quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

Men's Kou

Encerrando o ano com um shoujo que eu estou há um tempão enrolando pra ler: Men's Kou. Apesar de ser shoujo, a história se passa numa escola masculina e os principais personagens são os meninos dessa escola. Esse trabalho de Izumi Kaneyoshi tem 8 volumes e sua tradução foi concluída há não muito tempo.

A escola Seiho fica em um local muito bonito, à beira do mar. Entretanto, a estação de trem mais próxima é quase há uma hora de viagem, e há apenas um barco que visita o local duas vezes por dia. Então, é um lugar bem isolado do resto do mundo. Ainda por cima, a escola é interna e é somente para meninos. A ideia básica da história é "o que acontece num lugar onde esses adolescentes estão loucos por amor e por ter contato com mulheres?". Para isso, temos quatro protagonistas, com diferentes histórias de vida e personalidades, bem como os casos amorosos e familiares que os permeiam.

O personagem central da história é o Maki Chihara, um cara bonito e que costumava ser popular no ginasial, antes de vir para Seiho. O que torna a história legal é justo o ponto de vista dele. Apesar de ser um cara legal e sorridente, ele não tem medo de dar uns sopapos nos amigos e colegas dele. Além disso, ele tem uma história de amor bonita e triste durante o ginasial, o que o faz, apesar de insistir para os colegas que quer arranjar outra namorada, ter uma atitude melancólica em relação ao amor e é ele próprio que coloca barreiras que o impedem de se apaixonar novamente. Sua namorada do ginasial se chamava Harushima Erika e deixou uma grande marca em Maki, sendo que a história dos dois é muito comovente. Ele, ao longo da história, conhece outra menina com o mesmo nome, Takano Erika, essa uma fujoshi interessada por surfe, e tem dificuldades em lidar com seus sentimentos por ela. Definitivamente, Maki é o personagem mais complexo e interessante da história. Os outros (com uma exceção, como veremos a seguir) acabam parecendo caricaturas perto de um personagem multifacetado como ele.

Temos os três amigos de Maki com destaque na história também. Hanai, ou simplesmente Hana-chan, é um menino afeminado, cujos colegas o chamam de metrossexual, e interessando por hobbies femininos. No ginasial, ele costumava ter uma namorada, mais para manter as aparências, e essa é a primeira história explorada pelo mangá. No geral, o Hanai acaba mais estando nas cenas para fazer comédia, para dar um puxão de orelha nos amigos, quando eles viajam demais, ou lições de feminilidade para uma das meninas da história. Também tem o Nogami, que é inteligente, mas muito grosseiro e insensível. Ele tem uma queda pela enfermeira da escola (porque ela tem seios grandes, como ele sempre faz questão de dizer), Fukuhara-sensei, mas não sabe como lidar com isso e acaba sempre ferindo os sentimentos dela. Para completar os protagonistas, também temos o Kamiki, um cara bonito, popular, bom nos esportes e inteligente. Mesmo assim, ele é um cara de gostos simples, descuidado com a sua aparência e muito direto ao ponto, até parecendo que ele não tem senso comum. Ele é apaixonado pela filha de seu padrasto, Mana, mas tem interesse de seguir em frente e deixar seus sentimentos de lado, até porque Mana irá casar em breve. Ele é alvo dos sentimentos de Miyaji Fukuya, uma menina que mora na cidade próxima da escola. Kamiki, apesar de meio desligado, é um dos melhores amigos que Maki podia ter e o relacionamento dos dois é muito legal.

  

A trama toda é baseada nos encontros e desencontros amorosos no passado e no presente desses personagens. O que torna a história interessante são os próprios personagens e a forma que reagem às situações, mais do que as situações em si. Esse mangá acaba ficando entre o drama e a comédia, tendo momentos muito tristes e situações extremamente engraçadas. Acho que é um bom slice of life e definitivamente recomendo para quem gosta desse tipo de mangá. Vou dar nota "8".

A tradução em inglês foi feita pelos grupos Serenus-Dreamers e Transcendence.

segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

Fujoshi Kanojo.

Essa é a adaptação em mangá da light novel escrita por Pentabu. Assim, a versão mangá de Fujoshi Kanojo. pode não ser um mangá yaoi, mas acaba abordando temáticas que acho que fãs de yaoi iriam gostar e foi ilustrado pela autora Shinba Rize, que é mais famosa por seus trabalhos yaoi.

