segunda-feira, 27 de outubro de 2014

Brother x Brother

Acho, às vezes, que eu devia renomear esse blog para "minhas opiniões pouco populares" ou algo auto-explicativo assim. Brother x Brother é bastante elogiado pelos leitores de yaoi, eu, entretanto, pra variar não curto muita essa série. Sempre fui meio relutante para ler, em função do título, mas, apesar de creepy em alguns momentos, esse mangá de Kisaragi Hirotaka não mostra incesto de facto.

Sonooka Souichirou recebe a notícia que seu pai faleceu. Desde o divórcio de seus pais há 8 anos, Souichirou não teve mais contato com ele e esteve morando com sua mãe. Entretanto, como seu pai, Shirakawa Kaoru, era um famoso e importante diretor de cinema, Souichirou volta à casa de sua infância, para ver as questões referentes a herança. Entretanto, lá ele dá de cara com dois irmãos mais velhos, Masato e Kaname. O pai dos três deixou em seu testamento que a casa será de quem viver lá durante um mês. Logo, os três "irmãos" passam a co-habitar a mansão, todos eles desejando a casa para si... Ou é o que Souichirou pensa, até surpreender Masato beijando Kaname e entender que o relacionamento de seus outros dois "irmãos" é mais complexo do que inicialmente parece.

Eu digo "irmãos", porque esses três não são irmãos nem por sangue e nem por convívio (eles só se conheceram depois de adultos). Masato é filho da segunda esposa de Kaoru, sendo, assim, enteado dele. Kaname é filho de uma parente distante de Kaoru, a talentosa e excêntrica atriz Nioka Sakurako. Assim, o único filho legítimo de Kaoru é Souichirou. Com isso dito, aos poucos a história vai nos apresentando mais sobre os dois "irmãos" de Souichirou... Masato sempre foi apaixonado por Kaoru, nunca o amando como um pai. Por isso, ele se aproximou de Kaname, que é muito parecido com Kaoru, e começou um relacionamento sexual com ele. Kaname, por sua vez, viveu uma vida traumática quando morava com sua mãe. Emocionalmente distante e sempre ocupada com o trabalho, Nioka Sakurako não dava amor a Kaname ou a seus vários maridos. Esses "padrastos" de Kaname o abusavam fisicamente e emocionalmente, o que faz que Kaname, agora, tenha "episódios" em que perde a consciência e busca conforto através de um relacionamento sexual com a coisa que estiver mais perto dele (ou seja, Masato), em decorrência de um Transtorno de Estresse Pós-Traumático. Faust, psicólogo, se pergunta o PORQUÊ de personagens fictícios nunca procurarem um atendimento psicológico/psiquiátrico, especialmente numa situação grave como essas. Mas né. Ficção é assim mesmo. Masato e Kaname desenvolvem esse relacionamento doentio buscando conforto mútuo.

Entretanto, a chegada de Souichirou acaba perturbando esse situação. Junto com ele, também surge Ogi, um diretor de cinema que está interessado em fazer um remake do mais famoso filme de Shirakawa Kaoru, que também estrela Nioka Sakurako. Nesse filme, ele deseja reunir os três irmãos: Masato como diretor de arte, Souichirou como o ator principal, e Kaname revivendo o papel que sua mãe interpretou originalmente. O problema é que os traumas de Kaname são todos em relação a sua mãe e ele justamente buscou um emprego fora do show business para escapar disso. As questões psicológicas de Kaname, os problemas que os irmãos encontram em função do filme e da casa, e os relacionamentos que eles estabelecem entre si são os principais assuntos que esse mangá aborda.

  

A arte é lindíssima. Sem reclamações quanto a esse quesito. Eu adoro autoras que conseguem desenhar de uma forma expressiva e Kisaragi Hirotaka consegue o raro casamento de "arte linda" com "expressiva". Meus dois maiores problemas com essa série são: o desenvolvimento dos personagens e o "comprimento" da série. Honestamente, esse mangá podia ter acabado no segundo volume. Ou, talvez, no quarto, porque o quinto volume foi completamente desnecessário. O desenvolvimento (ou falta de) dos personagens também está vinculado a essa questão. Tudo bem uma série ser superficial se ela será mais curta, mas quando se tem cinco volumes de um mangá acaba sendo frustrante que os desenvolvimentos sejam tão bobos e fracos. O Souichirou tem como papel na história ser perfeito e consertar os outros personagens, sendo que as próprias questões pessoais dele, que pareceram importantes no início (a raiva dele em relação ao pai, a preocupação por ser um ator amador, seus sentimentos em relação a mãe, etc), simplesmente somem para dar espaço a todo o amor dele em relação ao Kaname (que surge bem do nada). Uma coisa que as pessoas tendem a fazer é considerar qualquer coisa que seja triste/dramática como boa e profunda. Não necessariamente. Esse mangá é a prova disso. Se eu acho que esse mangá vale a pena de ser lido? Sim. Nem que seja só pela arte, que é muito bonita, ou pelo princípio de boas idéias. Vou dar nota "6".

A tradução em inglês é do Forever More e do Dangerous Pleasure.

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