Percebi que ainda não tinha comentado nenhum manhwa aqui, então aqui estou eu com Can't See Can't Hear But Love. Esse manhwa começou como uma webcomic, de um autor que atende pelo pseudônimo Nasty Cat. Esse é mais um dos meus comentários em que vou ser implicante e chato.
A narrativa desse manhwa é desencontrada e, se quisermos usar o termo, mais "psicológica" do que cronológica. O protagonista é Min Geun Soo, um artista de manhwas que adquiriu um relativo sucesso e, por isso, precisava trabalhar muito para sustentar a sua mãe, que tem algum tipo de doença mental e age de forma infantilizada. Ainda jovem e o auge de seu trabalho, ele fica cego repentinamente e de uma forma irreversível. Assim, de repente, ele perde tudo: seu trabalho, seu sucesso, seus amigos, sua mãe, seu dinheiro... e sua visão. Ele cai em desespero e tudo lhe parece não ter jeito. Entra em cena, então, Jeon Son Ri. Ela é uma grande fã do trabalho de Min Geun Soo e, quando ele entra de repente em hiatus, ela decide ir visitá-lo. Aí que vem a grande questão da história: ela é surda desde o nascimento.
Mesmo sem conseguirem se comunicar verbalmente, os dois conseguem se entender e desenvolvem diversas estratégias para tal. Ele digita em seu notebook para ela, que lhe responde escrevendo letras no braço dele. Ele ouve a campainha tocar, a cutuca e indica a porta para ela. Ela vê que algo está no caminho dele e o puxa pelo braço. Dessa forma, os dois conseguem se auxiliar e se entender. O manhwa é muito bonito e enfoca em como as relações humanas podem ser desenvolvidas, mesmo da forma mais improvável. As emoções são trazidas de uma forma muito expressiva e o modo que o autor constrói as páginas e ilustra os personagens funciona bem para isso. Algumas páginas, sobretudo as que se referem a quando o Min Geun Soo a recém perdeu a visão, me deixaram angustiado, com um aperto no coração. Outras, os momentos bonitinhos e felizes deram aquela sensação boa e agradável. Acho que esse manhwa consegue demonstrar muito bem as particularidades de um relacionamento humano.
Se eu tiver de escolher algo para implicar (e é claro que eu irei), eu diria que a caracterização da Jeon Son Ri me incomodou. Para mim, ela é a típica Maniac Pixie Dream Girl, um estereótipo e uma fantasia tentando se passar por uma representação realista. Esse tipo de personagem é uma personagem do sexo feminino com uma personalidade excêntrica, alegre e muito feminina que serve como interesse romântico para um personagem do sexo masculino taciturno e deprimido (um vídeo explicativo muito interessante aqui). O único propósito na existência da Manic Pixie Dream Girl é deixar o personagem masculino feliz e seguir com seus sonhos. É assim que a Jeon Son Ri é retratada na história, de uma forma estereotipada e infantilizada. Eu faria uma análise sobre ela e a mãe dele, as duas personagens femininas de maior importância na história e a forma que foram retratadas, mas deixa assim...
A arte é criticada na maior parte das resenhas que eu vi por aí, mas, honestamente, ela não me incomodou. Muito pelo contrário. Eu não diria que ela é bonita, mas é empregada de um modo a transmitir emoções perfeitamente. Acho que o autor utilizou-se muito bem de seu estilo. Quando a história é séria, a arte fica dramática, sombria. Quando estamos com um momento cômico, os personagens se transformam em chibi. É uma história com uma mensagem positiva e bonita. Vou dar nota "8".
Eu li em inglês e muitos grupos trabalharam na tradução dessa webcomic.