. É assim que a Jeon Son Ri é retratada na história, de uma forma estereotipada e infantilizada. Eu faria uma análise sobre ela e a mãe dele, as duas personagens femininas de maior importância na história e a forma que foram retratadas, mas deixa assim...

  

A arte é criticada na maior parte das resenhas que eu vi por aí, mas, honestamente, ela não me incomodou. Muito pelo contrário. Eu não diria que ela é bonita, mas é empregada de um modo a transmitir emoções perfeitamente. Acho que o autor utilizou-se muito bem de seu estilo. Quando a história é séria, a arte fica dramática, sombria. Quando estamos com um momento cômico, os personagens se transformam em chibi. É uma história com uma mensagem positiva e bonita. Vou dar nota "8".

Eu li em inglês e muitos grupos trabalharam na tradução dessa webcomic.

segunda-feira, 28 de julho de 2014

Usotsuki Lily

Coloquei minha leitura desse mangá em dia e queria comentar um pouco. Comecei a ler Usotsuki Lily há algum tempo, junto com Shounen Oujo e Kuragehime. Pode-se dizer que eu estava numa fase de curtir mangás sobre crossdressing, talvez... De qualquer forma, esse mangá da autora Komura Ayumi é um mangá de comédia romântica super-divertido.

Saotome Hinata recebe uma declaração de amor repentina e inesperada de um garoto muito, muito bonito. Como ela não consegue resistir a um rosto bonito, ela decide, assim, começar a namorar o tal de Shinohara En... O que ela não se dá conta é que esse cara é famoso na escola por se vestir como uma garota desde o primeiro dia de aula. A razão para isso é que En odeia homens. Tanto odeia, que não consegue nem ver seu reflexo no espelho sem acabar destruindo o espelho a socos. Ao mesmo tempo, ele também adora mulheres. Tanto adora, que achou que seria ótimo ver uma garota até ao olhar para o espelho. Por isso, para combater seu ódio e satisfazer sua paixão, ele se veste como menina. Hinata acaba decidindo namorá-lo assim mesmo, pois ela gosta muito de En. É importante apontar que Hinata não gosta de En se travestir, mas ela acaba aceitando, por perceber o quanto isso é importante para ele.

Esse mangá tem um elenco de personagens gigantesco. E  cada qual personagem é mais esquisito e interessante que o outro. Os dois casais de gêmeos, a menina espadachim e o garoto que faz cosplay de samurai, o cara malvado e a senpai sexy, a menina alta e masculina e o representante de turma secretamente bonito, o delinquente dono de um restaurante e uma estilista sexy, o irmão da protagonista e o irmão do namorado dela... Enfim! Muitos personagens! A autora leva algum crédito por conseguir lidar com todos esses personagens. Ao contrário de Otomen, por exemplo, em que o Asuka e a Ryou somem por inúmeros capítulos, nesse, você nunca fica com a sensação que a Hinata e o En estão apagados. Eu adoro nosso casal de protagonistas, mas também adoro ver como os outros personagens da história são desenvolvidos. 

Aliás, o título do mangá é Usotsuki Lily (Lírio Mentiroso ou Falso), porque é um mangá que parece ser yuri, mas na verdade não é. Também há cenas que parecem ser yaoi, mas não são. E tem algumas que realmente são yuri e yaoi. O Taiyou e o Ten, irmãos da Hinata e do En respectivamente, têm um relacionamento interessante e que vai se desenvolvendo lentamente. O An, outro dos irmãos do En, defende que gosta de pessoas bonitas, independente do sexo. Há o casal fofo da menina dona de uma loja e a amiga de infância dela. Vários personagens ao longo da história defendem que "não importa o sexo da pessoa na hora de se apaixonar". De uma forma despretensiosa e muito engraçada, Usotsuki Lily passa várias mensagens positivas.

  

Gosto bastante desse mangá, porque é uma leitura leve e engraçada. No último capítulo que eu li, temos momentos tão fofos e românticos, sendo que há alguns capítulos atrás teve alguma tensão e, antes disso, era pura comédia. Funciona bem. Há vários clichês, que o mangá trata com tom de paródia e os próprios personagens debocham da situação. Além disso, o mangá apresenta situações bem absurdas, como a cada ano os personagens passarem de ano e continuarem na mesma série ou o En ter amnésia todo mês de abril, que só são possíveis graças ao tom de paródia com que esse mangá trabalha. Como eu gosto bastante dessa série, vou dar nota "9". 

A tradução em inglês, como não poderia deixar de ser, é do Hachimitsu Scans, um grupo primariamente dedicado a traduzir mangás sobre crossdressing.

sexta-feira, 25 de julho de 2014

Kouun no Rihatsushi

Para encerrar a série de postagens sobre "Makeover", eu escolhi Kouun no Rihatsushi. Na verdade, eu queria outro mangá, mas não lembrei do título e, casualmente, acabei lembrando desse aqui. É uma história da Nagato Saichi, dona de uma arte muito bonita e agradável.

