sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

Rules (e seus doujinshi)

Finalizando esse universo de histórias, hoje vou falar sobre Rules, que é a "história principal" por assim dizer. Naturalmente, é mais um trabalho da Miyamoto Kano, e, felizmente, dessa vez, ela escreveu poucos doujinshi!

No primeiro volume, Konoe Yukio, logo apelidado de Yuki, é um estudante do colegial que está apaixonado por seu melhor amigo, Suzuki Atori. Os dois se conheceram e se tornaram amigos através de seu passatempo em comum: escrever histórias. Yuki sabe que Atori não tem interesse por homens e, por isso, não tenta confessar seus sentimentos a ele. Um dia, Yuki vai até o distrito famoso por seus bares gays e conhece Taira Hikaru, passando a noite com ele. Na escola, ele acaba admitindo para Atori e seus amigos que é gay e mente estar namorando Hikaru. Atori aceita bem a revelação de Yuki e oferece apoio. Entretanto, Yuki, em outro momento, acaba admitindo para Atori que, na verdade, é apaixonado por ele e que está com Hikaru em um relacionamento puramente sexual. Achei interessante como o Atori achou mais problemático o fato de Yuki estar num relacionamento casual do que estar apaixonado por ele...

De qualquer forma, essa confissão nos encaminha para o próximo volume, que tem Atori em mais destaque. Ele, a partir da confissão de Yuki e de comentários de Hikaru, fica confuso a respeito de sua sexualidade. Assim, ele entra em contato com Shinomiya Tooru, que Hikaru lhe apresenta, para conversar sobre isso. A conversa acaba levando a uma noite juntos, e essa noite acaba se estendendo em um relacionamento estranho. O doujinshi If Winter Comes, Can Spring Be Far Behind? acontece simultaneamente ao segundo volume de Rules, falando sobre os sentimentos atuais e passados de Hikaru em relação a Hitomi (de Hydra) e a Yuki.

No terceiro volume, conforme o relacionamento dos dois se torna mais profundo, Atori tem dificuldades em lidar com o fato de Tooru trabalhar como um prostituto, mas, na verdade, o que mais lhe preocupa é que Tooru foi apaixonado por um senpai seu que faleceu (conforme é detalhado em Lovers and Souls). As dificuldades de relacionamento dos dois também são abordadas em Song Birds, um doujinshi que se passa imediatamente antes do final do terceiro volume. No doujinshi Another Day on the Planet, que é bem maluco, se toca num assunto interessante: o fato da primeira e única experiência amorosa e sexual do Yuki ser com o Hikaru, então nesse doujinshi ele, por estar se sentindo abandonado por Hikaru, acaba se envolvendo com um colega, Akino. Já em Double Trouble, Yuki suspeita que tenha sido traído por Hikaru e busca a ajuda de Atori para descobrir se Hikaru realmente gosta dele. Por fim, há uma novel curtinha sobre Atori e Tooru chamada Rules - Another Story

  

Quanto ao doujinshi Dreamers High, ouvi dizer que ele é considerado parte de Rules, mas algumas pessoas que o leram dizem que ele aborda uma história totalmente diferente. De qualquer forma, não está disponível na internet. O doujinshi Overload também não está, mas porque a autora o publicou originalmente em inglês, então nenhum grupo quis traduzí-lo. Por isso, não pude ler essas duas histórias. Overload se passa entre os doujinshi comentados acima e a nova história Rules - 2nd Season, que começou a ser traduzida muito recentemente. 

Rules, assim como outros trabalhos dessa autora, é uma leitura muito interessante por não abusar dos clichês dos mangás yaoi. Sim, menino apaixonado pelo amigo procurar relacionamento com outro cara é comum. Ou personagem sofrendo em função do passado de seu amado também é bem comum. A questão aqui é a execução. A forma que a autora narra a história, bem como os personagens que ela estabelece, se diferenciam do que se vê por aí, tornando essa leitura muito refrescante. Como a autora já estabeleceu e desenvolveu muito bem os personagens do Hikaru e do Tooru, as ações e atitudes de ambos faziam muito sentido na história. Nós, os leitores, sabíamos de acontecimentos nas trajetórias deles (Hikaru e seu romance fracassado com Hitomi, que, assim como Yuki, estava apaixonado por outro cara e só ficou com Hikaru para esquecê-lo, por exemplo) que os demais personagens não imaginavam, então é uma experiência interessante ler Rules na ordem certa, para conhecer bem as personagens que habitam a história.

Entretanto, isso não significa que os personagens Yuki e Atori sejam fracos. Pessoalmente, não curti muito o Yuki, mas acho que as ações dele fazem sentido dentro da caracterização que recebeu e acho que ele é mais complexo do que aparenta a primeira vista. O Atori foi interessante, porque, apesar de ser considerado "não muito inteligente", ele é o tipo de personagem que pensa demais. Por causa disso, ele, às vezes, surpreendia com as coisas que dizia e ações que tomava. Com certeza, um personagem interessante. 

  

Ok, já escrevi demais. Rules é uma leitura interessante. Até acho que é possível ler essa história sem ter lido Hydra ou Lovers and Souls, mas a história e seus personagens se tornam mais ricos se o leitor já os tiver conhecido nesses trabalhos anteriores. A arte, como eu já disse, é bonita, realista e expressiva. Algo que eu não lembro se apontei em Hydra, mas como a história se passa ao longo de meses (e, em Hydra, de anos), as aparências dos personagens mudam. Os cabelos crescem, são cortados, são tingidos, piercings e tatuagens são feitos, etc. Vou atribuir nota "10" a Rules, porque acho que é, de forma geral, um trabalho excelente e diferente do que se encontra no geral. Vale a pena ler só para conhecer uma história que destoa dos clichês que se espera.

A tradução em inglês de Rules e seus doujinshi foi feita pelo Liquid Passion.

quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

Lovers and Souls

Esqueci que antes de chegar em Rules propriamente dito temos de passar por Lovers and Souls! Apesar de ter sido o primeiro trabalho de Miyamoto Kano, com certeza é um dos meus favoritos. A história que dá nome ao título é incrivelmente bem construída e de partir o coração.

