quarta-feira, 27 de março de 2013

Slow Starter

Sempre quando pego um mangá cujo título original é em outra língua que não japonês, fico me perguntando por que diabos a autora o escolheu. No caso de Slow Starter, o título é perfeito e combina perfeitamente com a história. Se foi premeditado ou não (as autoras costumam escolher títulos tão aleatórios para seus mangás), mas Ichikawa Kei acertou em cheio com essa.

Então, como o título indica, esse é um romance de progressão lenta e que tem um início tardio. Achei fantástica a atmosfera tranquila que a autora conseguiu criar nessa história, que se passa, na maior parte, dentro de um trem. Kiyo e Ino são dois rapazes que pegam o mesmo trem para ir para a escola, mas estudam em escolas diferentes. Conforme o tempo passa, todos os dias se vendo dentro do trem, eles começam a perceber mais a presença um do outro, sem nunca se falarem. Certo dia Kiyo adormece no trem e quem o acorda, para avisar que perdeu sua estação, é Ino. Desse momento em diante, começam a se falar sempre e se tornam bons amigos, ambos começando a apreciarem mais e mais esses momentos juntos no trem.

Como se conheceram em um trem e não são colegas, durante vários momentos os dois rapazes se perguntam que liberdades podem tomar e o que é cabível dizer ao outro. Os sentimentos afloram lentamente, fazendo com que fiquem mais ansiosos por se verem e mais decepcionados quando não se encontram no trem. Essa história é muito singela e delicada, sendo que o capítulo extra, que os mostra algum tempo após o colegial, encerra com chave de ouro a história. A minha parte favorita nessa história é quando há a declaração de amor. Em mangás, as declarações de amor podem ser desesperadas, fofas, românicas, tristes... Essa é simplesmente desajeitada! É tão desajeitada que se torna adorável. Os diálogos desse mangá, de um modo geral, são excelentes. 

  

Não que seja parecida em enredo, mas essa história lembra um pouco a atmosfera criada por Takarai Rihito e Tachibana Venio em "Seven Days". Essa sensação sutil, lenta e real. É interessante como os dois protagonistas passam a maior parte da história sem interagir diretamente um com o outro, apenas trocando olhares, e, mesmo quando interagem, não entendem a dimensão de seus sentimentos um pelo outro até o tempo ir passando. Nota "9" para Ichikawa Kei, que conseguiu dar um tom melancólico a esse mangá sem deixá-lo exageradamente dramático. 

Quem o traduziu para o inglês recentemente foi o grupo Moi-xRyu Scanlations. Esse mangá também está na lista de projetos futuros do BL Scanlations

2 comentários:

  1. Oi Faust,

    Olha como são as coisas: estava procurando aqui no blog se tinha uma resenha de Seven Days (estava pensando em comprar a edição digital pela Amazon mas queria ver se valia a pena), aí encontrei o post de Slow Stater...como sua resenha me cativou...fui ler Slow Stater! (Seven days está na fila)

    O que posso dizer...um mangá em que os personagens se conhecem num percurso de trem? Me conquistou! Eu sou ferroviária...os trilhos estão nos meus ossos, então juro que conseguia ouvir o barulho do trem enquanto lia o mangá. Aquele claq claq claq quando vc está dentro de um trem vazio fazendo caminho de volta para casa (muitos falam que um barulho de bater lata). Infelizmente não pego mais o trem vazio, mas durante muitos anos foi assim. Aquela troca de olhares entre passageiros . Quantas vezes num percuso eu ficava imaginando a história daquela pessoa sentada no vagão (oq esta pessoa está fazendo aqui esta hora, para onde vai, quem será que ela é?). Então para mim este foi um mangá que tocou muito pelo jeito que eles se conheceram.
    O jeito desajeitado que eles começam, a amizade que dia a dia se aprofunda. A expectativa de se encontrarem no trem e aquela melancolia de quando chegam no destino e tem que se separar...ah...poesia para mim..

    Obrigada pela sua resenha! Amei a história! Nota 10.

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    1. Oi Naelyan,

      Seven Days eu tenho que comentar uma hora dessas! É um dos meus mangás favoritos. ^_^ Acho que vale muito a pena, sim, comprá-lo. Eu comprei uma cópia física da Juné no ano retrasado (acho) e o trabalho deles foi bom. O drama CD também é ótimo~

      Eu concordo com você: o mangá consegue passar muito bem essa sensação. Nos dias de hoje é meio raro pegar um vagão vazio, mas é inevitável não dispensar um olhar aos outros passageiros e imaginar quem eles são. Também há algumas pessoas que você vê todo santo dia, mas nunca falou com elas e nem sabe quem elas são. Acho que é a plausibilidade e a verossimilhança que tornam essa história tão bonita e meiga. ^_^

      Fico feliz que você tenha gostado tanto desse mangá! Acho que é seguro dizer que você vai curtir Seven Days! hahaha ^_^

      Um abraço,

      Faust

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