sexta-feira, 7 de novembro de 2014

Nana to Kaoru

Achei Nana to Kaoru uma leitura muito interessante. Esse mangá mostra S&M com uma outra ótica e a dinâmica de relacionamento entre os personagens que dão nome a esse mangá ajuda a deixar a história mais legal ainda. Amazume Ryuta fez uma temática inusitada se tornar mais acessível aos leitores. Fica o lembrete de que esse mangá, apesar de ser uma história adulta, não é um hentai ou um ecchi. Não, esse não é o objetivo desse mangá.

Kaoru tem 17 anos, é um estudante e possui um fetiche por S&M (sadismo e masoquismo, caso alguém não seja familiarizado com esses termos, o que eu acho improvável hoje em dia). Ele sempre sonhou em ter um relacionamento SM com sua amiga de infância, Nana, que é admirada na escola tanto por sua beleza e corpo perfeito, como por suas notas. Apesar de terem sido grandes amigos na infância, os dois acabaram ficando distantes com o tempo, justo por terem amigos e status tão diferentes na escola.

Um dia, a mãe de Kaoru recolhe os "brinquedos" dele e os entrega para que Nana os esconda, com o objetivo de Kaoru se dedicar mais aos estudos. Nana acaba ficando curiosa com os brinquedos e experimenta uma roupa de couro... Mas acidentalmente tranca o cadeado e percebe que a chave não estava junto. Kaoru vem ajudá-la e a ajuda a destrancar o cadeado. Isso começa um estranho relacionamento para os dois: Nana estava muito estressada e com dificuldades de melhorar seu desempenho na escola. Após esse "episódio" com os brinquedos de Kaoru, ela se viu mais relaxada e conseguiu desempenhar melhor. Por isso, ela procura Kaoru, e os dois iniciam a fazer sessões de relaxamento juntos, que, é claro, envolvem o fetiche de SM que esses dois personagens têm.

O que eu achei que seria um mangá ecchi como os outros, cheio de fanservice e pouca história, se tornou um romance lento e muito bem elaborado. O conceito de S&M é bem explicado ao longo da história, descrevendo bem os aspectos físicos e emocionais por trás do SM e enfatizando que o objetivo da coisa não é "machucar o parceiro", mas sim a sensação de "ter o controle", no dominador, e a de "perder o controle", para o submisso. Além disso, o consentimento do parceiro é um dos aspectos mais importantes. 

  

O mangá é maravilhosamente bem escrito e captura muito bem as emoções dos personagens. Gostei bastante quando  Tachi entrou na história e deu mais uma movimentada nos sentimentos de Nana e de Kaoru um pelo outro. Esse mangá é fantástico e vale a pena de ser lido, com uma mente aberta para entender outro ponto de vista. Vou dar nota "9" e é uma leitura que me surpreendeu, mas me manteve entretido. 

Muitos grupos trabalharam na tradução desse mangá, que está disponível em inglês e, se não me engano, em português também.

quarta-feira, 5 de novembro de 2014

Missing Code

Missing Code é um mangá yaoi com mistério, investigação, arte, máfia russa, segredos e um ladrão com objetivos interessantes. Tudo para ser um mangá interessantíssimo. O problema? Mal conduzido. Não é culpa da Minase Masara, que "apenas" contribui com sua arte lindíssima (e estática) para esse mangá. A autora que escreveu a história, Katou Elena, teve idéias excelentes, mas se atrapalhou na hora de usá-las. 

Esse mangá conta a história de Kairi, que trabalha como assistente de um estudioso de artes e que recebe a tarefa de coletar informações sobre Shiro, um ladrão de arte, para ajudar a investigação policial. Esse ladrão misterioso sempre deixa uma rosa no local do crime... Quem está por trás desses roubos? O próprio Kairi! A máfia russa também está atrás do ladrão e enviam Alexis para pegá-lo. Alexis entra em contato tanto com Kairi quanto com Shiro, ficando fascinado por ambas versões dele (não demora muito para Alexis matar a charada). Kairi também fica intrigado por esse mafioso que não parece ser um mafioso e o deixa escapar em várias ocasiões. Parece interessante, né? 