Todou Tsukasa é um rapaz alto, quieto e taciturno. Seus colegas o chamam de "o pilar rabugento", devido a sua altura e a sua personalidade sombria. Ele se apaixona por uma colega, mas é desprezado ao declarar seu amor. Tsukasa vai, então, a um barbeiro que, além de lhe dar um corte de cabelo novo, também diz para ele ser mais alegre. Tsukasa segue o conselho, se tornando um ator famoso e conseguindo muito sucesso a partir disso. Mesmo assim, sempre que pode, ele visita a barbearia de Nachi-san, sua "fada madrinha" e novo amor. 

O relacionamento dos dois se desenvolve bem rápido e é bastante estável. Os dois são apaixonados, nem sempre podem ficar juntos e apreciam as pequenas coisas um no outro. Apesar de eu curtir essa história pela arte bonita e pelos momentos românticos e meigos, acho que está chegando ao ponto de ser arrastada. Não parece que a autora deseja ou consegue desenvolver mais esses dois personagens, tanto individualmente como casal. 

Também tem uma oneshot no primeiro volume sobre os três membros de uma banda de Visual Kei e seus interesses românticos. O cantor principal e sua paixão de anos por seu kouhai, o guitarrista sério e introvertido apaixonado pelo caixa de uma loja de conveniência, e o baterista ninfomaníaco que fica muito interessado em um cara mais velho com quem fica uma noite. As três histórias são super-curtas. Tão curtas, apressadas e sem graça que não atraíram muito. Não são muito interessantes.

  

Acho que Kouun Rihatsushi é um exemplo de um mangá que já devia ter acabado. Podia ter parado no primeiro volume tranquilamente, mas a autora preferiu continuar arrastando a história. Vamos ver onde isso vai dar. Não é ruim: a arte é linda, cheio de cenas sexy e com dois personagens agradáveis e simpáticos. Vou dar nota "8", porque não é um mangá ruim... Ainda que não seja particularmente bom.

A tradução em inglês é feita pelo Dangerous Pleasure

quarta-feira, 23 de julho de 2014

Ahiru no Oujisama

A Morinaga Ai é uma das autoras dos mangás shoujo que não cai no clichê "menino canalha acaba conquistando a menina que ele tanto pentelhou". Na verdade, os mangás dela (pelo menos os mais famosos) são o exato oposto disso. No caso, ainda sobre a temática "Makeover", vou comentar um mangá um tanto controverso dela: Ahiru no Oujisama.

Shiratori Reiichi é um patinho feio. Baixinho, usa óculos fundo de garrafa, sardento, cabelo estilo capacete... Suas irmãs têm vergonha de terem um irmão tão feio e seus colegas de aula não chegam nem perto dele. Ele acaba conhecendo, então, Itou Yumiko, uma menina muito bonita e que o trata super-bem. Naturalmente, logo Reiichi se vê apaixonado por Yumiko, mesmo depois de ela ter dito que acha ele fofo porque ele é parecido com o cachorro dela, Mister. Ela, entretanto, logo precisa ir morar no exterior e pede a ajuda de Reiichi para encontrar seu cachorro que fugiu. Ele não só o encontra como o salva de ser atropelado, o que faz ter um sonho estranho no qual conversa com Mister. No sonho, o cachorro diz ser um príncipe enfeitiçado que pode tornar um desejo de Reiichi realidade. Assim, ele pede para ser uma pessoa bonita na próxima vida. Entretanto, ele não morre. Passa alguns meses em um coma e, misteriosamente, acorda agora um cara muito bonito.

Em sua nova escola, Reiichi agora é adorado e admirado pelos colegas por causa de sua beleza. Lá ele também reencontra Yumiko e acaba não tendo coragem de revelar para ela quem ele realmente é. O cachorro Mister, ou Príncipe Edward, também revela que não foi apenas um sonho e que ele realmente transformou Reiichi, por ter pena dele por ser tão feio. Ele também acaba descobrindo que sempre que tenta tocar Yumiko acaba voltando a sua forma original. Para completar, acidentalmente Reiichi se torna namorado de outra garota, sua senpai Omae Rikako (que é a personagem que eu mais gostei nesse mangá). Takamura-sensei e a exorcista Okumura, colega de Itou, são dois personagens secundários que, além de estarem na mesma escola que Itou e Reiichi, também tem um relacionamento com o Mister, em função de quem foram em suas vidas passadas.