Mutou Taiga é um estudante universitário sem dinheiro (não é novidade) que está procurando por um trabalho e por uma namorada. Ele acaba vendo uma garota muito bonita numa companhia que está contratando e acaba pegando esse trabalho, com o objetivo de se aproximar da garota. Ameiya Yuiko é uma moça muito séria no trabalho, então a aproximação inicial dos dois é um pouco complicada, mas Taiga acaba conseguindo criar coragem para pedi-la em namoro. Yuiko simplesmente responde que é uma otaku e uma fujoshi, perguntando se isso não é um problema pra Taiga. Ele responde que não e os dois, então, começam a namorar, apesar de Taiga não ter nem idéia de onde está se metendo...

Depois disso, Yuiko passa a ser bem mais aberta sobre seus interesses com ele, falando sobre seus mangás favoritos e, mais importante, quais os casais que ela curte. Quando ela descobre que Taiga escreve histórias, ela fica animada e o convence a escrever uma fanfic yaoi sobre dois personagens de um shounen famoso. Taiga passa boa parte da história confuso em relação aos gostos de Yuiko e aos termos que ela usa. Esse mangá é voltado para a comédia e, de fato, há vários momentos muito engraçados. Mas é só.

A história fica só nas piadas mesmo. Quase não há um desenvolvimento do relacionamento dos dois. Apesar de eu achar tudo muito engraçado, eu estava ficando com pena do Taiga, porque a Yuiko passa boa parte do mangá sem dar nenhum sinal de que gosta dele e agindo de forma super egoísta. É um pouco chato que a Yuiko acabe sendo apenas um estereótipo ou uma caricatura de uma fujoshi. Para fins cômicos, funciona bem. O problema é que como tem o aspecto romântico, é inevitável que o leitor se pergunte PORQUE o Taiga se dá ao trabalho de insistir numa pessoa tão egoísta e que parece não se importar com ele. 

  

Ainda assim, eu gostei do mangá e me diverti lendo. A arte é agradável, mas não é nada demais. As diversas referências que a Yuiko faz à cultura otaku e, especificamente, às fujoshi são engraçadas, especialmente para quem se identifica e/ou sabe do que ela está falando. Vou dar nota "8" para esse mangá, mais pelo fator "entretenimento" ou "diversão". No quesito "história" ou "personagens", a nota desse mangá fica beeem mais embaixo.

Esse mangá foi licenciado e publicado em inglês pela Yen Press, com o título estúpido My Girlfriend is a Geek. Fácil achar as scans por aí.

sexta-feira, 26 de dezembro de 2014

Hitorimi Haduki-san to.

Eu me sinto um pouco mal por não ter gostado tanto de Hitorimi Haduki-san to.... Na verdade, lá pela metade da história, me deu vontade de pular direto pro final, porque eu não aguentava mais ler. Isso sou só eu, porque Kazama Ayami escreveu um mangá perfeitamente bonitinho.

Masaka Haduki tem 25 anos e trabalha num empresa, mas não tem um pingo de interesse em romance. Seus passatempos são ler mangá e jogar videogame, ela não se importa com a sua aparência e não podia ser mais bagunceira. Sua irmã, Miya, decide que Haduki precisa arranjar um namorado e começa a procurar um namorado para ela. Assim, Haduki acaba saindo num encontro com um colega de escola de Miya, chamado Iwai Yukimaru, de 17 anos. 

Nem Haduki e muito menos Yukimaru têm experiência no que se trata de relacionamentos românticos. Inicialmente, Haduki tenta fazer de conta de que é uma adulta responsável e experiente, fingindo saber do que está falando, mas logo ela não consegue manter mais o fingimento e mostra sua verdadeira personalidade para Yukimaru. Os dois começam a namorar e é mais fácil contar os quadrinhos em que eles não estão com o rosto vermelho, porque, céus, como esses dois são tímidos e envergonhados! A irmã de Haduki começa um mangá chamado Hatsukiai (que é uma referência a um trabalho anterior da autora) para incentivar sua irmã, no qual ela fala sobre a experiência do primeiro amor. Haduki também faz amizade com outras mulheres, que, apesar de também serem adultas, estão em seu primeiro relacionamento amoroso.

De um modo geral, esse mangá é bonitinho, fofo e meigo. Eu comecei a ficar cansado da história porque era sempre a mesma coisa. Haduki e Yukimaru saem juntos, ficam vermelhos o tempo todo por qualquer motivo, Haduki acaba fazendo alguma trapalhada, etc. Sempre a mesma coisa. Cheguei a ficar interessado quando, no penúltimo capítulo, temos mais sobre o Yukimaru, falando sobre as dificuldades familiares dele (algo que era mencionado só de passagem nos capítulos anteriores) e o real motivo para que ele tivesse tricotilomania (i.e a compulsão de arrancar os cabelos quando fica ansioso). Ao mesmo tempo, isso me frustrou, porque os capítulos anteriores foram sempre mais do mesmo, e a história acaba assim que aparecem novas questões interessantes. Pra mim, até pareceu que ficou faltando um capítulo na história!

