sexta-feira, 2 de maio de 2014

Utsushimi no Hana

Há algumas comunidades por aí que eu gosto de visitar porque geralmente os mangás que os membros recomendam são do meu gosto e tal. No caso, Utsushimi no Hana estava lá sendo super-criticado e considerado um mangá muito ruim, com um uke irritante e afeminado. Nesses momentos, eu penso "pra que tanto ódio nesses coraçõezinhos?" e resolvo dar uma chance. Não sei se foi por culpa das minhas baixas expectativas, mas esse manga de Takahisa Tooru valeu a pena. E muito.

A história se passa no período Asuka, quando o Japão nem se chamava Japão ainda e atendia pelo nome de Wa. Tasuna, um jovem de uma família humilde, é vendido por seu padrasto para um ricaço em troca de perdoar umas dívidas. Ele consegue fugir desse destino, caminhando na floresta durante muitos dias em busca da montanha Naraya. Tasuna desmaia de exaustão e é resgatado por um homem misterioso, que acaba sendo justo a pessoa que ele estava procurando: Azeri, o artesão mestre em confeccionar artigos de ouro. O pai de Tasuna havia lhe falado sobre Azeri, pois os dois são originários do mesmo lugar (Baekje, ou o que seria a Coréia hoje). Tasuna implora para que Azeri o tome como discípulo, sendo que o outro aceita, um tanto relutantemente. Durante seu período como aprendiz, Azeri sempre diz que a técnica de Tasuna é boa e acurada, mas que não é isso que importa, fazendo com que Tasuna, assim, perceba a importância da originalidade em seus trabalhos e de procurar sempre se reinventar e aprender novas técnicas. Azeri também acaba revelando que sofreu um ferimento em sua mão, o que fez abandonar seu posto de trabalho na capital, e sobre seu desejo de retornar a seu país natal algum dia. Tasuna, assim, promete a seu mestre que os dois visitarão Baekje algum dia. 

Tasuna e Azeri vão gradualmente se aproximando mais e desenvolvendo sentimentos um pelo outro. Azeri decide, então, que Tasuna deve seguir para a capital sozinho. Tasuna confronta-o e acaba descobrindo que há outros motivos para ele ter decidido se isolar nas montanhas. Azeri acaba admitindo que ama Tasuna, dizendo que "Sim [eu te amo]. Por isso, se você continuar vivendo comigo aqui, eu nunca conseguirei deixá-lo partir". Acho que essa é uma das declarações de amor mais bonitas que eu já vi em mangá. Os dois, assim, se despedem. Tasuna passa a viver no vilarejo Karatachi, de imigrantes coreanos, buscando aprimorar suas habilidades de trabalhar ouro. Lá ele faz amizade com outros aprendizes, Jiyakushi e Jiu, que se tornam grandes aliados em outros momentos do mangá. Tasuna acaba ofendendo o príncipe Katsuragi e, para não ser morto, é obrigado a participar de uma competição contra um famoso artesão, Himushi. Quando Tasuna fica doente (por causa de uma armação de Himushi), Azeri vem a cidade para ajudá-lo no trabalho. O legal é isso. Ajudar. E não fazer as coisas por ele. No fim, o produto final - um altar para a deusa da misericórdia - é uma criação original de Tasuna, cheia de elementos diferentes do estilo tradicional de Himushi.

Eu acho que afeminado ou não, o Tasuna é uma personagem bem interessante. Acho legal o quanto ele é determinado para realizar seus objetivos, também demonstrando sua opinião e ponto de vista sobre as coisas de forma assertiva, e não desiste facilmente de lutar. Ele foge do seu destino miserável no final da história, luta contra bandidos e escapa da morte. Acho que ele tem, sim, vários méritos, fora que ele cresce bastante ao longo da história como pessoa e como artista. O relacionamento dele com o Azeri é bonito e delicado, sendo que a autora soube construir bem a relação. A arte desse mangá é simplesmente incrível. Os detalhes que essa autora desenha são fantásticos, tanto as flores, como os enfeites de ouro do Tasuna... Tudo é muito bem desenhado.

  

O enredo da história é interessante e vai além do romance. Temos uma história de metas pessoais, crescimento, objetivos, esforço... A vida do Tasuna é mais do que simplesmente o romance com o Azeri. Alguns mangás esquecem disso e exploram só a vida do casal enquanto um casal. Esse não. Explora ambos e faz muito bem. O cenário se passando em um período antigo e explorando a imigração coreana no Japão antigo é muito interessante. Acho que ainda não tinha visto um mangá que endereçasse essas questões. Vou dar uma nota "9" e realmente recomendo esse mangá a todos que gostam de um mangá yaoi com uma boa história!

A tradução em inglês é do Fantasy Shrine

6 comentários:

  1. Oi Faust,

    Nossa gostei tanto desta resenha que vou atrás deste mangá. Adoro ver histórias em que há algum tipo de superação, desenvolvimento pessoal e evolução. Não que não goste de lemons - tipo a Kuroneko series da Sakyo Aya. Mas hpa momentos que gosto de fechar o tablet sentindo que aprendi algo ou me tornei uma pessoa melhor...

    "A vida não tem só limonada. Tem chá também..."

    bjs!

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    1. Claro! As duas coisas são válidas. :)
      Eu, pessoalmente, adoro histórias que têm... história, por assim dizer, e algumas cenas mais quentes com contexto. Acho 1000 vezes mais sexy quando as cenas lemon têm um sentido/significado para a história. hahaha Mas isso sou eu! Não que eu não aprecie um doujinshi bem pervertido. hahaha ;)

      Um abraço!

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    2. Ah! História + Lemon ... Aí o resultado fica perfeito!! ^^~

      Vale até um post temático para o futuro... :p

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  2. Oi Faust!

    voltei para falar que li este mangá e nossa... amei a história!
    Gostei muito do Tasuna, não achei ele um personagem "irritante", pelo contrário, gostei da sua personalidade e até da sua força interior - não há como deixar de pensar se eu teria a mesma força de vontade e coragem para enfrentar as coisas que ele passou. Fora que adoro estes cenários históricos!

    Valeu por esta dica!
    Merece estrelinha! :)

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    1. Oi!
      Que bom que você gostou! Acho que o Tasuna tem várias características legais e os vários comentários que eu li sobre esse mangá acabaram esquecendo disso (e só se apegaram na aparência física dele). ^_^
      Cenário histórico + História legal + Personagens legais = AMOR! hahaha

      Um abraço,

      Faust

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  3. Mais um pro clube daqueles que adoraram esse mangá *o*

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