Assim, Lovers and Souls é o título da primeira história desse volume. Nela, Shinomiya Tooru é um estudante de artes muito conhecido por ser bonito e indiferente. Ele concorda em ser um modelo para Matsuoka Satoshi, um estudante de fotografia, em troca de dinheiro. Satoshi lhe oferece dinheiro extra se ele concordar em transar com ele, o que Tooru, que é indiferente também em relação a como seu corpo seja usado, aceita. Isso faz com que ele acabe também trabalhando em um bordel masculino, onde conhece Taira Hikaru (que, novamente, é o melhor amigo que se pode ter). Gradualmente, entretanto, Tooru começa a se interessar mais por Satoshi e a perguntar mais sobre ele, ao ponto que não precisa mais ser pago para encontrá-lo. Tooru é um personagem que diz não entender o que é amor e nunca ter se apaixonado antes. Infelizmente, nessa história, ele acaba aprendendo o que é amar alguém de uma forma bastante triste e comovente. Fazia tempo que uma história não me comovia tanto. Esse capítulo é muito bonito e bem escrito e só isso já vale a leitura.

Fragile (doujinshi de Rules)
Interrompemos nosso comentário habitual sobre o mangá para falar sobre Fragile, que é um doujinshi de Rules que se passa entre o primeiro e o segundo capítulo desse mangá. Nele, vemos que Tooru está num relacionamento sexual com Shige e que ainda está lidando com seus sentimentos em relação a Satoshi.

De volta ao mangá: o próximo capítulo, Vanity, dá continuidade à história de Tooru, que segue sofrendo por Satoshi não estar mais com ele. Assim, ele dá em cima de Hikaru por achá-lo parecido com Satoshi. Mais uma vez: o Hikaru é o personagem mais legal (no sentido de "boa pessoa") dessa série, pois ele ajuda Tooru a expressar melhor seus sentimentos pelo Satoshi e o encoraja a tentar ser feliz de novo. Acho que o que Tooru diz sobre si mesmo explica bem a sensação desse capítulo, bem como do doujin que o antecede: "eu pareço ser o único que foi deixado para trás, imóvel, enquanto o mundo continua a girar para todos os outros". O capítulo Sleeping Beauty demonstra os sentimentos de Satoshi por Tooru em acontecimentos antes da história contada em Lovers and Souls.

Agora, que eu saiba, esses dois próximos capítulos não tem nada a ver com Rules, mas já que estamos aqui, vamos falar sobre eles. No último ano de escola, Nozaki Akihiko admite para seu melhor amigo, Kai Masami, que ele é gay e que está num relacionamento com um cara mais velho. Os dois seguem sua amizade como sempre, mas Kai fica muito curioso em relação a Nozaki e começa a vê-lo de forma diferente. Os dois iniciam um relacionamento após Nozaki terminar com seu namorado e, apesar de estarem felizes juntos, isso acaba causando preocupações para ambos. Nozaki não tem certeza se pode, realmente, confiar nos sentimentos de Kai e se entregar ao relacionamento. Em contrapartida, Kai tem ciúmes do ex-namorado de Nozaki. Apesar de bem menos profundos ou dramáticos que a história principal, esses dois capítulos contam de forma eficiente uma história que, mesmo clichê, foi bem conduzida pela autora. Ambos os personagens são verossímeis e interessantes. Acho que o segundo capítulo, em que temos acesso aos pensamentos de Nozaki sobre a situação, torna a história ainda mais legal, porque da forma que o primeiro capítulo encerrou poderia dar a impressão que os personagens estavam justo apenas por "pena" ou "solidão".

  

Acho que mesmo para quem não quiser mergulhar nos universos (seja Hydra, Rules ou Calling) da Miyamoto Kano, Lovers and Souls é uma boa leitura, pois funciona bem independente das demais histórias da série. Em Rules, teremos continuidade à história de Tooru, o que eu acho muito positivo, pois quero que "o mundo volte a girar" e que ele consiga seguir em frente. A outra história que faz parte desse volume é menos complexa, mas ainda assim é uma leitura divertida e agradável. Não preciso elogiar a arte da Miyamoto Kano, porque é evidente que é muito bonita e real. Vou dar nota "10" para Lovers and Souls.

Tradução em inglês foi feita pelo Liquid Passion, é claro.

segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

Hydra (e seus doujinshi)

Eu acabei demorando mais que gostaria para ler esse mangá... É que é tão chato ir catando os doujinshi... Vou fazer esse post numa estrutura diferente da que eu normalmente uso nesse blog (minha personalidade obsessiva me faz sofrer por isso, mas é que não tem outro jeito), para poder comentar e listar todos os doujinshi que fazem parte da linha do tempo de Hydra. Obviamente, todos esses doujinshi são de autoria da Miyamoto Kano.

Kiss (doujinshi de Hydra)
Cronologicamente, essa história dá continuidade ao que já foi apresentando em Please. Temos Utsumi Ryuu alguns anos mais tarde e em outra escola, prestes a ser transferido novamente. Seu colega, Sakai, acaba declarando seus sentimentos para Ryuu, quando fica sabendo da transferência, e recebe um beijo como despedida.

Kiss After (doujinshi de Hydra)
Obviamente, segue o que foi começado em Kiss: Sakai, não satisfeito com como as coisas terminaram com Ryuu, o procura em sua casa para conversar melhor sobre isso. Nessa história que Ryuu menciona ter acabado de fazer a tatuagem que tem uma importância em Hydra.

Skies (doujinshi de Hydra)
Aqui, um conflito que permeia os primeiros capítulos de Hydra começa a ser explicado: Itou Yuuji, o líder de um grupo, pega uma implicância por Ryuu e resolve ensinar uma lição a ele. Taira Hikaru é um amigo de infância de Itou e, apesar de não estar interessado em brigar com Ryuu, é quem escuta sobre ele ter um segredo (lembram? Ele é o responsável pela morte de outra pessoa, conforme é abordado em Please).