  

Recomendo para os que gostam desses mangás bonitinhos que fazem vomitar arco íris. Para os que são diabéticos metafóricos como eu e não toleram tanto açúcar, talvez seja melhor ler esse mangá em doses homeopáticas, ao invés de ler tudo de uma vez. Acho que é mais fácil de apreciá-lo lendo aos poucos. A arte é bonitinha, mas não é muito do meu gosto. Nota '7" pra esse mangá.

A tradução em inglês foi feita pelo Ciel Scans.

quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

Merry Checker

Feliz Natal pra quem comemora! Ou, pelo menos, bom feriado, pra quem, ao contrário de mim, não trabalha. Antes que eu receba e-mails reclamando que eu não estou postando yaoi o suficiente (sim, eu recebo e-mails sobre isso!), vamos falar de Merry Checker. Eu lembrei desse mangá enquanto lia o josei que comentei na segunda-feira. Não que sejam parecidos por seu enredo, mas essa história de Suzuki Tsuta também fala sobre blogueiros.

Aoyama Shiomi (ou Shio na internet) é dono de um blog popular, em que ele escreve sobre seus hobbies ou comenta sobre seu dia a dia de uma maneira ríspida. Ele combina de encontrar com alguns amigos que conheceu na internet e fica surpreso quando um de seus amigos anuncia que a famosa blogueira Miya irá participar do tal encontro. Miya é famosa por colocar trechos de um livro que está escrevendo em seu blog, e seus fãs especulam sobre quem ela é, acreditando que ela é uma estudante colegial ou algo assim. Entretanto, Shio deduz  corretamente que Miya não só é adulta, como é do gênero masculino, e identifica um cara alto e gentil que encontrou no trem e está no local do encontro como sendo Miya. Miya é, na verdade, um escritor e ele acompanha o blog de Shio, aceitando a ir nesse encontro justo para conhecê-lo.

No dia seguinte, Shio acorda na casa de Miya, pois foi levado para lá por estar completamente bêbado. Os dois passam o dia juntos, por terem alguns gostos em comum, e Shio acaba gostando muito de Miya, acreditando que os dois podem ser amigos. Aos poucos, essa atração vai se modificando e Shio, que é muito perceptivo em relação aos outros, nota que Miya está apaixonado por ele... E percebe seus próprios sentimentos por Miya.

Acho que a decisão de Shio sobre gostar de Miya pode parecer meio rápida demais, mas acho que faz sentido, se tratando desse personagem. Aliás, o Shio é o principal motivo que faz esse mangá ser tão interessante. Alguns autores acham que basta afirmar que o personagem é inteligente numa narrativa ou num diálogo e isso automaticamente se torna uma característica dele. Não é bem assim. O personagem precisa demonstrar suas características em suas ações e o leitor deve conseguir captar isso, sem precisar de descrições vazias. Shio é inteligente, perceptivo, maduro, honesto e emocionalmente estável. Não precisa que a autora diga isso, pois Shio age dessa forma e é coerente a história toda com a sua personalidade. Conseguimos entender as ações dele e a forma que ele pensa, sendo que é Shio que nos guia pela a história e isso o torna um personagem bastante humano. Shio parece uma pessoa que realmente pode existir. Ou melhor, eu acredito que existem Shios por aí. Miya, em compensação, é menos desenvolvido ou profundo, mas, por um lado, isso se dá a maior parte da história ser narrada por Shio e não por ele. 

  

Eu adoro o estilo dessa a autora. A arte é bonita e expressiva. Incrível o modo que ela desenha rostos. Ambos os personagens são interessantes e divertidos, especialmente o Shio, e acho que ela fez um bom trabalho retratando blogueiros. Não existe um grande enredo por trás, sendo uma história slice of life, cujo foco é seus personagens (especialmente o Shio), e acho que o objetivo foi cumprido. Não existe nada específico que eu não goste nesse trabalho e acho que é uma leitura bem tranquila e interessante, para quem está procurando um mangá mais maduro e que não seja recheado de drama. Vou dar nota "9".

A tradução em inglês foi feita pelo Dangerous Pleasure.

segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

Love Blog!!

Pelo que eu vi pela internet, a maior parte das pessoas não gosta de Love Blog!!. Estou chocado com isso, pois eu li tudo de uma vez durante a madrugada e me apaixonei por esse mangá. Fazia tempo que eu não ficava tão empolgado lendo um shoujo ou um josei. Olha, pra mim, a Fujiwara Akira está de parabéns pelo trabalho que fez. 