Como não poderia deixar de ser, já que é um mangá da Morinaga Ai, ela abusa e sacaneia o protagonista de todas as formas! O primeiro beijo dele é com um cachorro! Ele leva uma surra da Omae! Ele é abusado fisicamente e sexualmente pela irmã! Ele descobre que suas irmãs não são suas irmãs de sangue! Nada se salva na vida do coitado. Não admira que ele viva e se dedique somente à Yumiko. Aliás, o fato de ele ter sido estuprado por uma de suas irmãs é o que torna esse mangá controverso. Depois de terminar com seu namorado, Ran estava triste e decidiu usar do Reiichi para se consolar... Dizendo para ele "se não quiser se machucar, fica quieto" e "se não parar eu vou te amarrar". Alguns leitores acharam engraçado e sexy. Outros acham que é impossível uma mulher estuprar um homem, então tudo bem. E alguns outros acharam horrível ter isso no mangá e ter sido tratado a tom de piada. Adivinha qual minha opinião? Pois é. 

  

Apesar de eu achar os personagens da Morinaga Ai malvados e abusivos demais, eu em geral consigo aceitar os mangás dela como uma paródia, uma inversão de papéis que usualmente existem em outros mangás. O relacionamento da Ran com o Reiichi e o modo como o Reiichi sofreu ao longo dessa história deixaram esse mangá menos divertido para mim. Ele é engraçado? Claro, muito. Eu ri um monte da cena que o Mister beija o Reiichi, só para citar um exemplo, mas talvez um pouco demasiadamente cruel para o meu gosto. Vou atribuir uma nota "7". A arte é bonita, padrão Morinaga Ai. Meninas bonitas, bishounen... E alguns personagens bem bizarros também.

Vários grupos traduziram esse mangá para o inglês. Inclusive até foi licenciado, mas a companhia faliu antes de findar a publicação. 

segunda-feira, 21 de julho de 2014

I-Revo

Mais um mangá do tema "Makeover". Eu adoro um bom mangá shounen, mas algo que eu acho muito interessante é quando o (a) autor (a) resolve usar uma menina de protagonista. O mesmo nos shoujo com meninos como protagonistas. Foi procurando por um shounen com uma protagonista que eu encontrei I-Revo: Ice Revolution. Além disso, é um mangá que fala sobre patinação no gelo, um tema que já não é tão usual. Os autores são Tsutsumi Aya no roteiro e Takemura Youhei na arte.

A protagonista da história se chama Oosawa Masaki. Ela é uma menina, apesar da maior parte das pessoas (inclusive sua família) não vê-la como tal. Isso acontece porque Masaki é filha de um mestre de karatê e sempre praticou o esporte, sendo muito talentosa, e acaba sendo bastante masculina, no seu jeito de agir e se vestir. Um dia, ela é salva de um acidente por um garoto e acaba se apaixonando imediatamente por ele, pois ele parece um príncipe (na verdade, ela o chama de princesa!). Infelizmente, Misaki não lembra de perguntar o nome dele, ou de que escola ele é... Mas ela vê que uma colega carrega o mesmo tipo de mochila que aquele garoto carregava e tenta convencê-la a falar o que aquela mochila é. Assim, ela descobre que se trata de uma bolsa para carregar patins de gelo e que sua colega é uma talentosa, mas muito quieta, patinadora chamada Katakura Saaya.

Ela também conhece Saionji Tarou que se oferece para ser o treinador de Masaki, pois ele fica admirado pela habilidade esportiva dela. O problema é convencer seu pai... O que não acaba sendo um grande desafio, já que Masaki consegue argumentar que a patinação pode lhe ensinar habilidades a serem aplicadas no karatê e Katakura mostra um chute fantástico. Na mesma escola de patinação, também estuda o príncipe, ou Tachibana Kaoru. Como todo mundo, ele também acha que Masaki é um menino e fica muito empolgado em tê-la como rival. Masaki inicialmente, por querer se aproximar de Kaoru, não desmente o engano, mas sente-se triste por ele achar que ela é um menino. Por isso, ela procura um salão de beleza famoso para ganhar um "makeover" e se tornar alguém mais feminina.

Aí entra a minha personagem favorita na história: Nao. Ela é a dona do salão e revela que é uma transexual e que também sofria muito por ser considerada um homem, apesar de se sentir uma mulher. Acho que uma das frases mais legais desse mangá é dela: "Uma vez que eu me tornei quem eu queria ser, eu finalmente consegui me achar. Eu estava feliz. Foi como se o mundo todo tivesse mudado completamente de uma vez. Ainda que só fui eu quem mudou!". Enfim, ela dá o "makeover" que nossa protagonista queria. Masaki, precisa então aos poucos descobrir que não adianta sua aparência física mudar, mas ela precisa se esforçar para se tornar quem ela realmente quer ser.

Esse mangá me lembra bastante Inari, Konkon, Koi Iroha., que também é um shounen com protagonista feminina. Ambos ficam exatamente na linha entre um mangá shounen e o shoujo. Existem elementos de ambos os gêneros nessas duas histórias (ainda que Inari esteja um pouco mais inclinado para o romance do que I-Revo). Acho que a Masaki é uma protagonista bem fácil de gostar e de torcer por. Ela é determinada, desajeitada, divertida... Uma espécie de Cinderela as avessas, tendo tanto o Nao como o Tarou como suas fadas madrinhas. O romance fica em segundo plano, dando lugar ao desenvolvimento da Masaki como atleta, mas os momentos que há são bem bonitinhos, ainda que sejam de um relacionamento de amizade e não de amor romântico. 