  

Hydra volumes 1 até 8
Finalmente, vamos começar a falar de Hydra per se. Hitomi Naoyuki volta para a escola depois de ter passado algum tempo afastado, em função de um acidente de motocicleta. Nesse meio tempo, Utsumi se transferiu para a escola (conforme é mostrado em Skies) e, por isso, Hitomi não o conhecia. Ele fica curioso por Ryuu ter essa "aura" estranha a seu redor, bem como boatos de que ele derrotou a gangue do Itou sozinho e que tem uma tatuagem de yakuza nas costas. Com a motivação inicial de querer ver e desenhar a tatuagem que Ryuu tem nas costas, Hitomi começa a se aproximar de Ryuu e a fazer amizade com ele. Tudo vai muito bem, até que na escola começam os boatos sobre Ryuu ter matado uma pessoa. Apesar de Ryuu ser estigmatizado e excluído na escola, Hitomi e Satou Sumika, uma menina que ele conheceu ainda em Skies, seguem sendo seus amigos e Taira também começa a sair com eles. Isso só serve pra irritar mais Itou, que está determinado a infernizar Ryuu e até seus amigos para atingí-lo. Ele acaba machucando Satou, que deixa o grupo para ir morar com sua família nos Estados Unidos. Os outros três rapazes seguem suas vidas e começam um estranho triangulo amoroso: Ryuu gosta de Hitomi, mas já decidiu, em função da culpa que sente, que jamais irá amar alguém; Hitomi também gosta de Ryuu, mas acaba se envolvendo com Taira por ter seus sentimentos rejeitados; e Taira acaba gostando mais e mais de Hitomi, apesar de saber dos sentimentos dele por Ryuu. Taira e Hitomi iniciam um relacionamento sexual, e Ryuu se distancia cada vez mais deles.

Blue Film First (doujinshi de Hydra)
Um doujin bem curtinho... Serve - além de ser bem pervertido para os padrões da autora - para ilustrar a confusão nos sentimentos do Hitomi, que gosta do Ryuu, mas o vê como alguém inalcançável e se culpa por estar num relacionamento sexual com Taira.

Hydra volume 9
Não tem como explicar esse volume além de dizer que é onde os personagens resolvem, finalmente, encarar seus próprios sentimentos e falar. 

Heavenly (doujinshi de Hydra)
E essa história se passa nos tempos de colégio, sendo que o Taira percebe que seus sentimentos por Hitomi são mais duradouros que ele inicialmente imaginou.

  

Hydra volumes 10 e 11
E aqui as coisas ficam tensas pra caramba! Interessante como a autora construiu a história de um jeito que um personagem que eu já tinha esquecido que existia aparece e se torna relevante novamente. De certa forma, era esperado, mas a forma que a história se desenvolveu me pegou de surpresa. Esses dois últimos volumes foram muito comoventes. Lá pela metade do volume 11, eu achei que a história estava se encaminhando para um final melancólico e triste, mas esse não foi o caso. Felizmente, a história do Taira (que agora passará a ser chamado de Hikaru) terá continuidade nos próximos volumes da série.

The Days Before (doujinshi de Hydra)
Nesse epílogo, temos a visão do Ryuu sobre os momentos que antecedem o final de Hydra. Ele também conversa com Tomo, um estudante do ginasial, sobre ser gay e sobre encarar seus sentimentos. 

Real Thing (doujinshi de Rules)
Nessa história, Taira começa um relacionamento com um veterano da universidade, Kagami. E é mais uma história da série "Taira só tem azar no romance"! Estou muito curioso pra ver como as coisas vão se desenrolar em Rules, porque eu estou com muita pena dele. Cronologicamente, na real, eu acho que essa história se passa na metade do volume 11...

Hello Again (doujinshi de Rules)
...E essa também, com certeza se passa antes do final de Hydra, durante o volume 11. E também faz parte da série "Taira só tem azar no romance". Não tem muito enredo acontecendo, apenas serve pra reiterar os sentimentos de Taira e Hitomi. E propiciar um pouco de eye candy, é claro.

Ufa! Acho que esse post só não é mais longo do que os meus mimimis falando de um mangá da Takanga Hinako e de outro da Takarai Rihito. Entretanto, não tinha como falar de Hydra sem fazer uma postagem longa. Espero que eu tenha conseguido expressar o quanto essa série é complexa. Todos os personagens são humanos. Nenhum deles soa como uma caricatura ou como uma personagem plana. Justo o oposto: todos tem múltiplas nuances. O Taira que era um personagem tão desinteressante nos primeiros capítulos que ele apareceu acabou progressivamente se tornando meu personagem favorito dessa história. Estou curioso para vê-lo em Rules.

  

Acho que por ter lido uma quantidade significativa de mangá, e especificamente de mangá BL, eu posso afirmar com certeza: Hydra é um trabalho muito especial nesse universo de zilhões de mangás clichês. Poucas histórias são tão complexas como essa e não por uma questão de ter trama complicada. Na verdade, a história de Hydra é muito simples: é uma história de amor. Era para ser simples, mas as questões mais humanas e profundas acabam complicando um enredo que, nas mãos de outra autora, poderia ser simplório. Acho que não é fácil ler Hydra, porque, em primeiro lugar, é um saco ler em ordem. E, em segundo, porque não é uma história simples. Muita gente dá nota baixa pra esse mangá e vi muitos comentários dizendo o quanto o Hitomi e o Ryuu são pessoas horríveis. Apesar de eu ter pena do Taira (sério, ele é o melhor amigo que se pode ter), não concordo com esses comentários endemonizando os outros dois protagonistas. Novamente, acho que o que incomoda o leitor ao lidar com esses personagens é o quanto eles soam reais, justo por serem cheios de falhas e defeitos. E eu acho isso mais interessante do que os perfeitos bishounen que se acha aos baldes por aí. Vou dar nota "9" e recomendo a leitura... Mas aviso o leitor que se interessar para se preparar para ler, porque uma série de coisas podem incomodar. Na verdade, as únicas coisas que eu não curti muito na história foram: 1) Satou ter sumido durante boa parte da trama, apesar de ser uma personagem super legal e ter uma importância na história; 2) não termos visto o que aconteceu e como ficou o Itou, que também é outro personagem merecedor de pena; 3) faltou romance no final e nos epílogos, o que é uma pena. A arte, aliás, dispensa comentários: bonita, real, expressiva e eficiente.