Yamagishi Eriko é uma jovem de 23 anos que trabalha em uma companhia e não anda com muita sorte em sua vida amorosa. Por ela não parar de se queixar sobre seus problemas, seu primo, Masami, sugere que ela escreva um blog. Assim, no seu "Love Blog", ela começa a detalhar sobre sua vida: comentando sobre sua rotina, seus amigos, seus problemas e, é claro, seus amores. Eriko tem uma queda um tombo pelo seu chefe, Kai Takahito, e é alvo dos sentimentos de um colega de trabalho, Azumi Ryuichi. Ela também conta com sua amiga Tomoe, que também está sofrendo de problemas amorosos.

Acho que o que mais incomoda os leitores que pegam esse mangá para ler é que Eriko não é perfeita. Ela não é a típica heroína de shoujo que é completamente altruísta. Muito pelo contrário. Eriko é humana, sendo cheia de qualidades, sim, mas também repleta de defeitos. Eu gostei muito da caracterização dela. Inicialmente, ela parece ser apenas uma menina superficial e alegre, mas aos poucos vemos o quanto, na verdade, Eriko se questiona e pensa sobre as coisas, analisando cada uma de suas ações. Ela também se mostra forte e capaz em vários momentos, também sendo egoísta em tantos outros. As postagens que ela faz no blog são transcritas nos capítulos, sempre sendo alguma reflexão de Eriko sobre a natureza humana. Ela se questiona sobre o porquê de as pessoas mentirem, o porquê de o ato sexual ter tanto significado para os seres humanos, o porquê de as pessoas sentirem ou não culpa... Enfim, e os comentários dela são pertinentes. Em nenhum momento as ações dela tentam ser passadas ao leitor como corretas ou como heroicas. Na verdade, a própria personagem tem consciência de que agiu mal em vários momentos. Também acho interessante como a Eriko (e a Tomoe também) tem uma vida sexual, sim, gosta de sexo e não tem vergonha disso. É raro ver isso, especialmente nos mangás direcionados ao público feminino, em que se espera que a protagonista seja virginal e perfeita. 

Durante a história toda fica curiosidade de com quem a Eriko vai terminar a história, já que ela, também ao contrário do que se vê normalmente, tem mais de um relacionamento ao longo da história. Pessoalmente, eu não curti o final taaanto assim, mas achei que fez sentido com a história que estava sendo desenvolvida. 

  

Eu gostei muito do mangá, mas fica aqui dois pontos importantes: 1) minhas opiniões costumam ser pouco populares e 2) esse mangá é um josei bastante adulto (há cenas explícitas de sexo). Se não tem certeza que vai curti, dê uma olhada nos trabalhos da Yoshimizu Wataru primeiro, especialmente Cherish e Spicy Pink. Se curtir e achar que aguenta algo mais adulto, boa sorte na leitura de Love Blog!!. Depois que você se acostuma com a arte, que é antiquada e não muito bonita, a história se torna cada vez mais interessante. Tem tanto reflexões interessantes quanto cenas cômicas. Eu vou dar nota "10" porque eu realmente curti. 

A tradução em inglês foi feita pelos grupos Alice Dreams e Shojo Manhwa Scans.

sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

Cherish

Wow, fazia tempo que eu não lia um mangá tão real como esse! Tinha de ser da Yoshimizu Wataru, que é uma das minhas autoras de shoujo favoritas. No caso, Cherish é um mangá dela que eu li há um bom tempo e resolvi reler hoje, por recomendação do meu amigo Niwa, me apaixonando novamente por essa história tão curtinha.

Chihiro começará a estudar na mesma universidade que sua falecida mãe estudou, algo que a deixa bastante animada. Sua mãe faleceu quando Chihiro tinha três anos e a deixou aos cuidados de Taku, um grande amigo seu e colega de apartamento. A mãe de Chihiro nunca contou quem é o pai dela, algo que não incomoda Chihiro nem um pouco, pois ela considera que Taku e o namorado dele, Rei, são seus verdadeiros pais. Quando estava no ginasial, Chihiro namorou um menino chamado Tsuda, que tinha muito em comum com ela, por algum tempo, mas terminou o relacionamento quando Tsuda começou a agir estranho quando ela lhe falou sobre seus pais. Ela também recebeu uma carta lhe dizendo que Tsuda não conseguia aceitar a situação familiar dela. 

Bem, ao entrar no clube de cinema da universidade, ela reencontra Tsuda. Os dois seguem muito similares, mas ela se pergunta se ele continua com o pensamento homofóbico que tinha no ginasial. Também há um homem estranho a seguindo e observando, algo que é logo percebido por Tsuda, que decide, então, proteger Chihiro do tal estranho. Incrível o que a Yoshimizu Wataru faz com três capítulos, heim? Tem autores que não conseguem fazer uma história tão complexa e cheia de nuances fluir tão bem em tão poucas páginas. Claro, várias questões ficam (gostaria de ver mais da mãe da Chihiro e sobre como ficará o relacionamento dela de agora pra diante), mas achei muito agradável. Chihiro se mostrou, também, uma personagem com personalidade e uma atitude coerente, o que é raro de achar nos shoujo ultimamente.