  

Acredito que esse mangá teve seu final apressado, em função de um cancelamento ou algo assim. Uma pena, porque é um mangá carismático, leve e muito divertido. A arte é bonita e bastante eficiente, especialmente nas cenas de patinação. Gostei muito da narrativa explicando a rotina dos personagens, enquanto eles fazem as acrobacias de patinação, bem como alguns movimentos "estilizados" para representar a peça (tipo a Masaki com um saco de dinheiro, quando ela apresenta Robin Hood). Vou dar nota "9" e realmente lamento que tenha terminado tão cedo. Era um mangá com muito, muito potencial. É uma pena mesmo... Há um forte elenco de personagens, tanto principais como secundários, e eu gostaria de saber mais sobre cada um deles...

Esse mangá teve, praticamente, cada capítulo traduzido por um grupo diferente em inglês!

sexta-feira, 18 de julho de 2014

Maniakku ni Aishite

Eu não sou muito fã da Higashino You, mas os títulos que as editoras americanas dão para os mangás dela são tão engraçados e ridículos que eu acabo não resistindo e resolvo ler. Maniakku ni Aishite é um mangá dela que eu lembro que era mais ou menos popular há alguns anos, porque todo mundo que eu conhecia (que curtia yaoi) estava lendo... Ah, e esse mangá se encaixa na temática "Makeover", também!

Morita Takashi é um otaku. Ele adora meninas moe, com orelhas de gato e essas coisas. As pessoas costumam dizer que ele é nojento ou esquisito, só de olhar para ele: um cara grandalhão, com óculos, cabelo desajeitado e sempre lendo algum mangá. Um dos colegas dele Sakura Shunpei costuma provocá-lo e debochar dele por ser um otaku. Morita, em geral, não se importa muito com isso, mas acaba descobrindo que Sakura é gay ao vê-lo com um homem bem mais velho saindo de um motel. Isso só contribui mais ainda para confundir os sentimentos que Morita já vinha sentindo em relação a Sakura. Entretanto, quando ele resolve expressar seus desejos para Sakura, ouve como resposta: "quem iria querer ficar com um otaku que nem você?".

Com isso, Morita decide transformar sua imagem. Corta e tinge o cabelo, passa a usar lentes de contato... Tudo isso para conquistar a atenção de Sakura. Eventualmente, ele consegue a tão sonhada "segunda chance" e decide se tornar um otaku novamente... Um otaku só de "Sakura", ficando completamente obcecado por seu agora namorado. Aí o mangá se torna pervertido para caramba. Sério, é super explícito e cheio de smut.

  

Boa parte dos conflitos que tem na história são em função dos hábitos otaku do Morita acabarem afastando, de alguma forma, o Sakura... E tudo se resolve com sexo. Isso já é um tipo de marca registrada da Higashino You, fazer o que. Eu não sou um grande fã da arte dessa autora (acho que os rostos que ela faz são longos, angulosos e os olhos ficam altos demais na cabeça... Sei lá, são esquisitos), mas é uma opinião minha. Sei que ela tem muitos fãs por aí. Vou dar nota "5", porque é uma história mediana, com personagens meia boca, e cheia de cenas "lemon" (como vocês gostam de dizer por aí!). 

Parte do mangá foi traduzida para o inglês pelo grupo Chibitora. Depois, o mangá foi licenciado e publicado três vezes... Acho que é possível adquirir uma versão ebook. 

quarta-feira, 16 de julho de 2014

Cyboy

Além de se encaixar no tema que eu escolhi, "Makeover", Cyboy também se encaixa num outro tópico que eu curto: "bromance". Uma hora dessas vou ver se comento sobre isso. De qualquer forma, a autora desse mangá é a Nishikata Mai, que, para mim, é uma das campeãs em começar um mangá muito bom, se perder no meio do caminho e terminar com uma série "meh". 

Quando era mais novo, o protagonista Kujou Kiyosumi era tímido e desajeitado. Mesmo assim, na escola, ele se declarou para uma menina de quem gostava, mas ela tirou sarro dele junto de todos os outros colegas, dizendo que ele era "nojento" demais. Assim, ele pede ajuda de Sagiya Maki, o menino mais popular da escola no ginasial, para ajudá-lo a se tornar uma pessoa atraente, de quem os outros possam gostar. Maki acha a proposta divertida e interessante e concorda, passando a treinar Kiyosumi. No colegial, Kiyosumi é, agora, um dos meninos mais populares, junto de Maki. Kiyosumi acaba se apaixonando por Mikami Aran, uma de suas colegas. Entretanto, ela é a única garota com quem seus charmes não funcionam. Na verdade, ela parece ter medo e nojo dele. Kiyosumi acaba descobrindo que é porque o pai de Aran é um host, então ela não curte "bishounen", mas os dois acabam se aproximando de qualquer forma.