A tradução em inglês de Hydra e de seus vários doujinshi foi feita há muitos anos pelo Liquid Passion

sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

Please

Resolvi reler Rules, o que sempre dá muito trabalho. Apesar de não ser uma história muito longa, Miyamoto Kano escreveu doujinshi, oneshots e uma história relacionada, que complementam o universo criado em Rules. Por isso, é sempre um saco ir catar as histórias que fazem parte dessa cronologia para ler na ordem certa. Então, vou começar com Please, sendo que apenas o último capítulo está relacionado a esse universo. 

Na história principal, o professor Sakura conhece Ryouichi em um prostíbulo masculino e paga para passar uma noite com ele. Os dois acabam trocando contatos e iniciam uma relação baseada em dinheiro. Sakura, em seguida, contrata Ryouichi para que passe a semana com ele. Os sentimentos de um pelo outro começam aos poucos a mudar, mas Sakura ainda está tentando superar o término do relacionamento em que estava antes, e Ryoichi precisa lidar com as personalidades diferentes e com a incapacidade de Sakura em admitir seus sentimentos. Essa história é decente, mas não muito mais do que isso. O clichê "prostituta com um coração de ouro" é usado e abusado pela literatura de forma universal (Lucíola, alguém?), e eu não achei que certas atitudes do Sakura foram perdoáveis, então o Ryouichi (assim como a Lúcia) é um santo por aguentá-lo. Não que a história seja ruim - a arte e os diálogos ajudam a torna-la melhor -, mas acaba sendo cansativa por ser tão clichê.

No último capítulo, temos o início do universo Rules: Utsumi Ryuu é um estudante que costuma não se relacionar muito com seus colegas. O motivo para tal é que ele esteve envolvido em uma briga há um ano e acabou matando outro rapaz. Apesar de ter sido absolvido do crime, pois foi em defesa pessoal, ele sofre pela culpa que sente e é estigmatizado pelos outros. Por isso, ele se muda de cidade frequentemente e, às vezes, precisa interromper seus estudos. Um dia, enquanto observa o oceano, ele conhece o americano Joseph e seu cachorro Lad, que acaba sendo alguém com quem Ryuu pode conversar. Essa história tão curtinha, e que tem tremenda importância para compreensão do personagem do Ryuu ao longo de Hydra e seus doujinshi. Com certeza, esse capítulo é superior à história principal, especialmente no quesito "desenvolvimento e estabelecimento de personagens".

  

Eu gosto muito da arte da Miyamoto Kano. É limpa, expressiva e real. Os personagens ilustrados por ela sempre tem um design interessante. E, importante dizer, não só suas personalidades evoluem ao longo da história, mas suas aparências mudam, conforme eles crescem, amadurecem, se desenvolvem e mudam. Observem o Ryuu nessa história e comparem a como ele está em Hydra, para verem o quanto os acontecimentos de "A Bird at Sea, A Door in the Sky" o influenciaram. Miyamoto Kano é uma mestra em ilustrar personagens extremamente humanos e logo nesse mangá já podemos ver isso. Entretanto, Please, que já é muito bom, está longe de ser o melhor trabalho dela. Nota "8" para Please e seguimos com Hydra e Rules na próxima semana!

Tradução em inglês pelo Liquid Passion.

quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

Kowarekake no Omocha

Não curto muito a CJ Michalski, apesar de a arte dela ser bonitinha. Na verdade, a arte dela é bonitinha demais, então fica parecendo que os personagens todos têm 8 anos de idade, e eu sinto como se estivesse lendo shotacon. Mas, de qualquer forma, Kowarekake no Omocha é um trabalho dela que, surpreendentemente, estava na categoria "seme x seme" do MangaUpdates e, por isso, me deixou curioso.

Shinobu é o filho mais velho de uma família enorme e cheia de problemas financeiros. Assim, ele vai trabalhar em uma mansão para o garoto rico que mora lá, Kengo. Seu trabalho era para ser de companheiro para brindeiras, mas Kengo logo de cara deixa claro para Shinobu que ele é um de seus brinquedos e que seu trabalho é entretê-lo. Com o passar dos anos, as  brincadeiras se tornam sexuais. Shinobu teme que Kengo o jogue fora quando enjoar dele, como ele faz com tudo que tem, e deseja se afastar de Kengo. Essa é a história principal e é a mais esquisita das três. Honestamente? Não gostei. Não gosto das histórias que vendem essa mensagem de que "não importa os abusos e as maldades se foram por amor". Não acho que seja amor. Eu fiquei feliz quando o Shinobu tomou coragem de fugir do Kengo... Que se mostrou MAIS cruel ainda, forçando-o a voltar. 

Na próxima história, a primeira de três oneshots, temos o professor Wakana que sempre desejou se casar com uma esposa maravilhosa e ser feliz para sempre. Entretanto, ele sempre teve azar: sua primeira esposa se divorciou dele e a segunda era uma golpista. Uma noite, depois de se embebedar em função de suas desilusões amorosas, ele esbarra em Shimada, um cara que era aluno da escola em que ele trabalha, e os dois acabam passando a noite juntos. Essa história, ao contrário da anterior, foi bem bonitinha, com um final feliz e tudo mais. Uma daquelas histórias com a mensagem "felicidade é encontrada quando menos se espera". Depois, vem outra oneshot se passando em uma praia. Mana tem uma queda por um surfista e professor de natação, You. Por isso, ele vai à praia todos os dias para assisti-lhe no mar. Um dia, Mana decide tomar um banho de mar, mas You lhe diz que é perigoso se ele não souber nadar. Mana, apesar de ser um ótimo nadador, finge que não sabe nadar e pede aulas de natação para You, que logo revela que só ficará na cidade até o final do verão. Também bonitinha. Teria gostado mais se o Mana não parecesse ter 8 anos, mas isso é uma questão minha. Essa história foi bem agradável, ainda que clichê. 