Também há uma história de dois capítulos chamada "Happiness" nesse mangá. Akatsu trabalha como editor e tem uma queda por uma ilustradora, Kayano. Um dia, enquanto faz compras, ele acaba falando com um menino e descobre que ele é o filho de Kayano. Para complicar mais ainda, o ex-marido de Kayano é membro de uma banda famosa e a responsável por acabar com o casamento é uma celebridade de quem Akatsu é fã. Apesar de todos esses tumultos e reviravoltas, ele segue apaixonado por Kayano e diz para ela que está disposto a esperar até que ela esteja disposta a sair com ele. Também uma história com uma sensação de verossimilhança e plausibilidade. Gostei bastante dos personagens, especialmente da Kayano.

  

Acho que essas duas histórias são eficientes e adultas. Lamento que sejam tão curtas, mas acho que, apesar disso, são histórias bem construídas e não senti que ficou faltando algo. Também gosto bastante da arte dessa autora, que é bonita sem ser cheia de frescuras, como as artes de shoujo costumam ser. Super-recomendo a leitura e dou nota "9".

A história principal foi traduzida pelo grupo Shoujo Manga Maniac e "Happiness" foi traduzida pelo grupo ShoujoLove.

quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

Atashi wa Bambi

Gente, não sei o que houve. Eu lembrava de ter lido Atashi wa Bambi e gostado bastante há alguns anos. Fui reler esse trabalho da Maki Youko, porque me lembrei dele enquanto escrevia o post anterior, e me decepcionei profundamente.

Mai era vítima de bullying no ginasial por causa de sua aparência. Assim, ela decide mudar seu jeito de se arrumar e de agir ao entrar no colegial numa nova escola. Mai conhece Sen, um colega de aula, que é muito bonito, mas também a trata mal no primeiro dia de escola. Entretanto, ela logo descobre que ele pode ser um cara legal, quando ele a ajuda a lidar com as colegas que eram más com ela no ginasial e lhe dá apoio, e se apaixona por ele (claro). Ela, contudo, tem um rival inusitado: Yaezou, o melhor amigo de Sen, que diz para Mai ficar longe de Sen, porque ele já tem dono. 

Apesar disso, Mai não desiste de seus sentimentos por Sen e ela e Yaezou se tornam rivais pelo coração dele. As coisas se complicam quando a ex-namorada de Sen, Minami, reaparece, procurando esclarecer os motivos por trás do término do namoro. Tá, a história até parece interessante e é um pouco diferente do que normalmente se vê por aí, mas acabou sendo tão superficial que não dava para se envolver com a história.

Além disso, acho que a autora se atrapalhou com o final... Ela não fez muito para preparar terreno para o capítulo final, então eu achei um pouco estranho. A relação entre personagens que tinha mais profundidade e sentido acabou sendo condensada e modificada no capítulo final meio que do nada. 

  

A arte é a típica arte de shoujo antigo. A autora é a mesma de Aishiteruze Baby!, o que eu notei lá pelas tantas, por achar a arte familiar e antiquada. Podia ser um mangá melhor, se a autora tivesse trabalhado melhor a história para chegar no final que queria. Vou dar nota "7" e estou impressionado pelo quanto esse mangá é diferente do que eu lembrava. Pior do que eu lembrava, na real.

A tradução em inglês foi feita pelo grupo Hush.

segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

Kare no Aijou no Hakari

Outro mangá shoujo que aborda uma temática LGBT. Dessa vez, um pouco diferente. Kare no Aijou no Hakari é um mangá bem curtinho, mas intenso e bonito. Touda Yoshimi acertou em várias escolhas que fez nessa história, propiciando uma leitura muito interessante.

Nagao Mioko descobre que seu namorado a está traindo e termina com ele. Ela já trocou de namorado algumas vezes nos últimos tempos e procura um novo namorado assim que termina um relacionamento, até porque Nagao diz não entender o que é um amor profundo e verdadeiro. Um dia, suas amigas estão comentando sobre o garoto mais popular na escola, Arishige Ritsu, mas Nagao não se importa muito e está mais preocupada em voltar para a biblioteca, para procurar o brinco que acha ter perdido por lá. Nisso, ela acaba descobrindo o segredo de Arishige: que ele é secretamente apaixonado por Asaba, seu melhor amigo. 

Assim, Nagao e Arishige começam uma amizade. Arishige a ajuda em algumas situações e lhe dá um "reality check" sobre a forma que ela não se apega muito a seus relacionamentos. Em contrapartida, Nagao oferece para Arishige um ombro amigo e um espaço para poder falar sobre os sentimentos que nunca pode falar antes. Entretanto, não tarda até surgirem boatos na escola sobre Arishige ser homossexual, e Nagao segue ao lado dele, lentamente se apaixonado por ele.