Eu achei esse mangá super-divertido e engraçado no início. O Kiyosumi até se presta a contar as quantidade de vezes que ele é elogiado e anota num caderninho! Acho que o ponto forte do mangá é o relacionamento do Kiyosumi e do Maki, que está a dois passos de tornar esse mangá shounen ai. Funciona muito bem. Tanto que as cenas mais legais e bonitas do mangá são entre os dois, deixando a Aran escanteada. Meio que nem acontece em Otomen. 

  

O final da história foi simplesmente péssimo. Não sei se a autora resolveu terminar de qualquer jeito ou se a revista cancelou a publicação, mas o final é vago, para dizer o mínimo. Fora que é pouco satisfatório, já que o relacionamento do Kiyosume com a Aran é quase inexistente. É uma leitura leve e clichê, mas também é divertida, ainda que seja um pouco frustrante. Eu diria que é algo para um leitor quer algo "descompromissado". Vai ler, rir um pouco e fim. Nada demais. A arte é bonita, pelo menos, eu gosto bastante do estilo dessa autora. Vou dar uma nota "7" para o mangá.

Vários grupos trabalharam na tradução desse mangá para o inglês, mas eu li a versão do Taciturnity Scans

segunda-feira, 14 de julho de 2014

Mishounen Produce

Vou fazer mais uma série de postagens temáticas! Dessa vez, eu escolhi o tema "Makeover", que significa um personagem que passa por uma mudança em sua aparência. Escolhi Mishounen Produce para começar, pois é um mangá que faz bastante tempo que eu queria ler. E também porque esse mangá da autora Ichinose Kaoru é curtinho: só quatro volumes.

Os protagonistas da história são de uma pequena cidade no interior. Como os dois eram as únicas crianças de lá, sempre foram muito próximos. Porém, ao entrar no ensino médio, eles vão estudar em uma escola em uma cidade maior. Logo de cara, as pessoas zoam o jeito de Yagami Kousei falar e agir, descrevendo-o como um caipira. A partir disso, Kahara Kako decide produzir seu melhor amigo e transformá-lo num cara popular e bonito. Ela tira a inspiração do seu mangá shoujo favorito, Lawrence and Rose, para tal. Entretanto, toda essa popularidade que Kousei vem recebendo faz com que Kako se sinta sozinha e com ciúmes dele. Eventualmente, os dois acabam se envolvendo com o show business e Kousei começa a fazer trabalhos como modelo e ídolo.

Apesar de eu entender que a Kako decide produzir o Kousei com boas intenções (ela não quer que falem mal dele), algumas vezes ela é bem chata com isso. Ela é insistente e não leva em consideração o que o Kousei quer ou não quer fazer. Foi bom que o Roi, o "personagem rival", tenha dado um reality check nela, apontando que ela é muito "mimada"... Mesmo que não tenha adiantado de nada. Depois que ela decide se tornar a produtora oficial de Kousei e fazê-lo "ganhar" dos rivais como ídolo, acho que o mangá ficou mais cansativo ainda. O Kousei é um personagem difícil de ler também. Claro, com certeza ele é o maravilhoso bishounen de sempre, mas ocasionalmente parece que há mais além do jeito alegre dele... Um tanto de possessividade e malícia talvez. Nada que seja exagerado ou perturbe.

Aliás, um clichê que já me cansou nos mangás: personagem que usa óculos tira os óculos e se torna super-lindo. Gente, é tipo o Clark Kent conseguindo disfarçar ser o Super-Homem só por usar óculos. A Kako é considerada sem graça na maior parte do tempo. É só ela tirar os óculos que é "uau, da onde essa menina linda veio?". Claro, esse mangá não é o primeiro nem o único a usar e abusar desse clichê, mas como uma cena dessas acontece uma vez a cada dois capítulos, é um tanto cansativo.

  

Eu não sei... Essa história parece agradar muitos leitores, mas ela falhou em me cativar. A arte é fantástica e algumas ilustrações são muito, muito bonitas. Ao ponto de eu parar de ler para admirar os detalhes em alguns momentos. Só que, tirando isso, nem os personagens nem o enredo me interessaram. Se há algo que eu gostei foi o relacionamento da Kako e do Kousei, que já é bem estabelecido desde o início. Vou dar nota "5", porque é isso que esse mangá é. Mediano. É um mangá bem típico, com algumas coisas legais e outras bem chatas. Não acho que seja o pior shoujo que há por aí, mas também está muito longe de ser o melhor.

A tradução em inglês é do Aerandria Scans e a em português, do Shoujo Scans

sexta-feira, 11 de julho de 2014

Kami nomi zo Shiru Sekai

Eu lembro que assisti a alguns episódios da primeira temporada do anime logo que saiu há alguns anos, mas não me interessei tanto assim. Vi que Kami nomi zo Shiru Sekai recentemente foi finalizado no Japão e resolvi dar uma segunda chance. O nome do autor dessa história é Wakaki Tamiki.