Por fim, a história que destoa das demais (especialmente na arte): Soma Suguru e Ozaki Daisuke costumavam ser amigos de infância, até o dia em que brigaram com Ozaki chamando Soma de feio e Soma chamando Ozaki de pobretão. Agora, os dois são presidentes de suas respectivas companhias e continuam rivais. Entretanto, Soma e Ozaki são sequestrados por um grupo de criminosos e acabam tendo tempo, enquanto estão em cativeiro, para discutirem sua relação. Finalmente uma história que não parece nem ser shotacon e nem um trabalho da Minami Haruka! Gostei dessa. Achei engraçada e fiquei feliz por ver que a CJ Michalski consegue desenhar adultos que realmente parecem adultos. Com essa história, a tag "seme x seme" fez sentido para mim.

  

Eu não odiei esse mangá, mas também não gostei dele. Estava há um tempão para ler e acho que a leitura não me acrescentou em nada, mas também não senti que perdi meu tempo lendo. Acho que recomendo para quem quiser um mangá com uma arte bonitinha, muitas cenas pervertidas e histórias sem muita profundidade. A primeira história é revoltante, diga-se de passagem, mas eu tentei não reclamar demais aqui. Vou dar nota "6", porque estou generoso hoje e a última história me fez rir.

Tradução em inglês foi feita pelo Liquid Passion.

segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

The Conductor

Esse mangá tem The Conductor como seu título original, mas acho que é mais conhecido por O Maestro aqui no Brasil. Foi uma recomendação da Naelyan, e recentemente eu comprei o quarto volume e terminei de ler. Originalmente é uma novel escrita por Kaminaga Manabu, mas irei falar sobre a versão em mangá ilustrada por Nokiya.

Kuchiki Naomi é uma flautista que está tendo pesadelos todas as noites e que busca um psicólogo, Matsuzaki, em função disso. Ela sempre sonha o mesmo cenário e também acaba percebendo inconsistências em sua memória e fenômenos estranhos em sua casa. Ishikura Tsuyoshi é um inspetor da polícia e descobre um corpo mumificado sem cabeça num apartamento vazio segurando uma fotografia com seis pessoas. Uma delas é Kuchiki, que possui a mesma fotografia, com um detalhe importante: ela reconhece quatro das pessoas, mas a quinta está com seu rosto riscado. Ao tentar descobrir quem é essa pessoa, os motivos de seu sonho e as memórias que esqueceu, ela acaba tendo de enfrentar seus próprios amigos e lembranças trágicas do passado.

As outras pessoas na fotografia são Yuuki Yasufumi, o maestro da orquestra; Tamaki Kazuo, o pianista; e Maya Akiho, a violinista. Os três foram colegas de Kuchiki na faculdade de música e mostram que há um grande conflito entre eles. Maya foi namorada de Yuuki na faculdade, mas agora está prestes a se casar com Tamaki. O retorno de Yuuki para o Japão acaba tumultuando a relação desses três e praticamente enlouquece Tamaki em função de ciúmes. Tamaki é contatado por Kojima Keisuke, um jornalista, que diz que Yuuki está envolvido em um assassinato na Alemanha e que Maya pode ser seu próximo alvo. Com isso, a história começa a se movimentar e uma rede de mentiras que perdurou cinco anos começa a ser desvendada.

Gente! Que! Mangá! Foda! A trama foi muito bem elaborada pelo autor. Quando eu cheguei ao final, e à grande revelação, fiquei de queixo caído. Depois, escolhendo as imagens para esse post, acabei vendo várias pistas que eu nem percebi na primeira vez que li. Muito bom! Acho que essas histórias em que há várias pessoas envolvidas com um mistério e que aos poucos as mentiras começam a se tornar aparentes são muito interessantes. Eu lembrei de How to get away with murder, porque nesse mangá, assim como na série, todo mundo é um mentiroso horrível. Fascinante!

  

Eu não fui dos maiores fãs da arte, mas acho que é eficiente, sobretudo em relação à expressão emocional dos personagens e às cenas mais macabras. Acho que o mistério funciona muito bem e a história é instigante, sendo que o final é agradável. Não acho que é dos mais previsíveis, porque alguns pontos me pegaram de surpresa. Até o título só foi fazer sentido para mim no último capítulo. Vou dar nota "9" e recomendo que adquiram esse mangá se puderem, já que é uma leitura agradável e curtinha.

Esse mangá foi publicado no Brasil pela editora Panini, sob o título O Maestro.

sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

Shokugeki no Souma

O que faz um mangá ser shounen? Uma aventura épica? Lutas? Um grupo de heróis? Não. Simplesmente a revista em que o mangá em questão é publicado. Por isso que Shokugeki no Souma é shounen, porque ele é publicado numa revista classificada como shounen e direcionada ao público masculino. Entretanto, esse trabalho de Tsukuda Yuuto e Saeki Shun fala sobre culinária, o que é um tema inusitado para um shounen... 

Yukihira Souma sonha em se tornar um grande cozinheiro, melhor que seu pai, para suceder o restaurante da família, um restaurante simples do bairro com um prato especial a cada dia. Para isso, ele treina e auxilia seu pai no restaurante. Entretanto, um dia, o pai de Souma decide ir trabalhar no exterior, a pedido de um amigo, e fecha temporariamente o restaurante. Souma é enviado para estudar em uma escola muito famosa de culinária, sendo que muitos chefs de prestígio e herdeiros de famosos restaurantes se graduaram lá. Sua primeira missão, entretanto, é ser admitido na escola, tendo um prato seu julgado por Nakiri Erina, que, apesar de ser uma estudante da escola, é renomada por ter o paladar mais apurado do mundo, bem como grandiosas habilidades como chef. 