Os diálogos dessa história são muito interessantes, sobretudo os que versam sobre amor e sentimentos. O relacionamento que Nagao e Arishige vão construindo ao longo da história é muito bonito e profundo. E agora, um alerta para spoilers, pois vou falar sobre o final. Fiquei feliz por a autora ter deixado o final em aberto e mais feliz ainda por ela não ter feito a Nagao magicamente "converter" o Arishige para a heterossexualidade (tipo acontece em Fushigi Yuugi e outros menos votados). Fico especulando o que o final significou... 

  

A arte é a típica arte de um mangá shoujo, então, apesar de nenhuma surpresa nesse quesito, é bastante agradável e bonita. A história foi bastante inusitada, sobretudo em seu desenvolvimento, e gostei de como a autora conduziu o final. Algumas pessoas comentam que a tradução em inglês foi meio problemática e algumas passagens não ficaram claras (eu concordo, pois alguns monologos da Nagao foram muito estranhos e confusos), mas acho que mesmo assim é possível aproveitar a leitura dessa história. Vou dar nota "9" e gostaria muito de ler outro mangá como esse (lembrei de Atashi wa Bambi e acho que irei reler).

Três grupos formaram uma parceria para traduzir esse mangá para o inglês: Colorful Scans, Keijo Shoujo Scans e Sound of Jewels.

sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

Half & Half

Por um lado, eu gostei de Half & Half e achei que é uma história interessante. Por outro lado, alguns pontos me incomodaram, especialmente a forma que Nanami Mao resolveu encerrar a história. Bem, vamos por partes.

A protagonista da história é Hina, uma estudante universitária de vinte e poucos anos que sempre teve muito azar em seus relacionamentos amorosos. Apesar de agora ter um namorado, ela sempre se lembra de seu primeiro amor, um menino chamado Itsuki, que a defendeu quando os outros a chamavam de feia e prometeu casar com ela no futuro.  Infelizmente, Itsuki e sua família se mudaram da cidade interiorana em que Hina vive para Hokkaido e os dois perderam contato. Hina visita a avó de Itsuki, que ainda mora na cidadezinha, e fica nostálgica quando pensa nele.

Um dia, enquanto faz uma visita para a avó de Itsuki, uma mulher muito bonita e aparece, anunciando ser Itsuki. Apesar da surpresa que isso causa, Itsuki explica que é transexual, ou seja, sempre se sentiu uma mulher, apesar de seu corpo ser biologicamente masculino, e diz que ela e a Hina podem ser melhores amigas agora. Inicialmente, Hina fica chocada e é até bastante rude com Itsuki, especialmente por seus sonhos e memórias de infância serem "destruídas", mas ela acaba aceitando Itsuki, se torna sua amiga e a apoia em momentos difíceis. Isso  faz com que Hina se apaixone novamente por Itsuki, independentemente de seu gênero.

  

Até aí a história estava muito bem para mim. Hina é uma personagem bastante infantil, apesar de sua idade, mas isso não é surpresa se tratando de um shoujo. Achei muito legal como Hina desde o início defendia Itsuki de comentários maldosos. Ou como ela e o irmão de Itsuki, Hayato, o apoiaram, enfrentando os pais de Itsuki, que desaprovavam de seu comportamento. Ou como ela e Itsuki ajudaram outra transexual da cidade a se aceitar mais. Tem muitos momentos legais na história. Inclusive como Hina começa a perceber que não poderá ficar junto de Itsuki, que afirmou em vários momentos não estar interessado pela Hina romanticamente. Ela até consegue outro namorado Yuuri e sai com ele justo para esquecer Itsuki. 