Nessa história, o protagonista é Katsuragi Keima. Considerado um otaku esquisito por seus colegas, na internet ele é conhecido como o "Deus da Conquista", porque ele é especialista em jogos de namoro (dating sim), consegue conquistar todas as personagens dos jogos e publica seus comentários em seu website. Um belo dia, ele recebe um e-mail o desafiando para uma conquista. Ele decide aceitar, pois, afinal, não existe uma garota (virtual) que ele não consiga capturar. Assim, ele acabou firmando um contrato com um demônio do inferno, Elsie, para ajudá-la a capturar espíritos que fugiram do inferno para se esconder no coração das pessoas. Esses espíritos só se escondem no coração de garotas e o único jeito de expulsá-lo é "preencher os espaços vazios no coração", ou seja, fazê-la se apaixonar. Keima se vê sem escolha, pois se ele se recusar a fazer isso ou falhar, ele vai perder sua cabeça.

Assim, o mangá começa a explorar as conquistas de Keima. Elsie identifica uma garota que tenha um espírito alojado em seu coração, Keima cria "eventos" para conhecer mais sobre a garota e se fazer ser notado por ela, e, aplicando seu vasto conhecimento em jogos, consegue conquistá-la. Há diversos tipos de garota: a atlética, a menina rica tsundere, a lolita, a ídolo, a menina "normal", a tomboy... E assim por diante. Tipos que Keima está acostumado a conquistar no seu PSP e, por isso, o fazem dizer seu bordão "Eu consigo ver o final", quando consegue estabelecer um plano para capturar a garota... e o espírito dentro dela. 

Enquanto Keima é extremamente inteligente, Elsie serve como um oposto. Ela é bobinha, ingênua e inocente. Os dois protagonistas acabam, assim, se complementando muito bem. Cada "captura" também é interessante a seu modo. Minha favorita foi a da Yui: Keima e ela trocam de corpos e agora Keima precisa ser "capturado", ou pensar da perspectiva da garota. Mais para a metade do mangá, é apresentado que a tal fuga desses espíritos é uma situação mais complexa do que inicialmente parece e, novamente, Keima terá que ajudar na situação.

  

As paródias e o humor estão sempre presentes nesse mangá, que é muito, muito engraçado. Fazia tempo que eu não ria tanto com um mangá. A arte é... Bem, eficiente. Ela é bonitinha. O Keima é uma das coisas mais legais desse mangá. Como protagonista, ele fica no meio termo entre um Lelouch e um otaku. Aos poucos, com as capturas, Keima acaba montando um harém de estereótipos para si... Acho que ele é um dos primeiros protagonistas que realmente merece (por vários motivos) o harém que conseguiu. Esse mangá, em termos de entretenimento/diversão ganha nota máxima. Agora, na minha opinião, vou atribuir nota "8".

Vários grupos trabalharam nesse mangá, mas o que ficou mais tempo, em inglês, foi o Red Hawk Scanlations.

quarta-feira, 9 de julho de 2014

Kimi ga Koi ni Midareru

Como eu já comentei, a Takanaga Hinako não se aguenta. Ela precisa escrever sobre os personagens secundários de uma série em outro mangá. Aí ela pega os personagens secundários desse outro mangá e escreve mais uma série sobre eles. E assim por diante. Kimi ga Koi ni Midareru está relacionado com outro mangá que foi comentado aqui que, por sua vez, se originou de outro ainda mangá dela. 

Kijima foi o rival que apareceu em Kimi ga Koi ni Oboreru para atrapalhar um pouco (mais) o relacionamento de Reiichirou e Jinnai. Agora, em sua própria história, Kijima está visitando uma loja e vê um kimono com um design maravilhoso, que o deixa boquiaberto. O criador dessa peça foi Ichikawa Yuzuki, um rapaz que diz não ser um artista e nem ter interesse em continuar trabalhando com esse tipo de coisa. Kijima não se dá por vencido e insiste com Ichikawa. Assim, ele acaba descobrindo que há um motivo para Ichikawa não querer ser reconhecido por um artista: ele conquistou o ódio de um rival que o persegue e tenta destruí-lo por onde ele vai. Kijima promete, então, proteger Ichikawa.

Eu já gostei do Kijima na primeira história que ele apareceu, então foi legal vê-lo de novo protagonizando um trabalho. Entretanto, o Ichikawa tem tanta personalidade quanto uma samambaia seca. Sério, não acho que ele seja muito diferente de outros ukes que a Takanaga Hinako ilustrou. Eu até estava torcendo para o rival dele estar certo e ele ser um cara manipulador e cruel mesmo. Teria sido bem mais interessante, com certeza. 

