quarta-feira, 30 de abril de 2014

Ieraishan, Moyu

Eu estava caçando um mangá para baixar e acabei fuçando um fórum. Lá, uma pessoa estava pedindo por um link para baixar Ieraishan, Moyu, o primeiro mangá que essa pessoa leu há alguns anos. Fiquei curioso e baixei também. Não havia lido essa história de Oumi Shinano antes e acho que foi uma leitura interessante.

Essa história se passa no período entre as Guerras Mundiais. O repórter Ozaki Izuho está tentando conseguir um furo de reportagem na casa de um visconde, quando é descoberto pelo herdeiro Takayanagi Saki. Ozaki revela que está interessado na rara planta Ieraishan que, dizem, existe na mansão e que só floresce em ocasiões especiais. Também logo somos apresentados aos dois antagonistas da história e parentes de Saki, o tio Koujirou e o irmão Kaito. Acaba rolando uma atração mútua entre Ozaki e Saki, sendo que o repórter é convidado a retornar à mansão para ver a planta que nunca dá flores. Aí descobrimos que nem tudo é tranquilo na vida de Saki: ele é constantemente abusado sexualmente por seu irmão, que o odeia por ele ser um filho bastardo e, ainda assim, escolhido como herdeiro pelo pai dos dois. Saki se encontra novamente com Ozaki e descobre que seu pai está envolvido em vários escândalos com corrupção e subornos, o que é, na verdade, uma armação do tio Koujirou. Quando a polícia vem prender o visconde, ele comete suicídio. Saki, então, jura para Ozaki que irá se vingar de seu tio e coloca fogo no local em que estava, assim, aparentemente, morrendo no incêndio. Nesse momento, a flor Ieraishan floresce e se encerra o prólogo da história.

Na segunda parte, Saki está trabalhando em uma casa de prostituição masculina de luxo, sob o nome Ieraishan. Ele diz ter perdido todas as memórias, mas, ao reencontrar Ozaki, acaba confessando que esse não é o caso: ele ocultou sua identidade e seu passado para, através de seu trabalho nessa casa de luxo, conseguir se aproximar de políticos e nobres e obter informações que pudessem ajudá-lo na sua vingança contra o tio. Saki diz ter vergonha do seu "eu" atual e diz não se sentir digno de Ozaki, apesar dos dois se amarem muito. Eu estava jurando que o Saki era um badass, mas aí na oportunidade que ele tem de se aproximar do tio para se vingar, ele toma uma bebida batizada e acaba sendo leiloado para um bando de ricaços pervertidos... Tipo, ele sabia que o tio era super do mal, como ele nem desconfiou da bebida? O mangá começa a ir por ladeira abaixo, na minha opinião, porque Saki é estuprado por trocentos caras diferentes nos próximos capítulos, incluindo Kaito e Koujirou. Ozaki tenta salvá-lo mais acaba falhando e, de novo, temos Saki sendo estuprado na frente dele. Kudos pro Ozaki por ter dito "Erga a cabeça, Saki. Aqui, você não é o culpado. Sua elegância e pureza não vão evaporar por causa disso", já que em geral, nos mangás, a vítima de estupro é criticada e considerada igualmente culpada (o que eu acho uma baita babaquice). No final, tudo dá certo (com a ajuda inesperada do Kaito). O Saki novamente fala sobre não ser mais a mesma pessoa de antes (que ele se tornou uma pessoa pior) e o Ozaki responde que "você não mudou muito, a não ser por você estar mais esplêndido agora". Ozaki é um querido, apesar de (ou justo por isso) ser um personagem pouco desenvolvido, estereotípico e superficial. 

A arte é a típica arte dessa autora, ou seja, bonita, mas antiquada. Ou devo dizer clássica? Eu gostei da premissa da história: herdeiro traído, perda de memória, vingança! Mas não curti muito a execução. O Saki realmente parecia determinado e estar se esforçando para fazer alguma coisa, já que ele descobriu muitas informações sobre as tramoias e sacanagens do tio, que datam desde antes do nascimento do próprio Saki, mas achei uma pena um personagem potencialmente forte precisar ser salvo toda hora e ser tão dependente. O relacionamento dele com o Ozaki também é bem fraco e não foi tão bem desenvolvido... Sinto que a autora estava tentando fazer uma bela história de amor, inserir bastante enredo de vingança com um vilão super-sacana, e colocar o máximo de sexo possível. Por isso, ela acabou se perdendo: o romance ficou fraco, a história de vingança poderia ter sido melhor desenvolvida, e as cenas de sexo, sendo todas exceto duas envolvendo estupro, não foram sexy. Quer dizer, o leitor que gostar de sexo cheio de raiva, estupro, violência e coisas do tipo vai curtir. Eu não curto esse tipo de coisa e, por isso, não gostei dessa parte do mangá.

  

Acho que "apesar dos pesares" eu recomendo o mangá. Não é um mangá ruim. Na verdade, é uma história ambiciosa com muitas possibilidades boas. O que pecou mesmo, pra mim, foi a sucessão de abusos que o Saki sofreu. O fato de ele se prostituir não me incomodou, pois realmente é um bom jeito de se aproximar de poderosos (sempre foi e sempre será), então achei que é uma estratégia válida. Também achei legal o Ozaki ser compreensivo e não condená-lo por nada do que ele fez, já que tudo que o Saki menos precisava era alguém para recriminá-lo (já que ele já faz isso demais por conta própria)! Vou dar uma nota "6" para o mangá.

A tradução em inglês é bem antiga e foi feita pelo grupo Fifay.net.

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