O que me incomodou na história? Principalmente o final. Alguns spoilers a seguir. No final da história, após Itsuki e Hina se acertarem, Itsuki aparece com o cabelo curto (ela cortou há alguns capítulos, em função de seus pais, e estava usando extensões para que ficasse comprido), sem maquiagem e vestindo uma roupa mais tipicamente masculina. Nessa cena, ela fala que irá no salão fazer algo novo, mas que não gostava do jeito que o cabelo com as extensões ficava no vento e que saias não caem bem nele. Ela também se desculpa com Hina, por não conseguir ser um homem, e Hina responde que as coisas estão bem do jeito que estão. Muitos leitores interpretam essa cena como uma contradição de tudo que a Itsuki fez até o momento. Por um lado, é estranho mesmo como, após a declaração de amor para a Hina, ela tenha sentido a necessidade de mudar sua aparência e se mostre com uma aparência menos feminina do que a que estava até o momento. Mas, por outro lado, a própria avó de Itsuki aponta para ela no capítulo anterior que as questões de identidade de gênero/sexualidade ainda são confusas para Itsuki. Se nós interpretarmos esse final como a Itsuki explorando sua sexualidade e sua expressão de gênero, ele se torna menos problemático. Talvez se esse final tivesse sido feito de uma forma diferente ou se tivéssemos acesso aos pensamentos do Itsuki nos capítulos anteriores, talvez tivesse feito mais sentido. Também quero comentar isso: alguns leitores dizem que, por ficar com a Hina, Itsuki não pode ser transexual e é, na verdade, uma travesti/crossdresser. Eu discordo. Identidade de gênero (ou seja, o fato de Itsuki se identificar como do sexo feminino) é diferente de comportamento e orientação sexual (ou seja, ser heterossexual, bissexual ou homossexual). Não há nada de errado ou de contraditório em Itsuki ser uma mulher transsexual lésbica. Sexualidade humana é complexa, oras!

  

Bem, eu já falei demais. Apesar dos seus problemas, esse foi um mangá que eu gostei de ler e de pensar sobre. A arte é muito bonita e agradável, até me lembrou um pouco a de Ao Haru Ride. Vou dar nota "8", até porque fico muito feliz em ver um mangá shoujo tão atípico.

Tradução em inglês foi feita pelo grupo Forbidden Garden.

quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

Colorful Line

Como assim eu não falei ainda de Colorful Line?! Eu podia jurar que tinha feito um post de "primeiro capítulo" lá em agosto sobre esse mangá! Que estranho! Bem, não é novidade nem segredo o quanto eu adoro a Ichikawa Kei. Ela se supera mais a cada mangá que publica, e esse é outro excelente trabalho dela.

Nesse mangá, Shousuke sempre acaba consolando seu melhor amigo, Tomoki, quando ele termina um relacionamento, o que acontece com frequência. Tomoki se apaixona rápido e intensamente pelas garotas com que sai, mas sempre acaba sendo deixado por elas. Num dia em que essa situação está se repetindo (ou seja, Tomoki choramingando e Shousuke lhe oferecendo um ombro amigo), Shousuke, não aguentando mais guardar seus sentimentos só para si, acaba perguntando "quem você ama mais: eu ou a sua ex?" e beijando Tomoki.

A partir da confissão, Tomoki começa a dizer que está apaixonado por Shousuke, que tem dificuldades em acreditar nesses sentimentos, pois, afinal, ele viu seu amigo se apaixonar instantaneamente por quem se declara para ele e ser rejeitado por várias namoradas desde que o conhece. Assim, Tomoki decide que fará de tudo para provar para Shousuke, uma pessoa negativa e desesperançosa em relação ao amor, o quanto seus sentimentos por ele são verdadeiros.

Gostei muito da caracterização dos personagens, sendo que o Tomoki me lembra o Ino de Slow Starter e o Shousuke lembra um dos personagens de Kocchimuite Waratte. Não que isso seja um problema. Aliás, é interessante ver como a arte da autora evoluiu desde Slow Starter! Está cada vez mais bonita e refinada.

   

A premissa básica do mangá é interessante e os personagens são carismáticos. Conhecendo o histórico dessa autora em fazer coisas boas, tenho certeza que o desenvolvimento da história será muito interessante. Até o momento, estou me divertindo muito com a leitura, que é leve, engraçada e divertida, apesar de possuir alguns momentos mais sérios. Vou dar nota "9" e aguardo ansiosamente os próximos capítulos!

Eu traduzi o primeiro capítulo para o português e está em vias de ser lançado pelo BL Scanlations. Já em inglês, a tradução é dos grupos Canis Major Scanlations e Moi-xRyu Scanlations.

segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

Primeiro capítulo: Shiro no Koro

Comentário rapidinho sobre o novo trabalho de Mita Ori que está sendo traduzido. Eu ainda tenho de ler o trabalho mais famoso dela, mas a ilustração da capa de Shiro no Koro é tão bonitinha que eu não resisti.

História básica: Fujimoto é transferido da cidade de Yokohama para uma pequena cidade do interior, em função da mudança dos seus pais. Ele é muito alto, chamando a atenção de seus colegas no terceiro ano do ginasial, mas também muito quieto e tímido. Taiichi, um de seus colegas, entretanto consegue fazer amizade com ele, convidando-o para jogar basquete em sua casa. A partir de então, os dois que não podiam ser mais diferentes fisicamente - um super-alto e outro bem baixinho - se tornam grandes amigos

Entretanto, Fujimoto começa a sentir algo mais por Taiichi e o beija. Isso, somado ao fato dos colegas já os estarem chamando de gays, por andarem sempre juntos, realmente confunde os sentimentos de Taiichi por Fujimoto. Quando os pais de Fujimoto resolvem voltar para Yokohama e, consequentemente, ele terá de trocar de escola de novo, Taiichi fica aliviado por tudo voltar à "normalidade" e por não precisar encarar seus sentimentos nesse momento. Esse primeiro capítulo termina com os dois personagens, agora universitários, andando de trem juntos. Isso dá a entender que os dois se reencontraram e agora estão em um relacionamento...? Estou curioso para ver o que vai acontecer!

