quarta-feira, 6 de agosto de 2014

Tsuki to Yabanjin

Nós podíamos facilmente descrever Tsuki to Yabanjin para "mangá yaoi genérico se passando em país fictício genérico nas Arábias com personagens genéricos", mas isso seria maldade, então vou comentar um pouco mais sobre esse mangá da autora Sera

Desde que era criança, o príncipe Uriel sempre sonhou em procurar pela cidade perdida de Rowadis, que, diz a lenda, está localizada em algum lugar distante no deserto. Seu servo, Alvie, foi quem lhe contou tais histórias e também quem conseguiu, em segredo, organizar uma viagem para Uriel conhecer o país Shimua, onde dizem que as ruínas de Rowadis estão localizadas. Entretanto, lá ele descobre que os arqueólogos de seu pais estão roubando e contrabandeando artefatos arqueológicos de Shimua e acaba sendo preso junto deles. Nisso, ele conhece Aldgr, o líder do clã Seldira, que acaba ensinando para Uriel sobre seu povo, sua cultura, sobre os artefatos arqueológicos... Bem como decide que o corpo de Uriel lhe pertence e que o quer do seu lado.

A premissa básica "estrangeiro vai pra Arábia, é raptado, se apaixona pelo cara que o raptou" é clichê pra caramba, sendo, praticamente, um atestado de "mangá yaoi genérico". O Aldgr não é de todo ruim, entretanto. Ele é o típico Tall, Dark and Handsome Stranger que é um tipo de personagem usado para caramba, sobretudo nos romances. Já o Uriel é tão, tão sem graça, apesar de se encaixar também no arquétipo típico de "dama indefesa, mas com um forte senso de moral". Acredito que esse mangá seria muito mais interessante se tivesse os personagens secundários como protagonistas. Temos o Alvie, o servo e protetor do Uriel; Badis, o braço direito do Aldgr; e o príncipe Madeek, que é o regente de Shimua. Todos eles parecem ser bem mais interessantes que o casal de protagonistas. De acordo com o que eu li por aí, a edição limitada desse mangá no Japão veio com um material extra sobre o Badis e o Alvie, o que me deixou muito interessado. 

Não me entendam mal, eu acho que esse mangá tem seus méritos. Em primeiro lugar, foi interessante o personagem principal ter uma motivação interessante (no caso, pela arqueologia). Em segundo, foi legal a autora ter abordado uma temática séria e real como o roubo de artefatos arqueológicos dos países do norte-africano pelos europeus no passado (e não só no passado). Esse é o tema inicial que impulsiona todo o relacionamento entre os personagens e várias mudanças no pensamento do Uriel. Além disso, tinha toda a questão sobre o Uriel ser o príncipe amaldiçoado do país dele e tal, que foi apresentada em alguns momentos e imediatamente empurrada para debaixo do tapete.

  

A arte é muito, muito bonita e detalhada. Os cenários, as vestimentas, as cenas com os personagens a cavalo... Tudo foi muito bem desenhado. Também fica a dica que esse mangá, além de ser bem explícito, teve o trabalho do scanlator estrangeiro que o descensurou nos primeiros capítulos. Vou dar nota "7", porque não é um mangá ruim... E podia ser bem melhor, trocando os protagonistas e desenvolvendo melhor alguns pontos do enredo.

Tradução em inglês foi feita pelo Blissful Sin.

2 comentários:

  1. Oi Faust,

    Comecei a rir logo no primeiro paragrafo do post! Eu li este mangá, mas não lembro muito ^^' - já faz um tempinho e estas histórias meio genéricas são complicadas de se gravar na memória.

    Olha, a fórmula:
    Estrangeira (Linda, Branca e Loira)²+Rapto+Árabe Gostosão(Rico+de preferência Sheik do petróleo)+ Síndrome de Estocolmo = (Amor)²
    É plot da maioria dos romances Harlequin (e muita gente baba neste tipo de trama) então nunca fui muito chegada. Acabei desistindo de procurar coisas diferentes lá.

    Já no caso de mangás yaoi leio porque gosto de ver como cada autora lida com esses relacionamentos num background tão machista quanto a cultura árabe.

    bjs

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Oi, Naelyan!

      Bem por aí, as histórias acabam seguindo uma fórmula, uma receita. Não há nada de errado em lidar com o clichê, o problema é quando a coisa é genérica de tão clichê. :/ Se tu for pensar bem, muitos filmes, livros e mangás românticos seguem esse enredo.

      Aí que tá: as autoras lidam com esses relacionamentos na cultura árabe da mesma forma que o fazem com todas as outras culturas. Ou seja, ignoram o contexto sociocultural. A história só se passa na Arábia porque a autora ilustrou um lugar que vagamente lembra o Oriente Médio ou o Norte Africano. Mas esse lugar representa algo da cultura árabe? Não creio. Isso me chateia na maior parte dos mangás em que o autor se arrisca a falar sobre um país/cultura, sem nem ao menos se dar trabalho de saber do que está falando. (Vinland Saga e Historie são dois seinen em que os autores se deram o trabalho de pesquisar. Aí você vê a diferença, quando comparados aos mangás genéricos que representam uma pseudo-cultura exótica).

      Tá, chega! Falei demais!!! hahaha
      Um abraço,

      Faust

      Excluir