sexta-feira, 2 de janeiro de 2015

Sangen Tonari no Tooi Hito

Que tal começar o ano com um mangá yaoi? Sangen Tonari no Tooi Hito, na verdade, é o mangá que deu origem a outro que eu já comentei. Interessante como uma boa autora, como a Suzuki Tsuta, consegue fazer uma história cheia de clichês ser legal.

A história principal tem como protagonista o estoico Kishimoto Mitsuya. Ele possui um semblante sério, mas consegue sorrir de forma carismática quando a situação pede, e é conhecido por não parecer se importar com nada e com ninguém. Justo por esse motivo que seus relacionamentos amorosos, sempre com mulheres com cabelo preto repartido no meio, não dão certo. Mitsuya, na verdade, ainda está preso ao seu primeiro amor: Noboru, o melhor amigo de seu irmão. Noboru é alguns anos mais velho do que ele e era apaixonado pelo irmão de Mitsuya. Ao perceber isso, um dia, Mitsuya não consegue mais controlar seus sentimentos e os confessa para Noboru, que o rejeita e desaparece de sua vida em seguida. 

Dez anos depois, Mitsuya reencontra Noboru, novamente seu vizinho. Ele decide desistir de seus sentimentos por Noboru e, por isso, quer declarar seus sentimentos e ser rejeitado novamente por ele. Algumas coisas nessa história dão uma sensação de realidade para a história: o primeiro amor idealizado, as dificuldades de um amor aparentemente impossível, arrependimento e culpa por coisas estúpidas que fez quando era jovem, e a impossibilidade de seguir em diante por estar preso ao passado. Acho que o Mitsuya, que é o personagem que nos dá acesso aos sentimentos e pensamentos dele, é muito verossímil e plausível de existir. O drama é mínimo, a comédia é pouca, o romance é pouco, e só há uma cena de sexo (e mesmo assim bem sutil). Talvez por ser um mangá morno (aqui não no mal sentido, apenas me referindo ao fato de não haver grandes dramas ou conflitos) que pareça tão plausível e real. Meu maior problema com a história foi a falta de acesso do leitor aos sentimentos do Noboru. Ficou parecendo (e foi dito por ele em sua fala) que ele não tem maiores sentimentos pelo Mitsuya e que só está se usando dele para satisfazer a sua curiosidade... Então, me questiono até que ponto esse mangá teve um final feliz.

Já a oneshot que acompanha também tem um enredo que eu já li algumas vezes, tanto em yaoi como em shoujo. Nagumo é um escritor que decide ficar alguns dias em uma hospedaria à beira mar, com esperança de se inspirar por esse lugar. Durante a noite, ele começa a experienciar estranhos eventos: um rapaz que caminha pelas águas conversa com ele. Ele acaba percebendo que há uma relação entre esse rapaz misterioso com Atsushi, o filho dos donos da hospedaria. Assim, ele tenta se aproximar do garoto para descobrir o mistério. Eu achei história meio previsível, mas gostei da forma que ela se desenrolou e dos assuntos que abordou.

  

A autora possui uma arte muito bonita, expressiva e clean. Assim como Merry Checker, que é relacionado a esse mangá, Sangen Tonari no Tooi Hito oferece uma história com uma sensação de realidade, também permitindo ao leitor acesso aos pensamentos de um personagem (em Merry Checker era Shio, aqui, é Mitsuya) que realmente parece pensar e agir como uma pessoa real. Apesar de não ser uma história movimentada ou complexa, acho que vale muito a pena a leitura, para os que querem ler um mangá maduro, e irei atribuir nota 8.

A tradução em inglês foi feita pelo Dangerous Pleasure.

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