  

Eu acho que Midareru está no mesmo nível que Ochiru (a primeira história da série). Oboreru é apenas levemente melhor do que esses outros dois. No geral, esse mangá só não é tão sem graça quando era para ser em função do Kijima, que é um personagem legal. O "makeover" que o Ichikawa recebeu foi super sem graça também. Honestamente, não vi muita diferença nele no antes e no depois... Mas acho que isso é culpa da arte da Takanaga Hinako. Não gostei mesmo dessa história. De qualquer forma, vou dar uma nota "6", porque esse é um mangá bem mediano.

A tradução em inglês está sendo feita pelo Kagerou Scans. Vários outros grupos já trabalharam nesse mangá. 

segunda-feira, 7 de julho de 2014

In These Words

In These Words é famoso por aí. Talvez especialmente famoso porque as autoras conseguem derrubar qualquer site que o coloque para download, inclusive o 4chan, que é uma terra de ninguém cheia de anônimos. Eu comprei meio sem saber o que esperar (porque eu não sabia que era famoso) e acho que esse trabalho da dupla Guilty Pleasure tem vários méritos.

Asano Katsuya é um psiquiatra que é contratado para traçar o perfil e conseguir uma confissão do serial killer Shinohara Keiji. Foi o próprio assassino que pediu que Katsuya fosse o responsável por seu caso. Dado as circunstâncias únicas do caso, Katsuya também é submetido a circunstâncias únicas para ter contato com o assassino. Uma casa trancada e apenas um policial guardando-a, com uma consultório para interrogar Shinohara. Para completar, Katsuya tem frequentemente pesadelos sobre ser mantido em cativeiro, estuprado e torturado por um homem misterioso sem rosto. A grande dúvida inicial é: esses pesadelos são memórias, fantasias ou premonições? Ou Katsuya está enlouquecendo ao empatizar com as vitimas do assassino, que foram brutalmente assassinadas?

Eu confesso que logo de cara eu gostei da ideia, mas impliquei com várias coisas. Achei o máximo um mangá de investigação e a perturbação emocional do Katsuya. Essa história da casa no meio do nada com um serial killer me pareceu meio estranha, até nonsense. Decidi aceitar a premissa como era, para conseguir apreciar a história. Aí vem o capítulo 8 e dá uma bofetada na cara do leitor, o que faz tudo fazer sentido... Por um lado. Por outro, deixou a história mais confusa ainda e me fez questionar o que essas autoras estão tramando?

Os dois protagonistas da história, Katsuya e Shinohara, são muito interessantes por si só. Especialmente o Katsuya: ele é inteligente, sarcástico, audacioso... Mas não é infalível. Assim como o Shinohara se mostra um psicopata: sedutor, bem falante, inteligente... E extremamente violento e perturbado. As tirinhas em chibi no final do volume me deixaram mais perturbado que o mangá. Tipo, eu entendo um mangá que é feito para ser brutal, violento e perturbador. Só que aí as autoras desenham os personagens em chibi e brincam sobre o Katsuya se tornar a esposa de Shinohara, concluindo que isso daria muito trabalho e que é mais fácil sequestrá-lo mesmo. Como assim?! Foi um baita corta clima!

  

A arte é maravilhosa. Sério, muito linda. É detalhada e combina perfeitamente com o cenário obscuro e perturbador que as autoras estão desenvolvendo. Acredito que um leitor procurando algo sério e brutal vá se interessar por In These Words. Acho que quem não consegue ler um mangá com violência explícita deve passar longe dessa história. Apesar de alguns problemas, é um mangá bem construído e interessante, com uma premissa razoavelmente original (Simplex Deadlock Gaiden mandou um beijo), por isso, nota "9".

Esse mangá foi licenciado e é publicado pela 801 Media. Além disso, é possível adquirir os capítulos individuais cheios de extras diretamente com as autoras, através do site delas. 

sexta-feira, 4 de julho de 2014

Calorie

Calorie foi o primeiro mangá yaoi que eu li há muitos anos (acho que há uns sete ou oito anos). Apesar disso, está longe de ser um dos meus favoritos ou de ser considerado um dos melhores mangás que eu já li. Longe disso. Apenas achei esse mangá da Sakuragi Yaya "suficientemente bom" para me fazer ler outro mangá yaoi.

A história é sobre um grupo de três amigos. Toshiyuki sempre amou seu melhor amigo, Yasuhira. Sempre que precisava chorar por seu amor platônico, ele podia recorrer a Jun, o outro amigo dos dois. Entretanto, depois de quinze anos dedicado a Yasuhira, Toshiyuki decide que é hora de desistir desse amor impossível, e, para sua surpresa, Jun se mostra interessado nele romanticamente. Os dois começam a sair juntos e Jun acaba descobrindo que, por ter ficado tanto tempo preso só a um amor, Toshiyuki tem zero experiência em relacionamentos. Outra questão que atrapalha o relacionamento dos dois é Toshiyuki ter ficado tanto tempo apaixonado por Yasuhira, o que faz Jun temer que ele ainda possa ter sentimentos por esse outro. O que eu mais gosto nessa história é que o Jun é um querido. Ele é super carinhoso, dedicado e atencioso. Como não amar? Em contrapartida, o Toshiyuki é um chorão. Em defesa dele, ele não é tão irritante quanto a maioria que tem por aí.