Apesar de alguns tumultos iniciais, Souma entra na escola e é enviado para o dormitório Polar, onde todos os esquisitos e excluídos da escola estão concentrados. Lá, ele faz amizade com sua colega de aula, Tadokoro Megumi, que o auxilia em alguns desafios, bem como conhece o veterano Isshiki Satoshi, que faz parte da Elite Dez, os dez melhores alunos da escola. Souma, assim, tem como objetivo se tornar parte desse seleto grupo e se tornar um grande chef, para derrotar seu pai. Para isso, ele precisa desafiar colegas e passar por verdadeiras batalhas culinárias, chamadas de Shokugeki. Ele, logo de cara, acaba conseguindo vários rivais, como os gêmeos italianos Isami e Takumi Aldini; a especialista em carnes, Mito Ikumi; e Nakiri Alice, prima da tsundere que ele enfrentou logo de cara na escola. Nakiri Erina é uma principal antagonista da história, desejando que Souma seja expulso por acreditar que ele, por ser arrogante e um chef de um pequeno restaurante, não tem um lugar lá.

Um battle shounen de culinária! Quem podia imaginar que essa combinação daria certo, heim? Quando eu ouvi falar sobre Shokugeki no Souma, logo lembrei daquela prova de culinária do exame Hunter, de Hunter x Hunter, e pensei que não tinha como esse mangá ser melhor... Mas ele é! Ele carrega todos os elementos característicos associados aos mangás shounen: um protagonista com um objetivo, várias batalhas durante a jornada, um elenco de personagens carismáticos, antagonista(s) atrapalhando os planos... Tudo funciona muito bem em Shokugeki no Souma... E o melhor é que isso é feito sendo fiel ao universo da culinária. Os mangás contém as receitas que foram feitas em seus capítulos e há explicações a respeito de técnicas e conceitos da gastronomia. É tudo muito bem feito e planejado!

  

Eu só tenho uma reclamação a respeito... Que nem é uma reclamação per se. Quando os personagens comem uma comida deliciosa, eles têm uma visão ou memória evocada pelo prato. Muitas dessas cenas, mostram os personagens tendo um orgasmo culinário e suas roupas somem... Tipo, em muitos desses momentos, é hilário. Achei muito engraçado e divertido. Só que... Às vezes, essas cenas são exageradas, tanto em sua quantidade como intensidade, e acaba ficando meio bobo. Mas, tirando isso, só tenho elogios para Shokugeki no Souma. A arte é uma gracinha (espero que o autor dê uma pausa em seus trabalhos hentai e invista em mangás com enredo, pois a arte dele é muito agradável!), todos os personagens são divertidos ao seu modo, e as "batalhas culinárias" são interessantes. Estou bem curioso para ver como a história vai se desenvolver, por isso vou dar nota "9", por enquanto.

A tradução desse mangá é feita pelo grupo Casanova Scanlations em inglês. Foi licenciado pela VIZ em inglês, parece.

quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

Hibi Chouchou

Tipo, nos primeiros dez capítulos (mais ou menos) eu realmeeeente gostei de Hibi Chouchou. Bastante. Realmente gostei. Só que aí eu li mais 45 capítulos e enchi o saco desse mangá. Não me levem a mal! Não é ruim, mas é o tipo de coisa que você só aprecia em doses homeopáticas, caso contrário você fica cansado. É um mangá da autora Morishita Suu, de quem eu nunca ouvi falar.

Então, a protagonista dessa história é Shibazeki Suiren, uma menina extremamente linda. Por ser linda assim, ela sempre foi alvo dos sentimentos dos meninos, que nunca a deixavam em paz, e, por isso, ela passa a falar menos e menos, como uma forma de não chamar tanta atenção. No ginasial, ela e sua amiga, Shimizu Aya, vão para uma escola feminina, esperando que as coisas melhorem, mas as meninas da escola a admiram e incomodam tanto quanto os meninos incomodavam antes. Assim, Suiren decide estudar novamente em uma escola mista para o colegial. Lá, ela imediatamente é admirada pelos meninos, que a apelidam de Takane no Hana (uma flor na colina, ou seja, uma pessoa linda e inalcançável). Esse mangá mostra que uma pessoa tão bonita como Suiren, apesar de ter amigas como a Aya e a Kudou Yuri, acaba sofrendo por ser tão solitária.

Na escola, ela acaba conhecendo e se apaixonando por Kawasumi Kouha, um menino quieto e tímido, que tem dificuldades em lidar com as meninas. Suiren toma a decisão de se tornar uma pessoa mais sociável e de se aproximar de Kawasumi. A Suiren é diferente das heroínas que se vê por aí. Pra início de conversa, ela é muito linda, enquanto a maior parte das heroínas costuma ser "normal", justo para desenvolver uma identificação com a leitora. Mesmo sendo linda, Suiren, por seus conflitos e inseguranças, acaba sendo uma personagem fácil de se identificar. Além disso, o relacionamento dela com o Kawasumi é bonitinho... E extremamente lento.

Eu acho que o que mais me deixou frustrado com esse mangá foi ter lido os capítulos que faltavam logo após de ter assistido a mais um episódio de Agent Carter. Eu fui de uma mulher independente, forte, segura, linda e determinada para a Suiren... Que não é nada disso. Os fãs dela podem dizer o que quiserem (e eu vi na internet muita gente a defendendo com unhas e dentes!), mas a Suiren, apesar de ser muito bonitinha e parecer estar se esforçando para melhorar sua habilidade de comunicação, está longe de ser forte, segura ou independente. Justo o oposto. Boa parte das coisas que acontecem esse mangá não aconteceriam se as amigas dela ou o amigo do Kawasumi não estivessem ali para dar um empurrão. Ou dois. Ou vinte. Acho que o mangá está em processo de desenvolvimento e pode, aos poucos, se tornar mais interessante. O problema é que esse mangá é tão lento e arrastado que eu não sei se terei paciência para esperar. 