O problema foi o desenvolvimento. Muito furado. Boa parte das ações dos personagens não foi sentido. Sério? A primeira coisa que você faz ao encontrar um ladrão é jogá-lo no sofá e começar coisas pervertidas com ele? Sério?! Tudo bem que os mangás yaoi costumam orbitar em torno do romance, sendo que o resto da história é só o cenário, mas me senti traído por um mangá que prometia tanto e ficava progressivamente mais confuso e terrivelmente elaborado. Enfiaram outro ladrão na história DO NADA, não desenvolveram nada e sumiram com ele. Não fez sentido algum! O final do mangá foi interessante, preciso dizer. Teve um "plot twist" legal sobre o Alexis e foi romântico e tal.

O desenvolvimento do mangá foi tão mal feito que ele não se desenvolveu nem como um "bom mangá de mistério com um romance interessante" nem como um "mangá romântico com uma história de mistério como cenário", ficando capenga de ambos os lados. Os personagens também foram mal caracterizados: poucas das ações do Alexis fizeram sentido e o Kairi não parava de falar sobre como ele tinha deixado os seus sentimentos de lado para conseguir vingança... Para chorar três quadrinhos depois, se questionar sobre o Alexis, e, na verdade, parecer um ladrão bem incompetente.

  

Em suma? A história, personagens e romance deviam ser melhor elaborados, porque há excelentes idéias que foram desperdiçadas. No fim, ler esse mangá me deu a sensação de que eu estava lendo uma versão barata, mal escrita e sem graça de Eroica Yori Ai o Komete. Tá, eu estou sendo malvado demais (é que eu realmente me decepcionei, porque o início do mangá é muito interessante). A arte é bonita, padrão Minase Masara... O que significa que a arte é estática, inexpressiva e é difícil de diferenciar os personagens, a não ser pelo cabelo. Ok, eu estou sendo realmente malvado. Nota "6".

Tradução em inglês foi feita pelo Dangerous Pleasure.

segunda-feira, 3 de novembro de 2014

Otokogokoro

E mais uma vez estou quase sem postagens! Vamos lá: Otokogokoro é um mangá perfeitamente "ok". Ou melhor, uma série de mangás que acompanham o mesmo casal. Eu sou um grande fã da arte da Kanda Neko e a arte dela foi o único motivo que me fez ler essa série. Como eu disse, é "ok", mas não é lá tão boa nem tão péssima assim.

Saki trabalha muito, sendo que um dia ele desmaia no meio da rua, tanto de exaustão como em função de uma gripe negligenciada por ele. Ele é socorrido pelo universitário Jun, que o leva para sua própria casa e cuida dele por dois dias. Saki, quando está se sentindo melhor, quer recompensá-lo pelo que fez, mesmo que Jun negue e diga que não precisa, e faz isso da forma pervertida que somente a lógica dos mangás yaoi permitiria. 

Mesmo após ter ido embora, Saki não consegue esquecer Jun, que é uma fofura, e resolve reencontrá-lo, descobrindo que Jun é garçom no restaurante de que é freguês e que ele já gostava de Saki há algum tempo. Assim, os dois começam a se encontrar, iniciando um relacionamento amoroso, apesar de terem 15 anos de diferença. 

Os personagens são bem clichê. O Jun é a combinação de tudo que me irrita num personagem (sendo de yaoi, como de shoujo ou shounen): chora e fica vermelho fácil (é mais fácil contar os quadrinhos em que ele NÃO está fazendo alguma dessas coisas), é submisso, vive em função da pessoa que ama e é completamente dependente dele... O Saki, por sua vez, está a dois passos de se transformar no seme de Punch Up. O que o salva é que o Saki é menos impulsivo e chato, e mais maduro. No geral, esse mangá é bonitinho. Docinho. Dois pombinhos apaixonados (tipo Honto Yajuu, mas menos engraçado e mais irritante). 

  

Para mim, esse é um mangá "ok" e só. Não é ruim, mas também não é bom. Otokogokoro (e suas sequels) é um mangá yaoi que segue fórmulas e clichês clássicos do yaoi, utilizando-os de uma forma que não incomoda o leitor, mas também não faz nada de novo. Em suma, o que me irrita nesse mangá é que ele é um yaoi típico que celebra a dicotomia seme x uke de uma forma tradicional e clichê. A arte bonita, como já é de se esperar da Kanda Neko, torna esse mangá mais tolerável. Vou dar nota "5", em função dos quesitos "arte" e "fofura".

A tradução em inglês é do September Scanlations. Otokogokoro é o primeiro volume da série, sendo seguido por Koibitogokoro, KoigokoroTokimekigokoro. Parece que o Addictive Pleasure trabalha na tradução dessa série para o português.