A oneshot, chamada "Eyes that don't lie", é bobinha, mas agradável. Shou está em um relacionamento com Chizuru, que diz gostar muito da expressão que Shou faz quando está bravo. Por isso, Shou se comporta como um tsundere, quando, na verdade, o que mais queria era agir de forma apaixonada com Chizuru, o que não faz por medo que ele perca o interesse. Nada demais, mas também não é uma história ruim.

  

A arte é o padrão Sakuragi Yaya de arte. Muitos não são fãs do estilo dela (por exemplo, eu!), mas outros adoram. Acho que é uma questão bem de gosto mesmo. Há de se reconhecer, entretanto, que tudo é muito bem ilustrado e os personagens são bem expressivos. Em termos de história, não há nada demais. Acho que o grande ponto positivo desse mangá é ter personagens com interações interessantes entre eles. Vou dar nota "8".

A tradução em inglês é do Memory For You. Havia uma tradução em português, mas não sei se ainda existe por aí. 

quarta-feira, 2 de julho de 2014

Mabataki no Aida

Preciso terminar de ler um livro da Judith Butler para amanhã e estou aqui debatendo mentalmente se devo criar ou não a categoria "shounen ai" para o blog. Eu incluo tanto histórias leves (como Slow Starter) até as que são puramente pornográficas (tipo Ochiru Seija no Seppun) na categoria "yaoi", porque eu tenho dificuldade em traçar a linha entre esses dois. Só que agora eu li Mabataki no Aida e não sei o que fazer. Essa história, assim como Antique Bakery e Kinou Nani Tabeta? é um shounen ai levíssimo. Vou classificar como "yaoi" e "josei" temporariamente, até eu decidir como resolvo a questão dos marcadores. É um mangá da tal Sugu Neruko, de quem eu nunca ouvi falar antes (mas já adoro imensamente).

Hideaki (ou simplesmente Hide) muda-se para uma cidade nova com seus pais e tem dificuldades em fazer amigos, ficando solitário. Assim, ele conhece Harumi (ou apenas Haru), quatro anos mais velho, que se torna seu melhor amigo e companheiro de brincadeiras. Conforme os dois vão crescendo, os sentimentos de Hide em relação a Haru começam a mudar de amizade para amor. Ele procura esconder isso, em função da amizade, mas quando Haru anuncia que está para se casar, Hide cessa todo seu contato com ele. Cinco anos depois, os dois acabam se reencontrando. Haru está agora beirando seus trinta anos, viúvo e com uma filha pequena, Mina. Hide, assim, decide se reaproximar novamente de Haru e fazer tudo que puder para ajudá-lo, uma vez que ele sempre quis trabalhar com crianças. Essa nova reaproximação traz de volta os sentimentos de antes.

Em geral, as coisas se complicam quando aparece um terceiro personagem na história. No caso, Kuroda é o ex-namorado de Hide, que ainda tem sentimentos por ele. Nesse caso, é o contrário. Kuroda acaba conseguindo dar um empurrão no relacionamento dos dois, fazendo com que Haru fique ciente dos sentimentos de Hide por si. Ainda assim, Haru perdeu a esposa a pouco tempo e sente que ainda é muito cedo para se permitir começar um novo amor. Ele se desculpa com Hide e os dois seguem um relacionamento de amizade. 

  

Esse mangá tem um ar bastante melancólico e triste, bem como a história vai se desenvolvendo lentamente. Acho que a autora trabalha muito bem a atmosfera. Também é importante ressaltar o quão "reais" as atitudes dessas personagens soam. Você pode culpar o Haru por não estar pronto para um novo amor? Você pode culpar o Hide que, por mais que ele compreenda isso, se sente ansioso para ficar junto com quem amou por tanto tempo? Acredito que esse mangá é muito interessante, por isso vou dar nota "9". Apesar de eu adorar a arte, se eu fosse fazer uma crítica (e eu vou!), diria que o Haru é desenhado demasiadamente velho. A diferença de idade entre ele e o Hide não é tão grande e ele não é tão velho assim.

Esse mangá está sendo publicado simultaneamente no Japão e nos Estados Unidos, através do aplicativo MangaBox. Eu usei a versão de Android e achei bom... Entretanto, o layout é confuso e só é possível ler os primeiros cinco capítulos e os capítulos mais recentes. Ou seja, o meio da história fica faltando, a não ser que você pague. O pior? O layout é tão confuso, que eu não descobri como funciona a opção de pagar para ter acesso (simplesmente não achei). Claro, há algumas alternativas não-oficiais (só jogar o nome do mangá no Google)...