  


Antes que eu seja xingado por estar sendo muito negativo em relação a esse mangá, quero dizer que eu realmente gostei da história. Acho que pela primeira vez, na minha vida como leitor de mangás, vi uma história em que o menino e a menina estão na mesma "frequência". Não é uma dessas histórias em que o menino possui altas experiências românticas e sexuais e a menina se sente horrível por não estar a altura. Ou, olhando pelo outro lado, em que temos um cara não-tão-perfeito com uma menina que ele tem medo de quebrar, de tão delicada e inocente que é. Não temos beijos forçados, abusos, mentiras, enganações e traições. Não. Suiren e Kawasumi estão na mesma. Eles são, como se diz, farinha do mesmo saco. Os dois são tímidos. Os dois não tem experiência. E os dois estão aprendendo, passo a passo, a lidar com isso. Esse mangá narra a jornada que eles estão fazendo, com o apoio de seus amigos próximos (que merecem um troféu, porque são grandes amigos mesmo!). Acho que é bastante possível de empatizar com esses personagens, mas eu gostaria de ver maiores evoluções em breve, porque estou ficando cansado de sempre ter "mais do mesmo". Em contrapartida, a arte é muito linda e vale a pena ler só por esse motivo. Vou dar nota "8" e, daqui a uns meses, devo voltar a ler!

A tradução em inglês é feita por vários grupos. Eu li no Batoto pelo celular.

segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

Teppen no Himawari

Apesar de eu achar que Rakka Sokudo é o melhor, em critérios objetivos, dos três, o meu favorito é Teppen no Himawari. Sério, os dois protagonistas transbordam de carisma, cada um a seu modo, e eu realmente adorei a leitura. Se não fosse por um outro mangá que comentarei em breve, com certeza esse aqui seria meu trabalho favorito da Fujiyama Hyouta!

Ohno Ryuhei aparece em Warito Yokuaru Danshikouteki Renaijijou em uma das histórias paralelas: nela, ele é um estudante do ginasial apaixonado por seu tutor, o super-alto Aikawa Kaname, que, por sua vez, gosta do tão-alto-quanto Furuya Ryousuke. Os dois jogadores de vôlei gigantescos vivem uma história de amor feliz, o que deixa Ohno com o coração partido. Ohno, assim, começa o colegial na tal escola Kinsei que é conhecida por ter 90% dos seus estudantes sendo gay ou bissexual. No primeiro dia de aula, ele conhece Imaizumi Kunihisa, que, sendo do interior, entrou na escola sem saber do boato a respeito da maior parte dos estudantes ser gay ou bi. Com essa revelação, Imaizumi age de forma cautelosa e distante em relação aos outros alunos, o que faz Ohno decidir ajudá-lo a se integrar mais na turma. Assim, os dois começam uma amizade muito legal.

Tanto Ohno como Imaizumi, por serem muito populares na escola, são convidados por Noze Kyugo, vice-presidente do conselho estudantil, a fazerem parte do conselho estudantil. Imaizumi aceita quase imediatamente, mas Ohno é desconfiado em relação a Noze e aos outros membros do conselho estudantil e só aceita entrar quando Imaizumi lhe pede. Kozue Fumiaki é o irresponsável presidente do conselho estudantil que tem um relacionamento com Sumiyoshi Reiji, um dos assistentes do conselho estudantil. Imaizumi, apesar de inicialmente não se sentir confortável por boa parte de seus colegas ser homossexual, começa a se acostumar com isso, e Ohno, em contrapartida, começa a perceber que está começando a ter sentimentos por Imaizumi. A amizade dos dois é uma graça, e, depois da declaração de amor, o Ohno flertando com o Imaizumi também é bem legal.

Também há um capítulo dedicado ao Aikawa e ao Furuya, que é bem fofo. E um capítulo também explicando melhor o relacionamento entre o Kozue e o Sumiyoshi. Em suma, a família do Fumiyoshi serve a do Kozue há algum tempo e Kozue e Sumiyoshi são amigos há bastante tempo... Sendo também colegas de aula e amantes. As coisas entre eles complicam quando Sumiyoshi resolve estudar Direito numa universidade longe, com o objetivo, como ele diz claramente, de colocar uma distância entre ele e o Kozue. Não sei, essa temática do personagem A servir o personagem B por uma questão familiar é bem comum, inclusive com esse desfecho de um dos personagens resolver ir pra longe. Então não curti tanto assim essa história, mas acho que é bem agradável e satisfatória, de um modo geral.

  

Ah, eu simplesmente adoro o Imaizumi e o Ohno! Tudo na história deles funciona muito bem. Acho que o romance lento, inicialmente pautado numa amizade divertida, que os dois desenvolvem é muito legal. A arte é a arte padrão da Fujiyama Hyouta, mas está mais refinada em comparação aos outros dois mangás que eu comentei, até por ter sido feita depois. Acho que vale, sim, a leitura! É um mangá, no mínimo, bonitinho e divertido. Vou dar nota "9".

Esse mangá foi licenciado e publicado em inglês pela Juné, com o título Sunflower. Dá para achar scans (de baixa qualidade, mas, né, de cavalo dado não se olha os dentes!) na internet.

sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

Rakka Sokudo

Esse mangá deriva do que eu comentei na postagem anterior, sendo, assim, também de autoria da Fujiyama Hyouta, e fala sobre um personagem que foi brevemente apresentado. Rakka Sokudo, então, se passa no mesmo cenário, mas é diferente por ser muito mais interessante. 

Nanase Youichi se graduou da escola Kinsei, que é famosa por ter um 90% do seu corpo estudantil identificado como gay ou bissexual. Ele, entretanto, é hetero e tinha a fama de ser uma "muralha de ferro" na escola, por nunca ter permitido que se aproximassem dele. Nanase quase surta quando descobre que seu irmão mais novo, também estudante na tal escola, é gay e está com um namorado. Por isso, ele acaba bebendo e desabafando com Tsutsumi Renji, seu colega de trabalho. Apesar de também se considerar heterossexual, Renji começa a pensar que Nanase é atraente e a desejar tocá-lo. Quando ele revela isso para Nanase, recebe permissão para tocá-lo como quiser por 3 minutos e só.