  

Pra ser bem sincero, eu acho que a arte é bonitinha, mas, por algum motivo, não consigo gostar muito do estilo da autora... Me pergunto o porquê, já que ela segue a mesma linha de super-fofura da Kojima Lalako, que eu adoro. Mas, enfim, acho que esse primeiro capítulo foi bonitinho, apesar de ser bem clichê (por exemplo, tanto a história principal de Aitsu no Daihomei quanto a oneshot que vem no primeiro volume são bastante similares a história desse mangá) e acho que tem potencial de ser ainda melhor, conforme a história for se desenvolvendo. Vou dar um "8" por enquanto.

A tradução em inglês foi feita pelos grupos Acme e Bunny's Scanlations.

sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

Bokura no Hentai

Me surpreendi muito com Bokura no Hentai. Fui ler porque fiquei surpreso em saber que era um mangá seinen que aborda crossdressing e transexualidade. Ainda mais surpreso por ver que Fumi Fumiko, apesar de sua arte super-bonitinha, estava disposta a tratar desses temas com seriedade e profundidade.

A história começa com três meninos do ginasial se encontrando pessoalmente, depois de terem marcado esse encontro via internet, numa comunidade de crossdressing. Cada um deles tem uma razão diferente. Parou (ou Osamu) começou a se vestir com roupas femininas para agradar um senpai heterossexual de quem ele gostava. Marika (ou Yuuta) é transgênero, se identificando como do sexo feminino, e considera que seu verdadeiro "eu" é quando está com roupas femininas. Já Yui (ou Ryousuke) começou a se vestir com roupas femininas em função do falecimento de sua irmã, pois sua mãe não aceita que sua filha, a verdadeira Yui, tenha morrido. Parece simples, né? Eu também achei que era, mas a história vai se aprofundando nesses três personagens, que estão cercados por coadjuvantes interessantes.

Parou tem uma relação de amor e ódio com esse senpai, o que é explicado quando ele relembra uma memória traumática de infância, que é a base para todo seu comportamento. Ora Parou é um personagem legal, ora ele se torna um grande sacana (para não dizer palavrões nesse blog) motivado a "sujar/manchar" o (a) inocente Yuuta/Marika, e ora ele se mostra vulnerável e pede por socorro. Eu estou curtindo as interações dele com a Akane, a amiga de infância do (a) Yuuta/Marika, que é a personagem mais fofa dessa história. Apenas me preocupo com as motivações dele. Já em relação ao Yuuta/à Marika, os principais conflitos são em relação à sexualidade, à puberdade (especialmente no que tange a transformação do corpo e a mudança da voz) e à autoaceitação. E o Ryousuke sofre por ver sua família em ruínas, sua mãe em um estado psicológico cada vez pior, e por sua própria incapacidade de resolver a situação. Ainda bem para ele que há a presença da Hacchi, sua namorada e grande salvadora da pátria (eu aplaudi mentalmente as ações dela no último capítulo traduzido).

Alguns pontos desse mangá são clichê (tipo a de assumir a identidade da irmã falecida. Eu já li esse enredo até num mangá hentai que eu li há muiiiitos anos!), mas a autora soube como escrever uma história tão densa e pesada com maestria. Ela também se mostrou comprometida com o assunto que resolveu trabalhar, pois no posfácio ela comenta ler livros sobre o assunto e ter entrevistado pessoas trans e médicos que trabalham com isso. Parabéns para ela pelo comprometimento com seu trabalho!

  

Eu estou curiosíssimo para ver onde essa história vai acabar. No capítulo mais recente, dois grandes conflitos da história parecem ter se resolvido ou estarem num processo de serem resolvidos... Mas isso também pode significar que novos problemas e situações podem acontecer. A arte é bonitinha, como eu disse. Não é do meu estilo favorito (longe disso, na verdade), mas é agradável e, surpreendentemente, combina com a história. Vou dar nota "8" e, a partir de agora, irei acompanhar essa série com afinco!

A tradução em inglês é do Hachimitsu Scans (é claro!).
P.S.: Quem me recomendou essa história foi um cara no Omegle! Quem diria que seria tão bom! Fica um agradecimento para esse desconhecido, apesar de que eu acho que ele não iria encontrar esse blog.