Esse sumário inicial não faz justiça ao mangá, na minha opinião, apesar de resumir perfeitamente os acontecimentos do primeiro capítulo e ser o que dá início à história. O legal é como o relacionamento dos dois evolui a partir disso. Finalmente um mangá com personagens adultos que agem como tal! Eles discutem francamente as coisas e expõem suas idéias e sentimentos, em oposição a todos esses mangás escolares em que as intrigas podiam ser evitadas se os personagens olhassem um para a cara do outro e dissessem o que pensam! Além disso, ao contrário de outros mangás (o primeiro que me vem a mente é esse aqui) em que os personagens parecem mudar de idéia de uma hora pra outra, nesse podemos ver a forma prática e direta que o Renji pensa e também vemos os conflitos que Nanase sofre, sobretudo por ter coisas em que ele acreditava fortemente confrontadas.

Ambos os personagens são muito verossímeis. Parecem pessoas que podem existir, assim como o relacionamento deles também é muito plausível. Eu gostei muito do Nanase na prequel desse mangá, apesar da participação dele ser tão curta, e acho que a Fujiyama Hyouta acertou em cheio em investir numa história focando nele. O Tsutsumi também é bem interessante, sendo, acuradamente, descrito por Ikuta, um amigo do Nanase, como "direto e desonesto".

  

Acho que Rakka Sokudo, dos três mangás que se passam no mesmo universo, é o melhor. Ou, pelo menos, tem a melhor combinação de personagens, história e atmosfera. Acho que a leitura é super-recomendada para quem gosta desses mangás um pouco mais maduros que o habitual. Esqueci de comentar isso na outra postagem, mas eu gosto muito da arte dessa autora. É clean e eficiente. Talvez não seja das mais bonitinhas, mas o estilo dela combina muito com as histórias que ela ilustra. Vou dar nota "9" para esse mangá.

A tradução em inglês foi feita pelo Bliss, mas é um pouco chato de achar por ter sido licenciado em inglês pela Juné, sob o título Freefall Romance. Eu sei que existe uma versão em espanhol por aí e deve ser mais fácil de achar. 

quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

Warito Yokuaru Danshikouteki Renaijijou


Fico muito surpreso por ainda não ter comentado um mangá da Fujiyama Hyouta. Até porque ela é uma autora de quem eu gosto muito. Todos os mangás dela merecem ser lidos, mas hoje gostaria de destacar a história Warito Yokuaru Danshikouteki Renaijijou.

Nanase Kouichi e Taira Tsuguharu (mais conhecido por seu apelido: Heiji) são os únicos estudantes heterossexuais de uma escola em que, dizem, 90% do corpo estudantil é gay ou bissexual. As coisas começam a ficar estranhas quando Heiji dá um presente no White Day (o dia em que os garotos retribuem os presentes que ganharam de Dia dos Namorados) para Nanase. Heiji explica que justamente quer que boatos comecem, pois ele está sendo perseguido por uma garota que gosta dele e espera que, se boatos sobre ele ser gay e estar namorando Nanase surgirem, a garota desista. Apesar de esse ser o início de um relacionamento mais próximo entre os dois, que já eram colegas no clube de vôlei, na verdade a história sobre a stalker foi inventada por Heiji, justo por já gostar de Nanase. Nanase e Heiji apesar de bonitinhos, acabam sendo os personagens mais sem graça desse mangá, pois os personagens secundários são muito mais interessantes... O que salva um pouco a trama deles é a aparição de Nanase Youichi, irmão mais velho de um dos personagens. Ele estudou na mesma escola e, mesmo assim, é heterossexual, se opondo ao relacionamento dos dois.

Temos o amigo de Nanase, Saijou Hideki, que é alvo dos sentimentos de Mizusawa do primeiro ano. Saijou é bissexual e não está muito afim de um relacionamento sério, mas ao mesmo tempo não quer magoar Mizusawa, que acaba tomando Asano Kazuhiro, o enfermeiro da escola, como seu conselheiro amoroso. Também tem a história dos dois senpais do clube de vôlei e agora universitários, Furuya Ryousuke e Aikawa Kaname. Furuya tinha uma queda por Nanase e costuma gostar de meninos bonitinhos e delicados. Aikawa sempre gostou de Furuya, mas tem quase dois metros de altura e não é nada delicado, por isso sempre hesitou em expressar seus sentimentos. Quando Aikawa começa a dar aulas para Ohno Ryuhei, um garoto do ginasial, que está claramente apaixonado por Aikawa, Furuya acaba precisando encarar seus sentimentos por ele. Essas duas histórias paralelas são muito mais interessantes que a principal e ainda bem que a Fujiyama-sensei foi esperta o suficiente para explorá-las! Veremos mais sobre isso nas próximas postagens.

Também tem dois capítulos de uma história não-relacionada. Nessa história, é comum adquirir androides para fazerem o serviço doméstico ou para servirem como parceiros sexuais. Narita recebe um androide enviado por sua mãe, Akira, que foi programado para fazer as tarefas domésticas e cuidá-lo. Essa história traz discussões interessantes sobre se é possível amar um androide/robô, similares às que a CLAMP desenvolve em Chobits. 

  

Esse mangá até não é o melhor das três histórias que a autora escreveu se passando nesse mesmo cenário (justo o contrário). Mas o grande mérito que essa história tem é justo não ser óbvia. Há vários momentos no mangá em que você espera um desfecho e acaba acontecendo algo diferente. Claro, nada revolucionário, mas os mangás no geral e os yaoi em especial costumam ser muito clichês, então é legal ver algo que vá contra o tradicional. Vou dar nota "8" e recomendo a leitura, pois é um trabalho diferente e bem engraçado. 

Esse mangá foi traduzido em inglês pelo Bliss, até ser licenciado e publicado pela Juné sob o título Ordinary Crush (que não faz sentido nenhum e não tem nada a ver com o título original, diga-se de passagem).